Capitulo 2

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 Depois de algum tempo, que para mim foi talvez uma eternidade, separamo-nos.

“Bem…“ ela suspira não acabando a sua frase por falta de palavras. Leves gargalhadas ecoaram no ar e eu senti algo que não sentia há algum tempo. Senti-me feliz.

“Eu desta não estava mesmo à espera” ela acaba por dizer “Mas o que é que te aconteceu? Como é que tu estás?” finaliza momentos depois enquanto se senta num dos altos bancos e eu repeti o seu gesto. O meu sorriso e felicidade desapareceram. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo teria de falar com toda a gente sobre o que tinha acontecido, por isso simplesmente decidi não adiar e fingir que estava tudo bem. Eu nunca mentira a Katherine e esta não iria ser a primeira vez.

“Acho que não posso dizer que esteja bem…” encarei as minhas botas. Comecei a sentir aquela habitual dor no meu peito. Eu não tinha forças para voltar a pensar naquele assunto e muito menos para falar sobre ele, mas eu decidi enfrentar este problema por isso apenas tentei ganhar alguma força e coragem.

“Mas porquê? O que é que se passa?” Ela agarra as minhas mãos incentivando-me a encará-la.

“Bem… eu parei o curso de psicologia do qual tanto gostava um ano depois de o começar e… “ parei a minha frase e contive as lágrimas que queriam sair. Fechei os olhos numa tentativa de as empurrar para dentro e abanei a cabeça negativamente inclinando-a de novo para baixo. Agradeci mentalmente a Katherine por não me obrigar a falar ganhando assim força para dizer apenas as quatro palavras que pronunciei momentos depois “A minha mãe morreu” encarei-a finalmente e a sua boca abriu-se formando um pequeno “o”. As lágrimas que queriam sair minutos antes foram libertadas e abracei de seguida a rapariga que estava à minha frente, escondendo a minha cara no seu pescoço. Imensas lágrimas escorriam pelo meu rosto acompanhadas por pequenos soluços. Uma das mãos de Katherine passava pelas minhas costas, de cima para baixo, tentando acalmar-me. Perguntava-me como é que ainda conseguia chorar mais. Era como uma fonte de tristeza que continha lágrimas intermináveis. Mais uma vez estava a ir abaixo e lembrei-me da decisão que tinha tomado. Eu não ia voltar a ficar fraca, ou pelo menos ia tentar. Foi então que, minutos depois, me larguei do aperto de Katherine e dei-lhe um leve sorriso de forma a agradecer-lhe, limpando as lágrimas que ainda não tinham secado

“ Mas bem… e tu?” bati com as minhas mãos nas pernas como que destruindo todo aquele ar pesado e dei-lhe um sorriso para que não se batalhasse mais naquele assunto.

 Ela olhou-me hesitante por instantes mas acabou por ser consumida pelo seu próprio entusiasmo, contando-me assim tudo aquilo que se tinha passado naquele mês que, para meu espanto, tinha sido bem mais do que aquilo que imaginava. Ela parecia verdadeiramente feliz. A sua relação com Liam, o seu namorado, estava cada vez melhor, o que era quase impossível. Estava prestes a acabar o seu curso e já tinha uma proposta de trabalho na sua área, para quando este acabasse definitivamente. E eu? A minha vida também sempre me correu bastante bem, mas parece que nos últimos tempos ela piorou drasticamente, desde a morte da minha mãe até ter começado a ver o meu pai com ainda mais irregularidade.

 A nossa conversa acabou por terminar devido a Katherine ter ficado sozinha a servir às mesas, mas ficou prometido que eu iria voltar a ligar regularmente e que nos iriamos encontrar em breve.

 Antes de sair do café, a rapariga deu-me o meu chocolate quente num copo de plástico e quando puxei a porta do edifício o frio da rua embateu no meu corpo, o que me provocou um ligeiro arrepio. Mais uma vez deixei a porta fechar-se sozinha e levei a minha bebida aos lábios o que logo me confortou. Ter saído de casa tinha-me feito bem. Conversar com Katherine fez-me sentir que afinal não estou completamente sozinha como imaginava e isso faz com que alguma da dor do meu peito desapareça. Um pequeno sorriso invadiu o meu rosto com o meu pensamento e finalmente me guiei para longe do café.

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