Capitulo 32

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 “Oh, estavas aí Blair?” Gemma pousa o prato que tinha na mão

  “Cheguei agora” tento conter o tremer da minha voz “Algum problema?” tento

  “Não, apenas não te vi chegar” ela volta a agarrar no prato e coloca-o dentro do lava-loiça.

  Ela não conseguia deixar de ser evidente o seu nervosismo. Mas do que é que eles falavam? Gemma parecia querer proteger-me de algo e avisar Harry a não cometer um erro, que já parecia ter sido repetido com Jessica e outras raparigas. Mas o quê?

  “Eu ajudo” caminho até ao lava-loiça, onde começo a lavar a loiça que no mesmo ia sendo colocada

  “Gostei muito de te conhecer” ela abafa o meu braço e por fim abraça-me

  “Eu também Gemma” sorrio

  “Tem paciência com ele” ela sussurra ao meu ouvido e eu solto uma gargalhada “Adeus maninho” ela vira-se para o rapaz atrás dela, abrindo os seus braços e acabando por saltar para o seu colo

 “Sai de cima de mim sua gorda” ele bate no seu rabo acabando por metê-la no chão

  Sorria. Eles eram tão bons irmãos. Eu também gostava de ter uma irmã, ou até mesmo um irmão. Lembro-me de em pequena, me imaginar várias vezes a ouvir uma possível irmã falar dos rapazes da escola, pintarmos as unhas uma às outra, cantar com garrafas de água na mão e sentadas nas nossas camas, comigo a dar-lhe conselhos. Sempre foi um dos meus sonhos de criança e juventude. Uma rapariga um pouco mais nova que eu, com a qual eu falaria de coisas que talvez nem com a minha mãe eu tivesse um total à vontade.

  “Mau” posso ver o beicinho de Gemma

  “Anda cá” Harry puxa-a para um abraço, colocando o seu rosto na dobra do pescoço da rapariga

  “Até a um dia destes” Gemma fala para ambos, quando abre a porta do apartamento

  Aceno-lhe e Harry faz o mesmo. A rapariga fecha a porta, mas acaba por meter a sua cabeça na frecha ainda aberta.

  “E vejam lá se os vizinhos não têm de voltar a vir queixar-se” ela pisca-nos o olho e eu engulo em seco, sentindo-me um pouco envergonhada

  “Vá, vai lá” Harry caminha até à porta e Gemma fecha-a antes que ele lá possa chegar “Não ligues” ele caminha até mim

  “Não faz mal, eu achei-a uma óptima rapariga. Estranha…” ambos rimos “Mas muito simpática e divertida” ele agarra o meu tronco, as nossas respirações a fazerem-se sentir nos rostos um do outro

  “Sim, ela é das melhores pessoas da minha vida. Ela nunca me abandonou, por mais merda que eu fizesse” engulo em seco

  Harry parecia ter uma preferência pelas asneiras sempre que falava da sua família ou de algo que não o fazia feliz, o que eu não gostava.

  Acaricio a sua bochecha. Ele confiou em mim a história da sua família, algo que me deixou perplexa e até mesmo feliz pela confiança depositada em mim, quando ainda não tínhamos uma relação realmente construída.

  Eu sabia que ele sofreu bastante. Ele passou anos a ouvir os pais discutirem, e por mais que isso possa ser duro, a separação das pessoas que estão encarregues de cuidar de uma criança quando a mesma tem apenas 7 anos, é algo duro, independentemente daquilo que possa ter acontecido.

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