Não conseguia acreditar naquilo que estava a ver. Passado um mês, ali estava ele. Ou melhor, o que restava dele... As suas olheiras eram bem visíveis. O seu sorriso era diferente, não me transmitindo o habitual frio na barriga. Até a sua postura era diferente.
Diogo: Olá, Guida - disse, com um pequeno sorriso.
Eu: Olá, Diogo - disse, tentando conter as lágrimas.
Um momento de silêncio fez-se sentir. Não conseguia desviar o meu olhar do dele. Ele tinha-me hipnotizado, pura e simplesmente.
Paulo: Bem... Eu vou lá para fora. Falem à vontade - disse e virou-nos as costas.
Quando o Paulo estava quase a chegar à saída, virou-se para trás.
Paulo: Eu não me quero intrometer, mas eu já estou envolvido na situação... Por isso, eu tenho que vos dizer isto. Diogo, não te esqueças daquilo que falamos. É pela Guida, por vocês. Tens que o fazer - o Diogo assentiu - e Guida, tu tens que continuar a ser a pessoa que sempre foste. Não mudes por causa de uma atitude menos boa que tiveram contigo, ok?
Eu assenti. O discurso do Paulo tinha sido bastante racional. No entanto, para mim, era extremamente difícil ouvir o Diogo quando ele não o tinha feito.
Paulo: Eu acredito mesmo em vocês, por isso... Entendam-se, ou, pelo menos, cheguem a um acordo - disse e, desta vez, saiu mesmo do bar.
Um silêncio constrangedor fez-se sentir. O meu olhar estava centrado na mesa. Ouvi uma cadeira a arrastar-se.
Eu: O que é que estás a fazer? – disse, sem o encarar.
Diogo: Só ia puxar a cadeira para ti.
Eu: Não precisas, eu consigo fazê-lo sozinha – disse, sentando-me.
O Diogo suspirou e voltou a sentar-se.
Eu: Daqui a pouco vou ter o concerto.
Custava-me ser assim, mesmo muito. Mas tinha que ser. Por mim.
Diogo: Não consigo fazer isto – disse, passando a mão pelo seu cabelo.
Eu: Então, não vou ficar aqui para ti, quando não estiveste lá para mim – disse, levantando-me.
Estava pronta para abandonar aquela mesa, quando sinto uma mão a agarrar o meu pulso.
Diogo: Por favor, não vás… - a sua voz era um sussurro.
Senti um arrepio. Sim, era bom voltar a sentir a sua presença.
Diogo: Eu vou conseguir. Por nós.
Eu: Nós?
Diogo: Eu amo-te. Desde que soube o que era amar, que sempre te amei. Sempre existiu um nós… Por favor, dá-me esta oportunidade. Tens que me ouvir, Guida.
É impressionante o quanto o amor pode ser bipolar. Tanto nos pode fortalecer, fazer com que nos sintamos os reis do mundo, como nos pode enfraquecer, tirar-nos todas as forças.
Senti uma tontura forte, mas fiz os possíveis para me aguentar. O Diogo reparou e rapidamente me obrigou a sentar.
Diogo: Estás bem? Desculpa. Desculpa tudo aquilo que te fiz. Eu destruí tudo – disse já com lágrimas a percorrer o seu rosto.
Eu: Porquê é que não me ouviste?
Diogo: Não consegui. Eu estava tão cego. Aquela merda de imagem não me saía da cabeça. Eu juro que tentei… Mas eu achei melhor sair dali.
A verdade é que eu percebia isto. Devia ser difícil esquecer.
Eu: E no dia seguinte? A mensagem que me mandaste?
Diogo: Eu… Eu estava magoado. Eu não queria ouvir ninguém.
Eu: Nem a tua namorada? Acho que fazes bem…
Diogo: Por favor, ouve-me. Eu vou-te explicar o que aconteceu neste mês. Não espero que me percebas, nem que me perdoes. Mas eu sou demasiado egoísta e eu preciso demasiado de ti. Por isso, eu quero que o faças… Depois de vos ter visto, aquela imagem nunca mais saiu da minha cabeça. Eu estava tão centrado naquilo, que não pensei que era impossível estares a trair-me. Eu nem pensei. Meti-me noutro bar e bebi. Bebi até esquecer tudo. Até tirar aquela imagem horrível da minha cabeça. Fiz algumas asneiras nessa noite – disse, coçando o pescoço – Nada do que possas estar a pensar – disse, abanando as mãos na sua frente.
