Capítulo 3

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Diogo: Olá princesa - disse-me, dando-me um beijo demorado na bochecha.

Eu: Olá, tudo bem contigo? - respondo-lhe dando-lhe outro beijo.

Diogo: Sim, está tudo bem - responde-me com um sorriso amarelo.

Eu: Sabes que eu te conheço há 8 anos, não sabes?

Diogo: Sim, sei. Porquê?

Eu: Porque quero que saibas que eu sei perfeitamente quando estás bem ou mal. 

Diogo: Só estou num dia mau, nada de mais... E, tu, como é que estás?

Eu: Nem penses em desviar a conversa, Diogo. Se não me queres contar, não precisas de contar. Mas quero que saibas que eu irei estar sempre aqui para tudo aquilo que precisares - respondo-lhe, com um pequeno sorriso.

De repente, sinto um cheiro agradável e uns braços enormes e fortes a abraçarem-me. Ele está-me a abraçar! Quando ele me abraça, sinto que estou protegida, sinto-me bem. 

Diogo: Obrigado por estares sempre aqui para tudo aquilo que eu preciso - murmorou ao meu ouvido. Nisto, sinto um arrepio. Meu Deus, ele tem que parar de fazer isto, tem que parar de ser tão perfeito!

Eu pego na mão dele e levo-nos para o nosso cantinho. É uma pequena sala que o Mestre construiu para que todos pudessem conviver. No entanto, quase ninguém está lá, preferem treinar com alguns objetos de treino. Por isso, eu e o Diogo estavamos quase sempre sozinhos naquela sala antes dos treinos. 

Quando nos sentamos, reparo que o Diogo tinha uma lágrima a escorrer-lhe pelo rosto. 

Eu: Não te consigo ver assim - e nisto abraço-o, tentando reconfortá-lo - Podes desabafar comigo, como disseste, eu irei estar sempre aqui para ti. Podes confiar em mim.

Diogo: Eu sei, obrigado - disse, mantendo o abraço e dando-me um pequeno beijo no pescoço. Escusado será dizer que me arrepiei outra vez. 

Desfaço o abraço e encaro-o. Tento limpar-lhe algumas lágrimas. Nestes anos todos, só vi o Diogo chorar uma vez e isso foi quando ele descobriu que era adotado. 

Eu: Queres desabafar? - sorri, de forma a que ele se sentisse à vontade.

Diogo: Eu ainda não me acredito naquilo que aconteceu... É tudo tão recente. A minha irmã, ela teve um acidente de carro e agora está no hospital. Acabei agora mesmo de sair de lá. Eu tenho medo que ela possa não recuperar.

Eu: Podias ter-me ligado, eu ia contigo ao hospital para apoiar a tua irmã... E para te apoiar. Mas, tem calma, vais ver que vai tudo correr bem. A tua irmã é uma mulher muito forte - disse fazendo-lhe pequenas festas nas costas.

Diogo: Mas, mesmo que quisesses apoiá-la, não podias. Margarida, ela está em coma.

O seu choro intensificou-se. Nunca o vi assim. 

Fiquei de boca aberta... Eu adorava a Carla, não me acreditava que ela pudesse estar deitada numa cama de hospital, sem qualquer reação. 

Eu: Eu não me acredito, não sei o que te dizer... Mas os médicos já disseram alguma coisa?

Diogo: Eles disseram que ela podia recuperar esta semana, como daqui a um mês. Disseram que o acidente apenas lhe tinha partido um braço e feito alguns arranhões. Mas que ela não estava a reagir. Eles acham que, durante o impacto, o cérebro pode ter sofrido alguma lesão. Daí ela estar em coma - Diogo levou as suas mãos à cabeça, enquanto estava com os cotovelos apoiados nos joelhos - Eu não sei, Guida, eu não sei o que pensar. Os médicos amanhã vão fazer mais exames.

Eu: Queres que eu amanhã vá contigo ao hospital? - A sério que só consegui dizer isto?

Diogo: Não te quero incomodar...

Aproximei-me mais dele e dei-lhe um beijo na bochecha.

Eu: É óbvio que não é incomodo nenhum. Eu quero ver a tua irmã e não quero deixar-te sozinho, principalmente nesta altura difícil. 

Diogo: Obrigado, mais uma vez - Recebi outro abraço.

Fui buscar-lhe um lenço. Mal sai da sala, todos se começaram a rir e a mandar boquinhas.

Rafael: Então, como é que estão os pombinhos?

Eu: Agora não, está bem?

Rafael: Estou a ver que estão mal...

Rúben: Deixa-a em paz, Rafael. Margarida, posso falar contigo?

Eu: Sim, claro.

Fomos para um canto do dojo. O Rúben era o irmão do Diogo.

Rúben: Já soubeste o que aconteceu? - perguntou com lágrimas nos olhos. 

Eu: Sim, Rúben, lamento. Se eu soubesse, iria ter com vocês ao hospital.

Dei-lhe um abraço. 

Rúben: O ambiente lá em casa está mesmo muito pesado. O Diogo quis vir cá para te ver, senão nem vinhamos...

Eu: Amanhã, eu vou com vocês para o hospital. Eu entendo que nestas alturas, o apoio é essencial.

Rúben: Obrigado, Margarida, não era preciso. Bem, vai lá ter com o meu irmão. 

Eu: Fica bem - respondi com um sorriso.

Rúben: Guida? Quero dizer-te que, o meu irmão...

Eu: Sim?

Rúben: Nada, esquece. Vai lá ter com ele - respondeu com um sorriso.

Eu: ok, acho eu...

Fui buscar um lenço para o Diogo.

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