Capitulo 41 - Parte II

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Resolvo deixar o escritório e ligar a meu pai.

  Agarro no telemóvel e o som dos bips começa a tornar-se frustrante nos meus ouvidos, enquanto caminho de um lado para o outro. A chamada vai parar ao voicemail mas eu tento de novo, ouvindo a gravação da voz feminina informar que o meu pai teria o telemóvel desligado.

  Coloco com força o telemóvel sobre a mesinha ao lado do sofá e sinto a vontade de chorar tomar conta de mim. Mas eu não o podia fazer, eu não podia ser assim tão fraca, apesar de isso ser o que eu era naquele momento da minha vida.

  Subo as escadas até ao piso superior e percorro o corredor, os meus pés a baterem dolorosamente na longa carpete vermelha, em direção ao sótão.

  Quando alcanço o mesmo, vou de imediato ao canto pertencente à minha mãe.

  Espalho os quadros, naquele momento em pilha e virados para baixo tal como eu os deixara, e observo cada um deles.

  Ela sabia. Ela sabia que ia morrer e não me avisou, talvez nem tenha avisado ninguém, ou talvez até soubesse das cartas de meu pai.

  É então que eu observo um dos quadros e recebo a confirmação das minhas dúvidas. Lá era representada, minuciosamente, uma carta. Mas aquela era diferente de todas as que vira. Não havia nenhuma como aquela, creme, queimada nas pontas e com uma escrita tão longa e cuidadosa.

  Respiro fundo.

  Observo a janela a meu lado. O seu escuro e a lua já a iluminar a rua. Era tarde e o cansaço parecia abater-me sem piedade. Retomo ao rés-do-chão e vou até à cozinha, com o saco da farmácia na minha mão.

  Encho um copo com água e coloco-o sobre a bancada, acabando por abrir a caixa dos comprimidos.

  Onde eu chegara. Estar sob medicação para não ver coisas que, agora que penso bem, talvez não existissem mesmo.

  Faço com que o pequeno comprimido redondo de cor amarelada fique em cima da bancada e tomo o mesmo, engolindo, por fim, um pouco de água.

  Suspiro. Eu tinha um pressentimento estranho. Um pressentimento de que a minha vida, a partir dali, ia ser difícil, bastante difícil.

  O som do despertador acorda o meu descanso e bocejo.

 Passados alguns minutos retomo ao meu quarto, depois de um pequeno duche, e visto umas calças de ganga com uma camisola vermelha, trabalhada com preto no final da mesma, fechando um pouco mais o seu formato, e no fundo das mangas, fazendo o mesmo e ainda preto a cobrir toda a peça, quente. Calço as minhas botas pretas. Pouso uma gola no meu pescoço e visto um casaco de cabedal, ambos também da cor escura, indo até à casa-de-banho onde apanho o cabelo num coque desleixado, de lado, tapado frontalmente pela longa franja solta.

  Tomo o meu pequeno almoço, composto apenas por uma peça de fruta e um iogurte.

  Alcanço a minha mala, no bengaleiro, e acabo por ir até à garagem de onde retiro o meu carro seguindo até ao meu posto de trabalho. Cinco minutos antes da hora encontro-me à porta do mesmo e despacho-me até à zona dos cacifos, equipando-me e acabando por começar o meu trabalho.

  Trabalhei quase toda a manhã junto a Niall e fiquei a saber que ele e Emily têm saído algumas vezes, o que me deixou realmente feliz. Niall merece amor e felicidade e Emily parecia ser a pessoa certa para ele.

  Combino almoçar com ambos e tiro a minha roupa do trabalho. Niall dissera que se Harry quisesse, ele seria bem recebido a almoçar connosco.

  “Estou?” ouço-o do outro lado e o meu sorriso cresce

The Shadow-HauntedOnde histórias criam vida. Descubra agora