Capitulo 59

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O homem trava o nosso caminho à frente de uma porta cinzenta, parecia metal, tal como todas as outras. Haviam vidros fumados, retangulares, nos dois lados da entrada.

  "Tiveste muita sorte" sussurra ao meu ouvido e eu não consigo perceber o que ele me dizia

  A mão do sujeito a meu lado roda a maçaneta e eu levo um pequeno empurrão nas costas para entrar.

  Sinto o meu batimento cardíaco alterado. Havia uma espécie de maca quase no fundo da sala, onde neste havia mais um vidro fumado. Ao lado uma nova porta, possivelmente ali era uma espécie de escritório. Mas pelos instrumentos desconhecidos para mim, de aspeto médico ou até laboratorial, aquilo podia ser um laboratório. Mais uma sala completamente cinzenta, mas esta parecia tornar-se mais obscura que as outras.

  Assusto-me quando do nada vejo Eveline à minha frente. Ela estava a uns três passos de mim, ajoelhada sem forças no cimento e com os seus cabelos a tapar o rosto. Estes estavam bonitos, perfeitamente penteados e pareciam mais dourados que nunca. Apesar disso, o seu corpo parecia mais morto do que eu alguma vez vira alguém, parecia quase algo surreal e apenas na minha cabeça. Ela cai por completo e eu vejo um homem aparecer do seu lado direito. O homem de ainda há bocado. Eu estava a viver a sua morte outra vez. Ele olha-me com um sorriso malicioso e eu volto a olhar Ev, deitada pobremente no chão. O individuo já desaparecera. Ajoelho-me rapidamente ao pé da menina e vejo a marca de uma bala na lateral da sua cabeça. O sangue não escorria, não havia sangue até, apenas um buraco na pele dela.

  "Deita-te"

  Desequilibro-me e cai no chão. Era uma voz autenticamente grave mas que eu sabia não pertencer a ninguém. Alguém falava para um microfone e a sua voz era mudada, isso era óbvio. Tinha dificuldade em perceber com clareza.

  Não posso deixar de olhar para o chão à minha frente. Nada.

  Decido fazer o que me foi indicado e em poucos segundos o meu corpo está deitado sobre a maca. Eu conseguia sentir-me tensa, completamente com medo. A ideia de ser eu agora a morrer parecia atormentar-me, foi isso que o outro homem me deu a querer que ia acontecer.

  A porta a meu lado abre-se e de lá sai uma pessoa. Parecia-me um homem pelo seu corpo, apesar de ele estar com uma bata esverdeada a cobri-lo quase todo. Uma máscara tapava a sua toca, assim como uma toca na sua cabeça. Ele vira-se para um monitor no fundo da maca. Não dizia nada e isso parecia piorar ainda mais a situação. Podia até informar-me que eu ia morrer, mas certamente isso seria melhor do que este silêncio. Podia ver um ou outro cabelo escapar para o seu pescoço. Eles eram ondulados. Tal como os de Harry. Como é que ele estaria? Será que já mandara alguém à minha procura e ele próprio o fazia durante todos estes dias?

  O seu corpo vira-se e ele vem até mim lentamente. Tento afastar-me na maca mas isso torna-se impossível. Junto demasiado as minhas pernas e cubro o meu corpo com os braços, tentando fazer isso de uma forma discreta.

  "Tira as calças" aí sim eu sinto o meu coração querer sair-me do peito

  "Como?" engasgo-me com as minhas próprias palavras

  "Tira as calças" a voz é lenta

  Eu não podia fazer isso. Não, não, não. Oh meu Deus o que é que ele vai fazer-me? Para quê todos estes aparelhos?

  "Porquê?"

  "Tira as calças" repete e eu engulo em seco

  Tinha de ser.

  Levanto um pouco o meu corpo quando as minhas mãos alcançam o cimo das calças. Puxo as mesmas lentamente, na esperança de que ele me pudesse mandar travar. Mas isso não ia acontecer. O seu olhar pousava em todo o meu corpo. Eu não conseguia captar nenhum traço físico seu, nem mesmo os seus olhos. A luz aqui era pouca e ele também fazia por se esconder. As calças caem no chão.

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