Capitulo 35

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  Só então reparei na pequena fechadura daquela caixa de metal. Aquilo era um cofre. Porquê algo tão misterioso e secreto? E agora como é que eu ia abrir aquilo?

  Primeiro foi a gaveta em minha casa, à qual a chave que encontrara no escritório de meu pai da empresa não dava, e agora isto. Mas é então que eu me apercebo que talvez aquela chave não fosse da gaveta de minha casa, mas sim deste cofre.

  Levanto-me de imediato e vou até ao bengaleiro da entrada, onde posso agarrar na minha mala e correr de volta ao escritório.

  Sento-me de novo na cadeira, o entusiasmo e até nervosismo a tomarem conta de mim.

  Pouso a mala sobre o meu colo e procuro desenfreadamente a chave até que, momentos depois, posso sentir o metal frio do objecto. Apresso-me a tirá-lo da minha mala e tento agarrá-lo firmemente nos meus dedos. Era tão estranho aquilo que sentia. Puro nervosismo por algo indeterminado.

  Rodo a chave na pequena fechadura, as minhas mãos a parecerem-me tremer. Respiro fundo e posso, depois, puxar a parte que acabara de abrir, mas sou surpreendida quando vejo agora vários números para elaborar um código.

  Bufo. Porquê tanta coisa? Porquê tanta segurança?

  Lembro-me então do papel rasgado. Era ele a minha única e última esperança. Apresso-me a tirá-lo, também, da mala e em seguida posso observar os números nele escritos. Aquela era a letra do meu pai.

  09092014 são os números que posso ver e o meu coração aperta-se quando sou rapidamente puxada para o acontecimento daquele dia. O dia em que o meu maior pesadelo começou. Controlo-me.

  Digito os números nos pequenos botões e respiro fundo, novamente. Tinha de ser aquele o código ou então eu teria de regressar a Inglaterra com a pergunta de o que se encontrava naquele cofre dentro da minha mente, e eu sei que se isso acontecesse eu não iria conseguir suportar esse mistério dentro de mim.

  Dou por mim com uma lágrima a escorrer pela minha bochecha, uma simples e leve lágrima. Talvez a causa fosse aqueles números, mas a verdade é que surpresa era visível no meu rosto. Passo os meus dedos levemente pela minha bochecha, observando em seguida a amostra da água na minha pele.

  O meu olhar cai novamente no cofre, mas desta vez mais precisamente nas duas grandes letras a formar um OK num dos botões. Pressiono-o e o barulho proveniente do objecto faz os meus olhos fecharem-se.

  Era agora. Era agora que algo sobre meu pai ia ser descoberto e o que mais me assustava era a verdade, porque a segurança depositada neste mistério era talvez absurda.

  Abro o objeto, mais uma vez, e o meu olhar pousa sobre uma folha que cai do cofre para as minhas pernas. Apanho a mesma, sem antes observar o sitio de onde ela viera.

  Papeis. Papeis era tudo o que eu podia ver. Todos eles eram pretos e isso assustava-me. Mas aquele que estava no meu colo era vermelho. Engulo em seco. Um sentimento estranho passava por mim. Eu sentia-me mais fraca que o habitual, senti-me zonza por momentos e fecho os olhos, numa tentativa de fazer com que tudo parasse de parecer que estava a rodar.

  Agarro novamente naquele papel e abro-o lentamente, tentando recompor novamente a minha vista e estado.

  Era uma carta. Enquanto que ela era vermelha, as letras da mesmo estavam num preto robusto. A caligrafia era cuidada, apesar de por vezes parecer descair no papel. Era pouco o que estava lá escrito, apenas ocupava algum do centro do papel, apesar de as letras estarem num tamanho relativamente pequeno.

  Concentro-me na minha leitura e posso sentir as minhas mãos tremerem verdadeiramente à medida que os meus olhos passavam nas letras desenhadas. O meu coração acelera e eu sinto o meu ar faltar por momentos.

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