Capitulo 36

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   Um ruido torna-me obrigada a acordar.

  Coloco as minhas mãos para fora dos cobertores e sinto a minha cabeça latejar. Era como se eu estivesse bêbada e mal conseguisse abrir os olhos. O meu corpo pesava-me como nunca me pesara. O meu coração doía-me de uma maneira que nunca me doera. Viver custava-me como só uma vez na vida me custara.

  Depois de jantar através do serviço de quartos, deitei-me novamente na cama. Era incompreensível o sono que eu continuava a ter depois de horas a dormir. Eu sentia-me completamente cansada, arrasada.

  Dou por mim sem perceber o porquê do quarto não estar iluminado mas, principalmente, o porquê do meu telemóvel não transmitir a luz que deveria.

  É então que algo cai em mim como um furacão e eu me dou conta da possível realidade. Olho o quarto em redor. Escuro. Nada de luz do dia. Nada do ruido que eu pensara ser do meu telemóvel. Agarro repentinamente no mesmo. As minhas mãos tremiam, sem eu me dar conta, o meu coração parecia querer saltar-me do peito e o meu corpo estava já ligeiramente suado.

  Os meus dedos percorrem a parte superior do objecto, na procura do botão que ligaria o telemóvel. Quando finalmente encontro o mesmo, posso receber uma iluminação ofuscante para os meus olhos, naquele momento. 04:37h.

  “Não…” sussurro e quando dou por mim sinto algo passar mesmo à minha frente, quase tão perto que raspava na minha cara e a minha pele arrepia-se “Outra vez não” lágrimas já percorriam o meu rosto

  Lanço a minha mão para ligar o candeeiro, mas um estrondo ocupa o espaço e dou conta que acabara de deixar cair o mesmo.

  O meu corpo debruça-se na cama, para tentar agarrar a ficha do candeeiro, que teria sido puxada da tomada. Os meus dedos deslizavam pelo chão desorientadamente e pouco depois consigo agarrar o que procurava.

  Enquanto agarro a ficha, ela cai-me entre os meus dedos tremelicantes e eu grito em frustração. Volto a agarrá-la, juntamente com o candeeiro, e saio da cama, tentando colocar a ficha no seu devido lugar.

  Gotas de suor começavam a ocupar ainda mais a minha testa e eu sou completamente distraída pelo seu som. Eu sabia que era ela, de novo.

  Desisto da ficha e corro até à entrada do quarto, com a ideia de puder ter claridade predominante em todo o quarto, mas as minhas pernas embatem contra algo duro e eu gemo, de imediato, de dor, caindo no chão.

  Ouço-a de novo, mas ela parecia por momentos mais forte. Eu não conseguia explicar o porquê e como o sabia, mas era isso que estava a acontecer.

  Pequenos soluços começavam a acompanhar o meu medo e lágrimas. Sentia tudo à roda, apesar de escuro ser a única coisa que conseguia ver. E se calhar era isso que mais me assustava. Aquilo que eu sentia, mas não via. Eu sabia o que ia acontecer. Aqueles eram os sintomas, mas eu tinha que ser forte e lutar até ao fim.

  Tento esquecer a dor constante na minha perna direita, afastando-me da cama e correndo até à porta, onde posso de imediato ligar a luz. Viro-me repentinamente para trás, de forma a olhar alguma parte do quarto. A minha pulsação acelerada e a minha respiração tremula.

  Nada. Silêncio e nada era o que eu sentia e, desta vez, via.

  Dou um passo à frente. Nada novamente. Caminho lentamente. Eu estava maluca. Como é que era possível algo entrar e sair assim do quarto? Mas apesar de tudo ela não podia ser da minha imaginação. Eu via-a.

  Chego à beira da cama e sinto-me arrepiar. Os meus olhos fecham-se sem eu mesma puder controlá-los. Ela ainda estava ali. Os meus pés rodam parando a casa passo e observo o sítio da entrada do quarto. Viro-me para a janela e, quando volto a olhar a entrada, é como se sentisse uma dor forte, capaz de me empurrar e nesse momento o meu corpo cai contra o colchão e eu desligo-me.

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