Eu sabia que o meu pai não era propriamente a melhor pessoa do Mundo, mas nunca esperaria algo como o que ele dissera.
A imagem dos quadros de minha mãe percorre os meus pensamentos e aí sim, eu começo a achar tudo muito estranho.
Aquele quadro, o que mais me chamara a atenção.Eleestava lá, eu conheci o seu rosto naquela pintura. Todos os quadros retratavam o fim de minha mãe e com o que acabara de acontecer, eu apenas pensava numa coisa. Numa coisa que me aterrorizava completamente. Foi ele que a matou. Foi o meu próprio pai que a matou, era a única explicação. Mas então e o outro rosto? Quem seria aquela pessoa?
Alguma da luz que transpassava pelo meio das cortinas de meu quarto, fez com que eu acordasse do meu longo descanso. Rodei o meu corpo de maneira a encarar o teto.
Debrucei-me um pouco e olhei para o pequeno relógio que se encontrava sobre a mesa-de-cabeceira e este marcava as 10:43h. Bocejei, empurrei as mantas um pouco para baixo e o meu tronco embateu contra o ar frio do quarto. Lentamente me levantei. Calcei os chinelos que se encontravam ao lado da cama e caminhei até ao piso de baixo enquanto esfregava os olhos e alguns bocejos ainda eram largados.
Passada a porta da cozinha, abri o grande armário ao pé da mesma e de lá retirei o meu habitual pequeno-almoço. Cereais. Coloquei-os dentro de uma taça, seguido de algum leite e após ir buscar uma colher à gaveta de baixo do microondas, sentei-me num dos altos bancos que se encontravam à frente da bancada central da cozinha. Levei uma colher de cereais à boca, e enquanto os trincava e ouvia o barulho das crocantes pétalas de chocolate a desfazerem-se na minha boca, deixei que o som fosse misturado com os meus pensamentos.
Viajei até ao dia anterior. Estranhamente, não tivera nenhum ataque, não tivera visto aquela sombra. Apenas uma ligeira dor de cabeça depois da minha discussão com o meu pai. E então eu penso. Será que aquele ser apenas aparece quando tem razões para isso? Será que há algum motivo para eu ver aquela sombra?
O toque do meu telemóvel interrompe os meus pensamentos. Pouso a colher dentro da taça à minha frente e vou até ao bengaleiro de entrada.
Desbloqueio o aparelho e vejo que tinha uma mensagem de um número desconhecido. Abro-a. “Daqui a uma hora passo em tua casa a buscar-te. Harry.” Um pequeno sorriso forma-se no meu rosto ao saber que ainda iria estar com o dono das esmeraldas mais bonitas que alguma vez vira. Penso em convidá-lo para almoçarmos em minha casa. Talvez fosse a melhor ideia, visto que ultimamente apenas comia em restaurantes e, apesar de dinheiro nunca ter sido um problema, agora que eu decidi não voltar a falar com meu pai, não iria aceitar o seu dinheiro e não queria andar a gastar o meu quando podia comer em casa talvez até melhor que noutros sítios. E depois lembro-me também que, visto que no dia anterior não tivera nenhum ataque, se calhar hoje voltaria a ter e sempre era melhor estar sozinha com Harry do que com mais imensos desconhecidos no meio a meu redor. Adiciono o número aos meus contactos e em seguida escrevo-lhe uma mensagem.
“Podemos almoçar em minha casa” cliquei em enviar. Voltei à cozinha e acabei de comer os meus cereais, apesar de ter ouvido o som de uma nova mensagem.
Acabado o meu pequeno-almoço, vou até ao hall de entrada. Da minha mala tiro o meu telemóvel e enquanto lia a minha nova mensagem de Harry, subia as escadas até ao meu quarto. “Está bem” dizia apenas. Pousei o telemóvel sobre a mesa-de-cabeceira e fui até à casa-de-banho.
Depois de um banho, encontrava-me novamente na minha divisão. Abri o meu armário e umas calças de ganga claras e uma camisa preta foram a minha escolha. Vesti-me, colocando a camisa para dentro das calças com um cinto também preto, e em seguida voltei à casa-de-banho. Lavei os meus dentes e sequei o meu cabelo. Resolvi colocar apenas um pouco de base, para disfarçar algumas borbulhas da cara. Arrumei tudo o que tivera usado e em seguida dirigi-me até ao piso inferior. Na sala, liguei a lareira de modo a que todo o calor começasse a fazer-se sentir através dos radiadores espalhados pela casa. Em seguida fui para a cozinha, eram 12:20h e eu ainda tinha de fazer algo para o almoço. Retirei um avental de uma das gavetas da cozinha e pensei em algo rápido de fazer. Decidi que talvez tacos de frango fosse uma boa ideia, e agradeci mentalmente por sempre ter tido o gosto de aprender a cozinhar com minha mãe. Preparei todos os ingredientes que iria usar para fazer o molho e a massa do taco e comecei a preparar o almoço, esperando que Harry fosse fã de tacos.
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The Shadow-Haunted
RandomEsta é a história de Blair, uma rapariga que, na pior fase da sua vida, passa a sofrer de algo surreal, e Harry, um rapaz aparentemente normal, mas com um grande segredo, capaz de destruir todo o amor que ele possa criar. Eles vão mudar a vida um d...