Quase que não prestei atenção nenhuma às aulas.
Mariluz: Estás bem, Guida?
Eu: Sim, estou.
Joana: Nota-se.
Eu: Oh... Sabem o Diogo do karate?
Mariluz: Era impossível... Estás sempre a falar nele.
Joana: Também é compreensível. Se eu tivesse um deus grego a treinar quase todos os dias comigo, também estava sempre a falar nele.
Eu: Ele está a passar por uma má fase e eu tenho que o ir apoiar. A irmã dele teve um acidente de carro e agora está no hospital em coma.
Mariluz: A sério?
Eu: Sim, eu hoje vou ter com ele e vou vê-la. Espero que ela tenha melhorado...
Mariluz: Vais ver que sim.
Joana: Vai lá, não deixes o rapaz à espera.
Despedi-me delas e fui de autocarro até ao hospital. Quando lá cheguei, liguei ao Diogo para lhe perguntar qual era o quarto e o piso.
Quando lá cheguei, o Diogo e o Rúben estavam sentados à porta do quarto. Dei-lhes um abraço a cada um. O Diogo teve direito a um beijo na bochecha.
Eu: Olá. Como é que ela está?
Diogo: Está na mesma. Os médicos já acabaram de fazer os exames que queriam, agora temos que esperar pelos resultados.
Eu: Posso ir vê-la agora?
Rúben: Estão lá os nossos pais agora...
Eu: Ah, ok, desculpem, não sabia.
Diogo: Não faz mal.
Rúben: Bem, vão-me desculpar, mas eu preciso mesmo de ir comer alguma coisa. Tu também devias de comer, mano.
Diogo: Eu não tenho fome.
Eu: Há quanto tempo é que não comes?
Diogo: Há mais ou menos 4 horas.
Eu: E o que é que comeste?
Diogo: Uma sandes.
Eu: O teu irmão tem razão. Tens que comer.
Diogo: Não consigo - disse, olhando para o chão.
Eu: Anda, eu faço-te companhia - disse, puxando-lhe o braço. Nota-se o quão fraco ele está, porque só com um pequeno puxão consegui fazer com que ele saísse do sítio onde estava.
Rúben: Ai mano, mano, se não fosse a Guida...
O Diogo aproximou-se de mim e deu-me um pequeno beijo na testa. Fomos em direção à cantina do hospital. Era um longo caminho a percorrer. O Diogo colocou o seu braço por cima dos meus ombros, talvez por se sentir demasiado fraco para andar aquilo tudo sem ajuda.
Diogo: Queria uma sopa, por favor.
Eu: Só isso?
Diogo: Não sejas chatinha. Sim, só uma sopa.
A empregada sorriu para nós e foi buscar a tal sopa.
Sentamo-nos numa mesa e o Diogo ficou a olhar fixamente para a sopa.
Eu: Queres que faça como os bébes, e te dê a sopa?
Ele soltou uma pequena gargalhada.
Diogo: Ok, ganhaste.
Fiz um sorriso vitorioso por o ter conseguido convencer.
Rúben: Eu vou ter com uma amiga minha, está bem? Encontramo-nos no quarto.
Diogo: Sim, Rúben, uma amiga...
Rúben: Não queiras que eu comece a falar, está bem, Diogo?
O Rúben sai da nossa beira.
Eu: O que é que se passou aqui?
Diogo: É o Rúben que gosta de uma rapariga, mas não quer admitir.
Eu: Pois, mas devia.
Diogo: É, ele devia. Mas, sabes, às vezes é muito difícil. Principalmente quando essa rapariga é muito nossa amiga.
Eu: Eu sei, eu percebo.
Fomos para o quarto da Carla. Vejo os pais dela a saírem de lá.
Eu: Olá.
Kate: Olá, querida. Por aqui?
Notava-se que ela tinha estado a chorar.
Eu: Sim, vim ver a Carla. Lamento tudo o que aconteceu.
Kate: Eu sei, querida - disse, dando-me um abraço.
Will: Olá, está tudo bem contigo?
Eu: Sim, está, obrigada. E consigo?
Will: Vai-se andando, querida.
Eu: Vão ver que vai correr tudo bem. Eu tenho a certeza.
Kate: Esperemos que sim. Queres ir vê-la agora?
Eu: Sim, gostava muito.
Will: Diogo, queres ir com ela?
Diogo: Sim, claro. Se ela não se importar...
Eu: É claro que não.
Tens que controlar as lágrimas, Margarida. Senão vais piorar tudo.
Entrei no quarto. Não queria acreditar. A rapariga que eu sempre vi a sorrir, divertida, saudável, está agora aqui, assim, numa cama de hospital. De repente, uma lágrima cai-me pelo rosto. Apresso-me a limpá-la, mas vou tarde de mais. O Diogo já tinha tratado disso.
Eu: Desculpa, só estou a piorar tudo... É que a tua irmã é muito minha amiga. Não imagino por aquilo que tu estás a passar.
Dei-lhe um abraço. O Diogo também estava a chorar.
Diogo: Obrigado por estares aqui. Sabes, hoje ainda não tinha conseguido entrar neste quarto.
Eu: Eu percebo-te.
Ficamos muito tempo assim. Era tudo mais fácil. Mas, depois, comecei a sentir-me um pouco zonza e pensei em sentar-me um bocadinho.
Diogo: Estás bem? Estás um bocadinho pálida.
Eu: Isto já passa. Não te preocupes.
Peguei na mão da Carla e comecei a fazer pequenos gestos circulares.
Diogo: Achas que ela nos consegue ouvir?
Eu: Não sei, sinceramente, não sei.
Ele aproximou-se de mim, e sentou-me numa cadeira a meu lado. De repente, o Rúben entra no quarto acompanhado por uma cara que não me era nada estranha... O que é que ela estava aqui a fazer?
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Who am I?
RomanceMargarida é uma rapariga de 18 anos. A sua vida muda completamente com um rapaz, Diogo. Conheciam-se desde pequeninos, no entanto, nenhum dos dois tinha coragem de dar o primeiro passo. Ambos se amam muito, mas, será que são inseparáveis? Será que...