Capitulo 74

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  Eu agradecia imenso, imenso mesmo, que lessem este capítulo com estas músicas. Boa leitura!

- Birdy-Wings

- Coldplay-The Scientist

- Birdy-The a Team


A vida é uma montanha russa, com zonas altas e zonas baixas, umas seguidas às outras sem que nós as possamos prever, sem que nos possamos preparar para elas. A minha montanha russa tem tomado uma linha reta no lugar mais baixo que possa haver, no subsolo do próprio subsolo. Por vezes a ideia de morte cai na cabeça de cada um de nós, isso pode acontecer a qualquer momento, às vezes parece até surreal o não haver um porquê do instante a que isso acontece, não haver qualquer motivo. Nos últimos dias esse motivo é algo tão aparente...

Sentia as mãos cortadas, de cada vez que o meu corpo se contorcia e as algemas batiam contra a minha pele. As minhas costas pareciam-me algo aterrorizante, dava-me conta de elas formarem um arco enquanto eram derrotadas pela dor mais inacreditável que podia existir. É aí que essa deixa de haver. A pele do meu pescoço estava molhada, sentia os olhos inchados. Se tivesse finalmente acabado eu poderia rezar em agradecimento. Vejo, com a cabeça entre os meus braços e corpo derrotado no chão, os seus joelhos chocarem com o chão sujo a meu lado. O seu rosto cai em cima do meu cotovelo, ele cheira o meu pescoço profundamente, atira o meu cabelo para o lado oposto e eu estremeço com o seu toque, parecia que a qualquer momento poderia voltar com aquele chicote e continuar a minha tortura.

"Porque é que não podes apenas obedecer-me?" suspira contra a minha pele, era nojento "Seria tudo tão mais fácil..." tento conter soluços da minha parte, estava apavorada

Num instante ele arranca a minha camisola do corpo, sinto o tecido raspar em mim e estou sem ele em segundos, a fúria que o homem tomou de repente era assustadora. Descansa. Sinto a ponta dos seus dedos nas minhas costelas e empurro-me para o lado. Não queria que ele me batesse, queria ver-me longe dele, eu estava capaz de qualquer coisa para isso.

"Não te afastes bebé" sussurra quando se abraça ao meu corpo, a pele das suas mãos contra a toda do meu tronco era horrível "Olha bem o que te fiz..." os seus dedos passam por toda a minha coluna e eu arrepio-me

Levanta-se. Seria o fim? Quantas vezes eu já me perguntei isso, em cada intervalo, por mais pequeno que fosse, de cada chicotada. Ele era um monstro... onde é que eu poderia imaginar que haveria alguém assim? Há umas chaves a fugirem do seu bolso e elas estão depois nos meus pulsos. A minha respiração era quase inexistente, mas de cada vez que eu a fazia, ela era totalmente profunda, doía-me o peito. Estou livre, por fim. Deixo-me na minha posição, sentia que não me conseguia mexer. Encosto a cabeça onde estive presa, aquela espécie de pedra. Tento manter os meus olhos abertos, era uma sensação tão estranha... parecia que no momento em que eu os fechasse, nem que fosse apenas para pestanejar, eu iria adormecer e nunca mais os podia voltar a abrir. Talvez seja isso que todos sentimos a um momento da vida, medo de, em sono profundo, nunca mais podermos voltar a acordar, tomar a rotina dos dias, ouvir as vozes do mundo, os sons da natureza, tudo o que de mais belo nos possa rodear. Agora isso acontecia-me, este espaço era tão escuro, sombrio, era como se eu estivesse no inferno com este homem, o mal de ter traído a única pessoa que sobe amar a condenar-me a vida. Quão mal é que ele fez às mulheres deste lugar? Seria ele capaz de alguma vez pegar num destes instrumentos e torturá-las, quase tirar-lhes a vida? Essas imagens eram horríveis, insanas. Ele violou alguém enquanto estava comigo, essa ideia perseguia-me como a minha própria sombra. Eu estive tão concentrada neste rapaz, eu iludi-me tanto nele, deixei que a minha vida se torna-se nele, e por fim fui enganada. Lágrimas percorrem o meu rosto, sinto soluços deixarem os meus lábios.

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