Capitulo 60

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  Continuava a esperar por Harry, balançando numa cadeira preta. O escritório era relativamente pequeno, havia espaço apenas para uma secretária e utensílios demasiado sofisticados, algo como de um laboratório.

  Ouço um mínimo barulho, uma chave numa fechadura e levanto-me de imediato. Certamente podia ser Harry, mas eu duvidava que ele fosse o único a ter a chave deste lugar. Encosto-me na umbreira da porta e espreito por uma mínima frecha da mesma.

  "Blair" ouço a sua voz sussurrar e logo saio dali

  "Harry" corro para ele e abraço-o pelo tronco

  Foi algo instantâneo, mas por algum motivo eu pensei mil e uma vezes que ele poderia não voltar e eu tivesse de ficar ali durante horas até alguém finalmente me descobrir e quem sabe matar-me.

  "Agora vamos sair daqui" agarra o meu rosto

  "Vai correr bem?"

  Não, eu sentia que não.

  "Tu vais sair daqui Blair, por mais que eu tenha de tentar" o seu verde está como eu nunca o vi, ele tinha medo?

  Ele deixa-me quando se dirige rapidamente ao computador. Abre um novo programa e as letras pareciam incógnitas ali. Elas mexiam-se rápido conforme cada tecla em que ele clicava. A mão de Harry pousa sobre um instrumento que imite uma luz de cima a baixo, na sua pele. Uma luz verde aparece.

  "O que estás a fazer?"

  "Eu preciso de abrir as portas de segurança"

  "São muitas?"

  Eu não tinha a mínima ideia do que teria de ultrapassar, tanto podiam ser dois corredores como cinquenta deles.

  "Algumas, mas elas não são o problema"

  "Então qual é?" digita mais alguma coisa e logo me encara

  "Chegar até elas" respiro fundo

  Isto ia ser impossível. Portas de segurança... se havia disto então certamente também haviam homens por aí, tal como os de todas as manhãs. Tal como o que matou Eveline, por minha causa. Eu não podia viver a partir daqui, tudo isto fez-me sentir algo fora de um ser humano.

  "Nós não vamos conseguir" encosto-me brutamente contra a maca, sentindo a minha garganta apertar

  "Vamos sim"

  Circula a minha cintura e eu posso sentir a sua respiração contra a minha testa baixa. Ele não fazia isto há tanto tempo, para mim, parecia-me semanas.

  "Como é que podes ter tanta certeza?"

  "Nós não estamos sozinhos"

  Não? Talvez as outras mulheres, assim haveria possibilidades de fugirmos. Por mais que aqueles homens fossem, nada se compararia à quantidade de pele feminina espalhada arrogantemente por estas celas imundas.

  "Vamos todas fugir?"

  "Não, mas eu tenho mais quatro pessoas que me estão a ajudar. Eles vão tratar-se de impedir surpresas desagradáveis"

  Que surpresas desagradáveis? Eu não ia conseguir aguentar isto, eu sentia que assim que passasse para lá daquela porta um monte de homens quase do tamanho das paredes deste sítio iam sair em direção a nós, prontos a fazer-nos tudo aquilo que fizeram com a pobre Eveline.

  Mas eu não podia sair daqui sozinha e deixar todas as outras a sofrerem. Christina, ela tinha sido fantástica comigo mesmo sem me conhecer. Havia Zoe, por exemplo, mas mesmo com o mal que ela me fez naquele dia, ela não deixava de ser um ser humano com nódoas negras no corpo e que necessitava de liberdade.

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