Harry levou-me de novo até casa. Eu precisava urgentemente de descansar, não só porque teria um voo no dia seguinte e antes disso ainda teria um longo dia de trabalho, mas também porque toda aquela conversa com Harry me deixou fraca.
Falar da minha mãe deixou-me triste de novo, assim como falar do fim. Eu estava frágil, tudo aquilo que me tinha acontecido nos últimos meses tornou-me assim, é demasiado para mim e para qualquer pessoa, por mais forte que ela seja. Não é normal aquilo que me tem acontecido, e eu sinto-me sem forças não só psicológica mas também fisicamente.
Depois de o meu pijama aquecer todo o meu corpo, abro a cama e aconchego-me na mesma. Sinto de imediato as minhas costas a relaxarem. Encaro o teto, meio iluminado pela luz do candeeiro. Uma vontade súbita de chorar toma conta de mim, mas eu tento ser forte.
Harry foi especial para mim naquela noite.
Eu ainda pensava na sua conversa com Gemma, uma conversa estranha e que ateimava em não sair da minha cabeça, mas afinal de contas, eu fora referida no seu diálogo, por isso não posso simplesmente esquecer o assunto. Isto seria mais uma coisa que eu teria de falar com Harry, mas planeava isso acontecer apenas depois de chegar de Nice.
Mas apesar dessa conversa e ainda do motivo do sorriso de Harry quando eu lhe disse o meu suposto motivo de andar no psicólogo, ele não deixara de ser especial para mim.
Eu desabafei com ele tal como desabafava com a minha mãe sobre o fim. E para além disso, ele ainda me ouviu falar de minha mãe e ajudou-me a suportar a dor, ao estar ao meu lado, e não desamparada como eu estive quando este assunto rebentou na minha vida.
Resolvo que por aquele dia chegava. Solto um suspiro que não sabia que guardava, o meu peito desce drasticamente. Apago o candeeiro ao meu lado e viro-me na cama, colocando uma mão debaixo da almofada e outra sobre a mesma, com a minha cabeça sobre elas.
O despertador avisa-me que teria de acordar. Estico-me desligando o mesmo. Respiro fundo, preparando-me mentalmente para um novo e grande dia. Era hoje que eu podia chegar a algumas respostas sobre algo que nem eu sabia o que era ao certo.
Colocara o meu despertador para mais cedo, para puder ter mais tempo para me despachar, sem pressas. Vou até à casa-de-banho. Tomo um duche numa tentativa de me fazer sentir leve, de me livrar de alguma da sensação já um pouco familiar que pesava em mim, a sensação de cansaço e dor.
De volta ao meu quarto, dispo o roupão e visto a minha roupa interior. Abro as portas do roupeiro e tiro umas jeggings pretas e uma camisa da mesma cor. Tiro de um dos cabides da ponta um casaco comprido de pêlo, cor castanha e dois bolsos. Vou à minha sapateira e agarro nos meus sapatos estilo Oxford brancos e pretos. Visto umas meias de licra e em seguida a roupa escolhida protege o meu corpo, acabando por calçar os meus sapatos.
Desço as escadas, com o meu casaco no braço. Pouso-o sobre o sofá e vou até à cozinha. Tinha bastante fome. Preparo duas torradas e uma caneca de leite. Após satisfazer o meu estomago e sentir-me ligeiramente melhor, vou vestir o meu casaco. Ele era sem dúvida quente.
Hoje a minha roupa transparecia o meu estado. Eu estava esquisita. Tinha uma estranha vontade de ver Harry. Por algum motivo acordei a pensar que, talvez, ontem o tivesse magoado ao rejeitá-lo. Eu não sei o porquê disso, visto que coisas intimas entre nós já aconteceram uma vez, mas eu senti-me mal por momentos e que talvez estivesse a ir demasiado rápido.
Ou talvez o meu medo fosse apenas um e eu o estivesse a tentar empurrar para o fundo da minha mente. Eu não lhe estava a ser fiel, mas apesar da gravidade disso, isso era o menos. Eu não me podia apaixonar por ele. E se eu algum dia a vir ao pé dele?
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The Shadow-Haunted
RandomEsta é a história de Blair, uma rapariga que, na pior fase da sua vida, passa a sofrer de algo surreal, e Harry, um rapaz aparentemente normal, mas com um grande segredo, capaz de destruir todo o amor que ele possa criar. Eles vão mudar a vida um d...