A sua barriga peluda e suada cai sobre a minha faminta. O seu corpo pegava-se ao meu, como se houvesse cola entre nós e eu tento afastar-me, mexendo e remexendo-me debaixo do seu peso, sentindo uma dor aguda nos meus peitos dolorosamente espalmados. As suas mãos param na minha bacia e ele ferra as suas unhas na minha pele, fazendo-me parar de imediato e choramingar de dor. Este homem era o maior monstro que eu podia imaginar existir, nem os dragões e bruxas mais cruéis dos filmes animados que eu contemplava em criança e me repugnavam nessa altura, conseguiam ter uma décima parte desta maldade, longe disso.
"Foi bom?" geme ao meu ouvido, o seu nariz a roçar através do meu pescoço e a fazer-me tremer
Eu tinha medo do que ele ainda poderia fazer. A memória escura de quando os meus pulsos foram finalmente libertados, depois de toda a minha intimidade se queixar, e o meu corpo virado ao contrário na cama, sendo eu mandada ficar de joelhos, era horrível. Quando as minhas mãos tremelicavam sobre a madeira da cama onde eu apoiava o meu corpo dormente, fraco, quase inconsciente, à espera de uma nova dor atingir as minhas costelas. Sentia toda essa parte da minha pele, agora, quente, como só as brasas conseguiriam estar, a probabilidade de sangue a fugir pela minha pele clara mas a sensação a ainda não existir. Foram sete as vezes que contei, seis segundos entre a primeira e a segunda, quatro entre a segunda e a terceira, cinco entre a terceira e a quarta, dois entre a quarta e a quinta, eu chamei-o de monstro, não o devia ter feito, três entre a quinta e a sexta, mantive-me calada e isso valeu-me de quatro segundos entre a sexta e a sétima final. Ele pergunta-me se tinha sido bom. O meu maxilar tremia para conter todos os palavrões menos indesejados pelos seus ouvidos nojentos, por todo o seu ser nojento. Ele perfura debaixo do meu corpo e eu tremo de medo quando sou lentamente elevada, sinto a sua respiração perto da minha face. A sua mão cai na minha bochecha, coberta de lágrimas secas e molhadas, sofridas e vencidas. Um peso a menos na cama. Respiro fundo, mas o meu expirar torna-se trémulo e descomposto. Um tecido passa a minha cabeça, sentia o seu início de cheiro suado, o gasto de linhas e lã barata, usada. As minhas pernas são levadas para fora da cama e logo são cobertas pelas calças de elástico. Tremo com a sensação, não era muito o quente, cinco em cem por cento, mas esses cinco valiam-me de muito em comparação aos menos trinta e mutuamente cinquenta que pareceram existir nas últimas horas, quem sabe dias. Lábios grossos, peles descuidadas, caem sobre os meus sem qualquer tipo de aviso. Recuo inicialmente mas a minha cabeça é puxada de volta ao sabor a fritos da sua boca. Acidentalmente os seus lábios separam-se dos meus e eu não tenho qualquer tempo de resposta quando dois dos seus dedos imundos entram na minha boca e algo pequeno e redondo é lá depositado. Um comprimido. Posso lembrar-me dos que Zayn me deu e por algum motivo eu penso se eles não eram iguais a estes. Assim, seria algo bom, mas era impossível esperar algo positivo do ser à minha frente.
"Engole isso"
A sua mão rodeia o meu pulso com força e eu inspiro mais pesadamente com isso, não dando pelo momento em que já não tenho nada na boca. Isto era droga, isto certamente era alguma dessas porcarias e eu não tive oportunidade de escolha em engolir aquilo. Agora era esperar, mas duvidava que o que viria seria assim tão pior que tudo isto.
"Foi bom estar contigo, Blair"
E quando ele menciona o meu nome isso é-me familiar. Eu conhecia-o, eu sabia que sim, mas havia algo de diferente que parecia tão grande a ponto da pessoa se tornar irreconhecível para mim. Eu tinha de descobrir quem era este homem, quem eram todos eles. Tinha esperança em apenas uma coisa. Vingança. Nela eu tinha esperança e, se eu conseguisse sobreviver a todo este inferno bem real, eu iria fazer com que essa palavra de justiça mas ainda assim com um pingo de crueldade, para mim, se torna-se em atos. Eu queria que cada um destes homens sofresse aquilo que eu sofri e eu nunca imaginei-me a desejar mal a alguém porque talvez nunca percebi o porquê de retribuir aos outros o que nos fizeram de mal, mas agora eu posso perceber e fico frustrada pelas vezes em que possivelmente alguém se ficou a rir de mim depois de eu me manter quieta no meu mundo, onde o mal aos outros não existia. Agora eu percebia a vingança, o pagar aos outros na mesma moeda, percebia como o mundo é realmente cruel, e eu ia finalmente entrar de cabeça fresca nesse mundo, ia finalmente tornar-me uma habitante dele, porque eu ia ter vingança como nunca tive, como nunca ninguém teve.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Shadow-Haunted
LosoweEsta é a história de Blair, uma rapariga que, na pior fase da sua vida, passa a sofrer de algo surreal, e Harry, um rapaz aparentemente normal, mas com um grande segredo, capaz de destruir todo o amor que ele possa criar. Eles vão mudar a vida um d...