Capítulo 69

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Quem sou eu?

Uma autêntica sombra daquilo que eu era com ele. Uma rapariga que, de um momento para o outro, teve o mundo na palma da sua mão e que, por causa de uma estupidez, perdeu tudo. Perdeu o seu rumo, a esperança que tinha e, no fundo, perdeu a sua felicidade. 

Isto não pode estar a acontecer. Eu não o posso perder desta forma. Eu tenho de ir ter com ele. 

Quando abri os meus olhos, vi o meu ex-namorado agarrado à sua barriga. Gemidos de dor saíam da sua boca manchada com o seu próprio sangue. Não sabia há quanto tempo é que nós os dois estávamos ali. Talvez uma meia hora.

Tentei levantar-me, mas estava bastante fraca. Em parte, devido ao álcool que ainda estava bem presente no meu sangue. Mas, por outro lado, talvez não consiga porque não sei o que fazer. Porque perdi todas as minhas forças. Quando o Diogo se foi embora, levou tudo o que era nosso. Tudo o que era meu.

Eduardo: Ajuda-me a levantar, p-por favor - disse, contorcendo-se cada vez mais no chão.

Nojo era o que eu conseguia sentir por ele. De repente, uma fúria percorreu o meu corpo. Foi ele que causou tudo isto!

Eu: Vai-te fuder - disse, com o maior desprezo de sempre. 

Consegui finalmente levantar-me. Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu tenho que ir atrás do Diogo. Ele ama-me, ele vai perceber que tudo isto não passou de um grande mal entendido. Mas eu sinto-me tão fraca, tão incapaz.

As minhas pernas tremiam, assim como o meu lábio inferior. Pelos vistos, ainda não tinha chorado tudo o que tinha para chorar. 

Eu: A culpa foi toda tua, seu idiota, seu filho da mãe... - o meu pé estava quase a ir de encontro à sua barriga, quando sinto que alguém me puxou. 

XXX: Ei, o que é que estás a fazer?

Tentei soltar-me, mas o homem que me estava a agarrar era demasiado forte.

XXX: Tem calma, Guida. Sou eu.

Parei de espernear por um bocado, e virei-me. À minha frente, estava o Harry. As suas feições demonstravam preocupação.

Harry: Está tudo bem? - disse, colocando ambas as suas mãos nos meus braços e segurando-me. Eu sentia que ia cair a qualquer momento.

Não conseguia falar e as lágrimas não queriam desaparecer dos meus olhos. De repente, senti os braços do Harry ao meu redor. Era mesmo disto que eu estava a precisar nesta altura. Um abraço de uma pessoa que não me conhecia totalmente, mas que, mesmo assim, estava lá para me apoiar.

Harry: Sei que não nos conhecemos há muito tempo, mas eu posso tentar ajudar-te, Guida. Vai ficar tudo bem - disse, ao mesmo tempo que fazia pequenos círculos imaginários nas minhas costas. Afastou-se um pouco mais para me observar - Queres falar sobre o que aconteceu?

Abanei a minha cabeça negativamente.

Harry: Tudo bem, não te vou obrigar a fazer nada que não queiras, ok? Foste tu que fizeste isto? - disse, e apontou para o meu ex que parecia estar desmaiado.

Eu: Não - a minha voz era um sussurro.

Harry: Eu vi que lhe ias dar um pontapé, por isso é que perguntei... - disse como se eu fosse uma criança de 5 anos. Eu devo estar mesmo um autêntico farrapo.

Eu: Não fui eu, eu juro. Podemos sair daqui?

Harry: E ele?

Eu: Vamos embora, Harry, por favor.

Harry: Sim, claro - disse, limpando as minhas lágrimas -  Anda, eu ajudo-te. 

Lancei um último olhar ao Eduardo e saí daquele sítio horrível, amparada pelo Harry. 

Eu: Eu vou para casa. Podemos só ir ter com eles? Eu quero avisá-los.

