Capitulo 37-POV Harry

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  Blair acariciava o meu rosto enquanto me olhava concentrada. Dava tudo para saber aquilo em que ela pensava, não só naquele momento, mas sempre. Os seus olhos azuis, tão lindos como o mar, a perfurarem os meus. Ela era tão linda. E isso custava-me, porque eu não a queria perder e eu sabia que, mais tarde ou mais cedo, isso iria acontecer. É por isso que não existem para sempres.

  “Já comeste?” ela parece finalmente acordar e eu deixo, também, os meus pensamentos

  “Sim” relembro-me do jantar que tivera, mais uma vez sozinho “Tu jantaste?” Blair não responde e eu posso levar isso como um sim “Ouve, tu tens de te alimentar” repreendo-a

  “Eu não tinha fome, foi só isso”

  Sinto-me ficar nervoso. A sua resposta era uma mentira, era sempre esta a inventada. Eu tinha de tratar de todo este assunto urgentemente, eu não posso continuar a namorar com a Blair com medo daquilo que lhe possa acontecer.

  Eu já preparara tudo para verificar os voos feitos para Nice nos últimos três dias, isso era um começo. Tinha ainda de saber se ela esteve hospedada em algum hotel ou algo do género e, se isso não tiver acontecido, eu vou ter motivos para me preocupar.

  “Vai comer” digo apenas e beijo a sua testa

  Ela sorri. Duas covinhas nascem nas suas bochechas, o que me leva também a sorrir. Observo-a a passar atrás do sofá. Cada passo que ela dá é observado por mim, cada detalhe do seu corpo e postura. Eu tinha tanto medo.

  Quando deixo de a ver, apresso-me a agarrar no meu telemóvel.

  “Estou?”

  “Eu preciso de ti”

  “A tua namoradinha não te dá prazer suficiente, é?” a sua voz irritante entra nos meus ouvidos e eu só sinto nojo

  “Não te armes em parva comigo e ouve-me”

  “Sempre no controlo, não é?” não respondo e espero que a onda de estupidez deixe a rapariga, era impressionante o quão simpática ela podia ser e logo no minuto a seguir uma cabra de primeira “Diz lá o que foi desta vez”

  “Eu preciso que procures o nome Blair Morison em todos os hotéis, pensões e alojamentos públicos de Nice, no registo deste fim de semana”

  “A menina já te está a fugir da trela? Foi rápida ela…”

  “Eu não vou fazer nada que a coloque no mesmo lugar em que tu estás neste momento” sei que finalmente a consegui calar, a linha fica silenciosa por momentos

  “Queres isso para quando?”

  “O mais rápido possível”

  “Mais alguma coisa?”

  “Não, o resto já tenho pessoas a tratar”

  “Ficas-te mesmo apanhadinho desta vez”

  “Isso não é da tua conta” desligo o telemóvel

  Olho para trás de mim e posso receber a confirmação de que Blair ainda não sairá da cozinha. Levanto-me e vou até ela. Encosto-me à umbreira da porta a observá-la.

  O seu cabelo longo e ondulado caia-lhe sobre as costas. O seu corpo estava junto à bancada e as suas mãos mexiam na preparação de um chá. Aquilo era pouco para ela comer. Observo a sua estatura. Ela estava magra, demasiado para mim, mas eu tento acreditar que isso era apenas a minha imaginação e que nada do que eu temia tivera acontecido.

  Caminho até ela. As minhas mãos pousam à volta da sua cintura e o seu corpo estremece ao meu toque.

  “Sou eu” sussurro ao seu ouvido e posso ver toda a pele do seu pescoço arrepiar-se, ela era tão vulnerável em relação a mim

The Shadow-HauntedOnde histórias criam vida. Descubra agora