Mãe: Mafalda, já chegámos!
As lágrimas escorriam pelo meu rosto, enquanto mantinha o telemóvel encostado ao ouvido. Já tinha passado uma hora e o Diogo ainda não tinha dado sinais de vida. Vou tentar só mais uma vez...
Afinal de contas, ele podia estar longe do telemóvel, a dormir, a almoçar... A estudar. Há um milhão de possibilidades.
Ou podia estar a ignorar-me.
Abanei negativamente a minha cabeça e voltei a marcar o seu número.
Mais uma vez, o som irritante que eu estava farta de ouvir na última hora repetia-se, vezes e vezes sem conta. Passado o que pareceu ser uma eternidade, desliguei a chamada e passei as mãos pelo meu cabelo. Estava farta de fazer figura de parva...
Mãe: Guida? Está tudo bem?
Eu: Olá mãe.
Mãe: O que é que se passou? - disse, sentando-se ao meu lado - Foi o Diogo?
Porque é que todos insistem em falar nele? Será que tudo gira à volta dele?
Eu abanei a minha cabeça afirmativamente.
Mãe: Queres falar sobre isso? - disse, passando a sua mão pelos meus cabelos. Como isto sabia bem.
Eu: Não... - disse, num sussurro.
Mãe: Se me contasses, eu podia ajudar-te. Agora, assim, não posso fazer nada, filha. Não podes contar à tua mãe, é?
Não, eu não consigo contar-lhe. Eu tenho tanta vergonha daquilo que se passou.
Eu: É só que nós discutimos. E ele não me atende o telemóvel... Eu estou a tentar há tanto tempo. Eu acho que nada vai voltar ao normal - disse, e um pequeno soluço saiu dos meus lábios.
Mãe: Oh meu amor, vai correr tudo bem - disse, dando-me o abraço do qual eu tanto precisava - Vocês não conseguem viver um sem o outro. Eu sei disso. Todos sabem. Não podes pensar assim, logo ao primeiro problema, não é meu amor? Vá, agora limpa essas lágrimas e anda almoçar - disse, dando-me um beijo na testa e um sorriso que revitalizou todas as minhas forças.
Levantei-me da cama e fui lavar rapidamente o rosto à casa-de-banho. Observei o meu reflexo no espelho e quase que não me reconhecia. As olheiras eram bem visíveis, bem como o nariz e os olhos demasiado vermelhos. Eu tenho que seguir em frente. Isto vai-me pôr doente, e eu não posso permitir que isso aconteça. Se o Diogo me quiser ligar, que ligue. O jogo está do seu lado, agora.
Desci as escadas rapidamente e entrei na cozinha. A minha família estava sentada à mesa e já estavam todos servidos.
Pai: Então, Guida? Hoje não era suposto estares em casa do teu namorado?
Autch.
Mãe: Disseste que te ias controlar. Então, é bom que o faças. Ninguém precisa de más energias neste momento - disse, olhando de lado para o meu pai.
Eu estava concentrada na comida que se encontrava na travessa. Sabia perfeitamente que o meu pai não iria reagir bem, mas não iria dar parte fraca.
Pai: Não, a sério... Não era suposto estares a almoçar com eles, Guida? - disse, sarcasticamente.
Eu: Sim, era, pai!
Pai: Hum... E porque é que mudaste de ideias?
Mãe: Chega!
Pai: Pois, eu sou sempre o mau da fita, não é? Sabes, Guida, foi por isso que eu reagi assim quando soube que namoravas com o Diogo. Eu já sabia que isto ia acabar por acontecer!
Eu: Claro, pai... Eu sei que nunca quiseste que eu namorasse com o Diogo. Aliás, nunca quiseste que eu namorasse com ninguém, não é?
Pai: Não abuses.
Mafalda: Deixem-na em paz!
Senti o meu lábio inferior tremer. Sabia que isto ia correr mal, mas não sabia que o meu pai iria fazer tudo para que eu me sentisse ainda pior.
Eu: Posso ir para cima? - a minha voz traiu-me e saiu bastante fraca.
Pai: Não, não podes. Não bastava ele pôr-te nesse estado, também te vai tirar o apetite, não é? Era só o que mais faltava.
Eu: Não foi ele que me pôs sem apetite!
Mãe: Vai lá, filha. Eu depois levo-te o almoço ao quarto.
Saí da cozinha a correr. Não queria mostrar que o discurso do meu pai me tinha afetado.
Mãe: Contente com o que fizeste?
Pai: Ela tem que saber as consequências de namorar com alguém... É mesmo assim. Eu irei ajudá-la...
Mãe: Como fizeste agora? Não, obrigada, não precisamos da tua ajuda.
Entrei no meu quarto e fechei a porta. Estava farta de tudo isto. Farta de pais que reagem de cabeça quente e que magoam as suas filhas. Farta de ex-namorados que nem sequer se dignavam a atender um telefonema. Farta de «Rafaeis», de «Eduardos». De tudo.
Neste momento, só queria paz. Deitei-me na cama em posição fetal e agarrei a minha almofada com a máxima força. Fechei os olhos e tentei deixar de pensar em toda esta situação, em todos os meus problemas.
De repente, senti o meu telemóvel a vibrar. Será?
Desbloqueei o telemóvel e o nome dele estava no ecrã. Não hesitei em abrir a mensagem. Se fosse outra bomba, que ela viesse. Estava por tudo, neste momento.
«Por favor, desiste, Guida. Isto não nos vai levar a lado nenhum. Ambos sabemos que eu nunca te irei perdoar. Por isso, por favor, não me voltes a ligar nem me mandes mensagens. Esquece pura e simplesmente que eu existo. É o que irei fazer em relação a ti. Foi bom enquanto durou, mas acabou. Sê feliz. Adeus.»
Uma onda de raiva percorreu o meu corpo e atirei a almofada que eu segurava como se fosse um amuleto para o chão do meu quarto. Esta era a gota de água. Este, sim, era o fim de tudo. E, a partir de agora, teria que aprender a viver sem ele.
Eu parecia um robot que tinha recebido uma simples mensagem. Estava a processar tudo. Mas eu já não tinha espaço suficiente para guardar tanta informação. Estava esgotada.
Precisava de libertar esta raiva antes que explodisse. Amarrei o meu cabelo e arregacei as minhas mangas. Rapidamente comecei a fazer alguns abdominais e algumas flexões. Mas não estava a resultar, por isso, comecei a treinar os meus socos. As lágrimas misturavam-se com o meu suor. Mas não estava a resultar. A raiva era cada vez maior.
De repente, alguém bate à porta.
Olá, Olá :D
Estou a ser um bocadinho má para a Guida, mas a história não podia ser feita só de coisas boas, não é verdade? :P Quem é que bateu à porta?
Bem, aceito qualquer crítica ou sugestão ;)
votem e comentem, por favor :)
bjs
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Who am I?
RomanceMargarida é uma rapariga de 18 anos. A sua vida muda completamente com um rapaz, Diogo. Conheciam-se desde pequeninos, no entanto, nenhum dos dois tinha coragem de dar o primeiro passo. Ambos se amam muito, mas, será que são inseparáveis? Será que...