O Harry assentiu e encaminhou-me para o fundo da discoteca. Conseguia ver inúmeros casais a beijarem-se... Melhor, a devorarem-se. Antes disto tudo ter acontecido, nada disto de incomodava. Agora, era como se me espetassem uma faca no peito.

Joana: Está tudo bem?! 

Todos se levantaram muito rapidamente e as minhas amigas correram na nossa direção. 

Joana: O que é que se passou?! - disse, dando-me um abraço.

Harry: Eu encontrei a Guida quando fui à casa-de-banho. Ela estava à beira de um rapaz que parecia estar inconsciente e não sei muito mais. Ainda cheguei a tempo de a impedir de lhe dar um pontapé, mas acho que não foi ela que o pôs assim.

Mariluz: Oh meu Deus - disse, começando a abraçar-me também.

Carolina: Quem foi o parvalhão, Guida? Eu vou lá... 

Eu: Não, por favor. Não façam nada.

Fiquei abraçada a todas elas no que pareceu ser uma boa eternidade. Se não fossem eles, eu iria desfazer aquele filho da mãe. Provavelmente, iria ser expulsa daquela discoteca, ou até mesmo presa. Não vamos exagerar...

Eu: Eu estou bem, ok? - disse, soltando-me dos seus braços e limpando as minhas lágrimas - Eu vou para casa, e vai ficar tudo bem.

Joana: Mas o que é que se passou, afinal? 

Eu: Não quero falar sobre isso.

Carolina: Ia-te fazer bem.

Eu: Eu juro que vos conto. Eu juro. Agora, voltem para a festa, que eu vou descansar. Amanhã é um novo dia.

Mariluz: Que festa? Sem ti? E o Diogo também já se foi embora...

Carolina: Oh meu Deus, foi o Diogo, não foi?

Eu: O Diogo não fez nada. Por favor, eu só quero ir para casa.

Rúben: Eu posso levar-te.

Eu: Não. Tu ficas aqui. Assim como todos vocês. Eu vou apanhar um taxi.

Harry: Nem penses. Sabe-se lá o que é que o taxista te pode fazer nesse estado. Nós levamos-te.

Eu: Não façam isto. Eu não quero estragar nada a ninguém. Eu vou sozinha.

Todos estavam a olhar uns para os outros, talvez à procura de algo que me fizesse mudar de ideias. Mas não iam conseguir. Eles já fizeram muito por mim. Não lhes vou estragar uma noite, por causa disto. 

O Harry retirou o telemóvel do seu bolso.

Harry: Oh, já é tarde. Queres que te leve agora a casa, Joana?

Eu: Esse jogo não vai resultar comigo. Obrigada a todos pelo apoio, mas eu tenho que ir.

Carolina: Não é jogo nenhum. Achas mesmo que os pais da Joana a iam deixar estar aqui até tão tarde?

Eu: Não...

Joana: É verdade, Guida.

Harry: Podemos levar-te, se quiseres... 

Eu: Sim, obrigada. 

Todos pareceram ficar um pouco felizes com a notícia. Despedi-me deles e recebi várias frases de apoio. Afinal não estava assim tão sozinha quanto eu pensava.

O Harry abriu-me a porta de trás do seu carro e colocou-me o cinto de segurança. Ainda consegui ver a Joana a aproximar-se dele com um sorriso triste estampado na sua cara. O Harry levou a mão ao rosto dela e fez-lhe uma pequena carícia, talvez para lhe dar força ou algo parecido.

Ainda consegui ouvir o Harry a abrir a porta do passageiro para a Joana entrar no carro. Depois disso, senti a dor que se estava a acumular-se no meu peito a diminuir lentamente. 

Olá, Olá :)

Como é que estão? O que é que estão a achar da história? Mudavam alguma coisa?

Aceito qualquer crítica ou sugestão, já sabem ;) 

Obrigada por lerem *.*

Bjs

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