Capítulo 38

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O ambiente estava bastante pesado. Num lado do quarto, estava o Rúben e todos os seus amigos. Ele parecia estar mais calmo, mas conseguia ver que ainda chorava. Do outro lado do quarto, estava eu e o Diogo. Tentei convencer o Diogo a ir para a beira do irmão, mas ele disse que de certeza que ele ficaria melhor com os seus amigos. De facto, acho que, muitas vezes, o Rúben dava-se melhor com aqueles dois do que com o próprio irmão. Havia uma explicação muito simples: os irmãos têm que viver todos os dias juntos. Daí que seja mais fácil desabafarmos com amigos.

Diogo: Já estás melhor, princesa?

Eu: Sim, acho que sim - disse, com a voz um pouco trémula.

Diogo: Tive uma ideia. Porque é que não vamos jantar fora? Para desanuviar um pouco - disse, sussurrando-me ao ouvido.

Eu: Não quero deixar o Rúben sozinho, coitado.

Diogo: E não vamos deixá-lo sozinho. Ele vai com os amigos. Eles já tinham combinado que hoje iam ao bar onde nós fomos. Ele ainda resistiu, mas eles convenceram-no - disse, esperançosamente.

Eu: Era uma boa ideia, gostava de passar mais um tempinho a sós com o meu namorado - disse, beijando-o.

Fomos interrompidos.

Rafael: Vocês já me começam a meter nojo! O Rúben neste estado e vocês todos enrolados.

Se calhar, o Rafael até tinha razão. O Rúben era meu amigo, irmão do meu namorado. Nós devíamos de o estar a apoiar. Ele precisava de nós. Sinto-me mesmo muito mal por estar aqui, assim.

Senti que o Diogo ficou bastante tenso.

Diogo: Tu é que já começas a meter nojo, Rafael! Mete-te na tua vida.

Rafael: Sabes? É isso mesmo que eu estou a fazer! O Rúben é meu amigo, eu estou a zelar pelo seu bem. Enquanto que vocês, bem, nem vou dizer nada...

Diogo: É bom que não digas mesmo mais nada! Caso não saibas, a Guida também está mal.

Rafael: Nota-se, para ter começado a namorar contigo!

O Diogo levanta-se. Fiquei com medo que algo acontecesse, por isso, agarrei-o no braço.

Rúben: Parem com a discussão, já! Eu estou bem. Rafael, o meu irmão sempre me apoiou, bem como a Guida. A Mariluz também é amiga da Guida, eu percebo que ela também esteja mal. É normal que ela precise do meu irmão nesta altura. E tu não tens nada a ver com isso.

Rafael: Vocês fazem-me rir... É a ele que tu queres, Guida?

Eu não estava a perceber... O que é que lhe deu? Ele nunca foi meu amigo ao ponto de fazer esta pergunta... Para além disso, fê-la como se eu tivesse que escolher entre o Diogo e outra pessoa.

Eu: O que é que tu queres mesmo, Rafael?

Rafael: É melhor não responder a essa pergunta, senão, o teu namoradinho ainda se exalta - disse, com um olhar de gozo.

O Diogo ficou furioso com a resposta dele, avançando na sua direção. Eu não estava a perceber. O que é que lhe deu de repente? Nunca ninguém pareceu estar contra o nosso namoro, muito pelo contrário.

O Paulo pareceu reparar que algo de mal ia acontecer e, por isso, aproximou-se de nós.

Paulo: Tenham lá calma, só estão a piorar a situação. Qual é a tua meu? - disse, pondo-se em frente ao Rafael e olhando para ele - Eu não te percebo. O Diogo já esteve a apoiar o irmão, agora, a namorada precisa dele. Não percebes, ou queres que te faça um desenho?

Rafael: Eu não percebo é como é que ela está com ele, é só isso. Ficava bem melhor comigo.

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