Eu: O que é que eu estou a pensar?
Diogo: Desde aquele dia que nunca mais estive com outra rapariga. Eu juro por tudo.
Eu: Ok. Nem eu com outro rapaz.
Diogo: Que alívio…
Eu: Continua a história, por favor.
Diogo: Bem, depois dessa noite, acordei. Eu pensava que ia ser mais fácil no dia seguinte… Mas ainda era pior. O facto de não estares comigo, só fez com que as imagens na minha cabeça fizessem sentido. Decidi beber apenas um copo. Pensei naquilo que nos estava a acontecer, naquilo que eu tinha feito. Na promessa que te fiz e que não cheguei a cumprir. Um copo levou a outro… E o resto acho que já sabes. Eu fui tão fraco – disse, despenteando o seu cabelo – Simplesmente, eu estava num dos piores momentos da minha vida. E não te tinha à minha beira, como sempre tive… Irónico.
Eu: Só porque não quiseste. Liguei-te. Muitas vezes.
Diogo: Eu sei… E eu respondi-te. Eu sei que fui um parvo. Mas, tenta perceber, eu achava que me tinhas traído no início. Depois, apercebi-me que não. Eu não sei! Fiquei com raiva daquilo tudo, fiquei magoado.
Eu: E eu? E nós?
Diogo: Desculpa… Eu estou arrependido. Eu juro por tudo. Não te queria pôr assim, nem te queria perder – disse, limpando uma lágrima que escorria pela minha cara.
Eu: Nem eu, Diogo. Não queria que nada fosse assim. Eu fui-me muito abaixo por não me teres ouvido e por não teres acreditado em mim. E odeio-me tanto por estar a ceder. Mas eu não aguento mais. Eu não consigo ver-nos assim. Nem consigo ser a mesma quando não estás por perto. E isso assusta-me tanto – disse, levando as mãos ao meu rosto.
Diogo: Então, por favor, por favor, vamos resolver tudo. Precisamos um do outro. Ambos sabemos isso. Eu juro que vou ter a maior calma do mundo connosco. Sei que vai ser difícil esquecer, mas nós damos sempre a volta a tudo.
Ele retirou as mãos da minha cara e entrelaçou os nossos dedos.
Eu: Porque é que só vieste agora?
Diogo: Estive a ganhar coragem para enfrentar tudo isto.
Sinto-me como descrevi o amor. Tão forte, mas, ao mesmo tempo, tão fraca. Ele dava-me força. Mas, ao mesmo tempo, sentia-me uma fraca por estar a ceder.
Miguel: Eu peço imensa desculpa por interromper… Mas o bar vai abrir em 5 minutos. Achei que queria saber, Guida.
Eu: Sim, sim. Obrigada – disse com um sorriso fraco.
Não o queria largar agora.
Eu: Eu t-tenho que ir.
Diogo: Claro. Fico feliz por não teres sido tão fraca como eu e estares a construir uma carreira. Boa sorte, vais ser maravilhosa.
Eu: Nunca me ouviste a tocar violino – disse, soltando uma pequena gargalhada. O que se passa comigo? Porque é que foi tão fácil de o perdoar? Será mais forte do que eu?
Diogo: Quando te empenhas nalguma coisa, sei que consegues ser muito boa a fazê-la – disse, com um pequeno sorriso.
Aproveitei a sua deixa para me afastar da mesa e subir para o palco. Estava na hora de pôr as minhas ideias em ordem.
Olá, Olá :D
Espero que estejas a gostar da história. Será que a Guida perdoou mesmo o Diogo? É de vez?
Bem, já sabem, se tiverem alguma crítica ou sugestão irei ouvir-vos.
Votem e comentem ;)
bjs
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Who am I?
RomantizmMargarida é uma rapariga de 18 anos. A sua vida muda completamente com um rapaz, Diogo. Conheciam-se desde pequeninos, no entanto, nenhum dos dois tinha coragem de dar o primeiro passo. Ambos se amam muito, mas, será que são inseparáveis? Será que...