Capitulo 53

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     No fim do capítulo, a parte a itálico é narrada pelo Harry. Boa leitura.


Ouço uma voz feminina transmitir a todo o avião que teriam de ser apertados os cintos de segurança, assim como outras regras que teríamos de respeitar durante o voo. Não tomo muita atenção ao que ela fala e pareço não ser a única.

  Estava num lugar junto à janela, Harry a meu lado e por fim uma senhora talvez com os seus 40 anos, morena e magra, de rosto bonito. Minutos depois posso sentir o avião tomar finalmente movimento e olho tudo o que passava por mim, do lado de fora, cada vez a mais velocidade. Só andara de avião uma vez e a sensação parecia-me desconhecida, parecia-me como a primeira vez, tendo essa sido há muito tempo. 

  Eu não tinha muito medo de alturas, a única coisa que me parecia incomodar num avião era o facto de estarmos fechados e se precisarmos de alguma coisa, não ser apenas abrir a janela ou sair como aconteceria num carro. Considerava-me um pouco claustrofobia, espaços fechados deste género nunca foram a minha preferência.

  Havia sempre aquele receio de o avião cair. Em pequena, eu não pensei muito nisso mas agora a ideia parecia ter mais sentido. Algo ia acontecer, nestes últimos três dias eu não consegui pensar noutra coisa, as possibilidades de a culpada não ser eu eram poucas e eu sentia a cada hora que passava um peso cada vez mais forte em mim por isso, mas podia sempre acontecer um acidente de avião ser a causa da desgraça imprevista.

  Calma Blair, sê positiva pelo menos uma vez na vida.

  Encontro facilmente a mão de Harry e quando os nossos dedos se entrelaçam, ambos os nossos olhares se fitam.

  "Vai correr tudo bem"

  Eu não consigo perceber se ele se refere apenas ao voo, não parecia ser só isso. Mas certamente seria, certamente era apenas a minha mente a complicar as coisas simples, como ela sempre fazia.

  Aceno. Sim, eu esperava que corresse tudo bem nas próximas longas horas. Encosto a minha cabeça no banco e tento relaxar, dormir até, conseguindo alcançar tal coisa tempo depois.

 

  Algo me abana de uma forma calma e eu sou levada a acordar. Os meus olhos captam primeiramente um banco cinza à minha frente e recordo-me que estava num avião. Harry estava na ponta do seu banco e sorria abertamente, enquanto várias pessoas se movimentavam e agarravam sacos e mochilas no corredor.

  "Chegamos"

  A janela ao meu lado dá-me a visão do grande aeroporto brasileiro mas consigo captar algumas montanhas, assim como casas, a formar o horizonte, iluminadas pelas luzes da rua. Rio de Janeiro.

  Esperamos que quase toda a gente passe para pudermos retirar as nossas coisas. Encontramo-nos depois na parte de fora do avião e o longo espaço de chão cinzento é pisado por mim, no fim das escadas do transporte.

  Cerca de um quarto de hora depois as nossas bagagens estavam já connosco e já apanháramos um táxi até ao hotel que Harry marcara. Eu mal podia esperar para puder chegar aquele que seria o nosso quarto por estes dias, eu sentia-me completamente cansada ainda depois de horas a dormir.

  Parecia-me como há um mês atrás, onde eu por mais que dormisse parecia nunca encontrar um ponto de descanso corporal e mental. Ainda assim, estava longe de ser a mesma coisa.

  A nossa viagem começa a encontrar zonas com vários edifícios e tudo me parecia diferente. Era de noite, talvez quase um novo dia, mas as ruas eram completas com gente. Elas pareciam alegres, mesmo sabendo que a maioria das famílias do país passavam por dificuldades graves. Aqui não era como os sítios onde eu estava habituada, não parecia haver tanto preconceito ou preocupação com o que os outros poderiam pensar. As pessoas falavam alto na rua, riam despreocupadamente e isso não parecia incomodar qualquer outra, porque todos eram assim. Certamente alguns se queixavam ou não levavam uma vida alegre desta forma, mas era incrível como estas pessoas conseguiam viver com tanta tranquilidade.

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