Passei água pelo meu rosto para concertar a minha visão. Depois, dirigi-me a um dos compartimentos da casa-de-banho.
Já me estava a sentir um bocadinho melhor. Mesmo assim, acho que era boa ideia beber um bocadinho de água ou comer alguma coisa. Não é meu costume exagerar assim tanto.
Ao abrir a porta da casa-de-banho, senti que tinha batido em alguém.
Eu: Desculpe.
XX: Não faz mal... Guida? - disse, pegando no meu braço e virando-me para o encarar.
Eu: Oh. Olá, Eduardo. Por aqui?
De repente, milhares de memórias surgiram na minha mente. O meu ex-namorado tinha-me encontrado outra vez. Desta vez, sozinha. Da última vez que nos vimos, ele pediu-me uma segunda oportunidade. Pediu para que tudo ficasse resolvido.
Agora apercebo-me de que nunca tinha amado ninguém. Pelo menos, nunca tinha amado ninguém como amo o Diogo. No entanto, o Eduardo traz-me boas recordações. Apesar de tudo o que me fez.
Eduardo: É, parece que sim. Estás bem? - disse,erguendo uma sobrancelha.
Eu: Sim, estou. Obrigada - disse de um modo arrogante.
Eduardo: Guida, vá lá...
Eu: Eduardo, por favor. Acho que já tivemos esta conversa antes. Eu tenho namorado. Amo o Diogo, é com ele que eu quero estar, sim?
Eduardo: Isso impede a nossa amizade? Guida, eu sempre gostei de ti, tu sabes. Eu sempre fui o teu melhor amigo, sempre estive do teu lado.
Eu: Sim... Sempre. Até me teres pedido em namoro para satisfazeres as tuas necessidades e para te entreteres. Rico amigo que tu foste, não haja dúvida - disse, revirando os olhos.
Eduardo: Ouve-me, por favor, já te disse que não foi assim... - disse, agarrando mais o meu braço.
Eu: Cala-te. Eu não te quero ouvir mais. Larga-me.
Eduardo: Ambos sabemos que gostaste.
Eu: Gostei. Eu gostava de ti. Mas eu não gosto de ser tomada por palhaça. O único palhaço que está aqui és tu - disse, com voz já a falhar e um grande aperto na garganta - Acabou... Por favor, vai-te embora. Eu não quero reviver o passado. Eu estou bem como estou. Sem ti.
Algumas raparigas quiseram entrar na casa-de-banho, por isso, fomos obrigados a desviarmo-nos da porta. Senti a parede a ir contra as minhas costas e aí percebi que esta tinha sido a sua oportunidade para me encurralar. A quantidade de álcool que tinha no meu sangue e as más recordações fizeram com que eu não conseguisse reagir.
Frases do meu mestre passaram pela minha cabeça.
«Circula sempre, nunca fiques encurralada»
«Um simples gancho espetado em partes vitais pode fazer toda a diferença e ser a tua salvação»
«Às vezes, as mulheres safam-se melhor. Um pouco de sedução pode ser a arma perfeita para a distração de quem te está a atacar»
Mas eu não conseguia agir. Eu estava congelada. Levada pelo cheiro que me acompanhou desde a minha infância. Levada pelas boas recordações e recalcada pelas más.
Eduardo: Vá lá, Guida. O teu namorado não está aqui. E tu sempre gostaste de mim.
Eu: Eu nunca gostei de ninguém como gosto do Diogo.
Lembra-te do que o teu Mestre te costuma dizer!
Eu: Mas tu sempre foste muito especial para mim - as palvras saíram com armagura da minha boca.
Eduardo: Vês, não custa nada admitir, pois não? - disse, levando a sua mão ao meu queixo.
Tentei passar a minha mão pelo meu cabelo para alcançar o meu gancho, mas ele tinha caído. O Eduardo deve ter pensado que eu queria ajeitar o meu cabelo e, por isso, colocou uma mecha do meu cabelo por trás da minha orelha.
Eduardo: És linda. E eu fui um parvo por te ter deixado.
Eu: Sim, tu foste.
Olhei à minha volta para ver se alguém me podia ouvir. Infelizmente, com esta música ninguém nos iria ouvir se não estivesse muito próximo.
Eu: E se fôssemos tomar uma bebida? Talvez pudéssemos falar melhor.
A minha tentativa de sair dali parecia estar a resultar, posteriormente iria tentar... Ele está a beijar-me! Uma corrente de repulsa percorreu o meu corpo.
Instintivamente, comecei a empurrar o peito dele. Mas ele tinha mais força do que eu e eu estava a ficar bastante tonta. Quando ele percebeu que eu estava a resistir, começou a empurrar-me cada vez mais contra a parede. Comecei a entrar em pânico e dei-lhe um estalo, mas isso não o parou. Ou eu estava muito fraca, ou ele já estava habituado a isto. Por isso, tentei corresponder ao seu beijo e fingi que me estava a entregar. Ele sorriu no meio do beijo e as minhas mãos foram de encontro ao seu pescoço, um dos pontos vitais. Agora já estava na minha zona de conforto.
Quado estava a preparar-me para o atacar no seu ponto fraco, ele largou-me bruscamente. Quando abri os meus olhos, pude ver que o Eduardo estava a ser socado e, em cima dele, estava... o Diogo. Uma sensação de alívio percorreu o meu corpo.
Tentei clarear a minha mente e comecei a puxar o Diogo.
Diogo: Larga-me! - raiva transparecia através dos seus olhos que já estavam cobertos por lágrimas.
Só agora é que me apercebi o que é que isto lhe devia ter parecido... Oh meu Deus! Eu estava com as mãos no seu pescoço...
Eu: Não é o que estás a pensar, eu juro!
Diogo: Como é que podes fazer uma coisa destas?! Tu estás parva?
Eu: Ele é que me tentou beijar, eu juro por tudo, Diogo - a minha voz era um fio. Eu não sabia como é que podia remediar esta situação. Como é que ia negar o que aparentemente era óbvio?
Diogo: Nós estávamos bem! Usaste o número dele, foi?!
Eu: O quê? Não! Eu estava a sair da casa-de-banho e-e fui contra ele.
Diogo: Oh... E beijaram-se! Nós estávamos bem, Guida!
Eu: Eu sei... Eu amo-te.
Diogo: Usaste o número dele, não foi?! Eu não passei de um passatempo?
Eu: Não. Diogo, eu já te disse que te amo! Ele é que me beijou. Eu dei-lhe um estalo, vês? - disse, mostrando a minha mão que estava a arder.
Diogo: Achas que vou acreditar nisso, Guida? Eu sei o que vi. Impressionante... Fizeste o mesmo que ele te fez.
Ambos ficámos calados, as lágrimas a escorrer pelos nossos rostos. Eu estava hipnotizada pelos seus olhos. De repente, o Diogo virou-se e fez com que o meu mundo desabasse.
Olá, Olá.
Oh :( trouble in paradise... Mas pode ser que tudo se resolva ;) estavam à espera disto?
Votem e comentem ;)
bjs
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Who am I?
RomanceMargarida é uma rapariga de 18 anos. A sua vida muda completamente com um rapaz, Diogo. Conheciam-se desde pequeninos, no entanto, nenhum dos dois tinha coragem de dar o primeiro passo. Ambos se amam muito, mas, será que são inseparáveis? Será que...