Olhei mais uma vez para o relógio. Já tinha tocado quase todas as músicas que tinha preparado. Olhei para o Sr. Miguel e ele pediu-me para encerrar o espetáculo, felizmente. Despedi-me do ótimo público que estava presente no bar e recebi alguns aplausos. Até tinha corrido bastante bem.
Fui pousar o violino e coloquei um penso que eu tinha para as dores.
Diogo: Queres ajuda com isso?
O meu corpo estremeceu.
Eu: Que susto!
Diogo: Desculpa – disse, passando a mão pelo seu pescoço – Já foste ao médico?
Eu: Foi ele que me diagnosticou a tendinite.
Diogo: Só te receitou esses pensos?
Eu: E fisioterapia.
Diogo: Tens ido? Espera, espera! Não respondas… Não, não tens ido - disse com cara de poucos amigos.
Eu: Isto é o suficiente para me tirar as dores. Eu fico bem.
Diogo: Desculpa… Se as coisas tivessem sido diferentes, não estavas assim…
Eu: Se as coisas tivessem sido diferentes, eu não estava neste momento a ganhar dinheiro e a ajudar os meus pais nas despesas da casa. Nem tudo é mau, acho eu – disse e encolhi os ombros.
Diogo: É… Nem tudo é mau – disse, encarando o chão.
Enquanto arrumava o violino, ambos estávamos em silêncio.
Diogo: Eu disse que ias ser maravilhosa. Adorei ouvir-te – disse, com um sorriso bastante tímido.
Eu: Obrigada. Não foi nada de especial.
Diogo: Aprendeste a tocar assim num mês?
Eu: Na verdade, não. Eu já tocava algumas músicas clássicas. Este mês serviu para aperfeiçoar.
Peguei na caixa do violino e encaminhei-me em direção à porta.
Diogo: Já vais embora?
Eu: Eu tenho que ir.
Diogo: E… Como é que nós ficámos?
Eu: Eu não sei, Diogo. Eu preciso de pensar.
Diogo: Pensar? Não… - disse, despenteando o seu cabelo – Eu não sei se consigo…
Eu: Disseste que não me ias pressionar.
Diogo: Ok. Eu não vou. Demora o tempo que quiseres. Mas, por favor, não te esqueças daquilo que eu te disse. Eu errei. Tenho sido um inútil, um estúpido que anda para aqui. Porque não estou contigo. Tu sabes que eu preciso de ti, eu amo-te.
Quando dei conta, eu já estava a meros milímetros dele. O que é que me deu?
Diogo: E eu sei que posso estar a ser super egoísta, mas esta é a mais pura das verdades. Eu preciso de ti. Não chores, por favor – disse, limpando as lágrimas que teimavam em escorrer pela minha cara.
Eu: Eu não sei o que fazer…
Diogo: Fala comigo.
Eu: Estou tão confusa. Quando o Paulo me perguntou se eu queria falar contigo, eu estava tão magoada que, inicialmente, nem te queria ouvir. Mas, depois, eu vi-te. E percebi que nada disto faz sentido, percebes? Já não quero saber do facto de não teres confiado em mim, nem do facto de eu ter ido ao fundo do poço. Não sei porquê, pensei que não te iria conseguir perdoar… Mas, agora, nem penso nisso. A verdade…
Tive que fazer uma pausa. Já estava a falar com o meu coração. Não estava a ser eu, não estava a ser a rapariga racional que eu costumo ser.
O Diogo aproveitou esta pausa para colocar as suas mãos no meu rosto e encostar as nossas testas.
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Who am I?
RomanceMargarida é uma rapariga de 18 anos. A sua vida muda completamente com um rapaz, Diogo. Conheciam-se desde pequeninos, no entanto, nenhum dos dois tinha coragem de dar o primeiro passo. Ambos se amam muito, mas, será que são inseparáveis? Será que...