Mãe: Filha, já arrumaste tudo?
Eu: Sim, mãe. Já está tudo na mala.
Não parava de sorrir. Não podia acreditar que amanhã iria para Itália. Esta viagem era muito especial para mim por dois motivos. Primeiro, porque sempre amei este país. Segundo, levava alguém que eu amava incondiciolnamente.
Ouço alguém tocar à campainha. Como sempre, espreitei pela janela para ver quem era.
Mãe: Quem é?
Eu: É ele - disse, já a correr pelas escadas abaixo.
Ainda consegui ouvir a minha mãe a suspirar, mas sei que ela está muito feliz por nós.
Ao tentar abrir a porta, as minhas chaves caíram.
Estava tão feliz por ir com ele. Mal abri a porta, senti os seus braços fortes à volta da minha cintura.
Diogo: Olá, amor - disse, num sussurro - Pronto para a big trip?
Eu: Nem consigo acreditar - disse, com o maior sorriso do Mundo.
Ambos nos despedimos da minha família e fomos para o aeroporto. Rapidamente fizemos o check-in e entramos no avião que nos ia levar à viagem espetacular que íamos ter.
Diogo: Nervosa? - disse, passando o seu dedo indicador pelo meu lábio inferior que estava a ser bastante mal tratado devido aos nervos.
Eu: Um bocadinho - disse, aconchegando-me mais a ele.
O avião finalmente descolou e tudo estava a correr às mil maravilhas. Com o Diogo ao meu lado, não tinha medo de andar naquela máquina estúpida.
Hospedeira: Peço desculpa, mas vão ter que apertar os cintos. Estamos a passar por uma zona de turbulência.
Diogo: Não é normal haver turbulência tão próximo de terra, pois não?
Hospedeira: Não se preocupe, o nosso piloto é bastante experiente e sabe o que faz - disse, com um sorriso demasiado amarelo para meu gosto.
O avião começou a oscilar e eu e o Diogo abraçamo-nos.
Sabia que algo de mal ia acontecer... As hospedeiras passaram por nós a correr e rapidamente se sentaram nos seus lugares e apertaram os cintos. Isto não deve ser bom.
XXX: Daqui fala o vosso comandante. Peço a todos os passageiros que mantenham a calma. Estamos a passar por uma zona de turbulência e um dos motores encontra-se em risco. Irei fazer todos os possíveis para controlar o avião.
Lágrimas escorriam pelos meus olhos e uma sensação de impotência apoderou-se de mim. O Diogo não descolava os seus olhos dos meus.
Diogo: Eu amo-te. Desculpa por tudo.
Eu: Eu também te amo - disse, limpando uma lágrima que lhe escorria pelo rosto.
Abraçamo-nos e deixámo-nos ir juntamente com o avião. Fechei bem os olhos e apertei mais o Diogo contra mim, como se ele fosse o meu amuleto da sorte. Gritos eram ouvidos por toda a parte.
XXX: Margarida! Guida, por favor, acorda!
O quê? Não estou a perceber...
Abri, finalmente, os olhos. Rapidamente me sentei. Sentia as costas e a cara toda molhada.
Mãe: Foi só mais um pesadelo. Tem calma - disse, abraçando-me.
Já tinha passado um mês desde que eu e o Diogo acabamos. Os pesadelos eram algo bastante frequente. No entanto, com o tempo, iam ficando cada vez piores. No início de tudo isto, os meus sonhos eram apenas recordações daquilo que tínhamos sido. Agora, todos os meus sonhos acabam assim. Um de nós morria sempre... Todos os dias, a minha mãe ou o meu pai acordavam-me.
Agora, praticamente não chorava. Apenas o fazia quando tinha estes pesadelos horríveis.
Mãe: Já marquei a tua consulta para o psicólogo.
Eu: Eu não quero nada disso.
Mãe: Vai-te fazer bem. Olha bem para ti, Guida. Magra como tudo. Já não sorris como antes. Não estás atenta às nossas conversas. Passas horas e horas aqui fechada a tocar violino e de concerto em concerto. Achas que isso é uma vida, meu amor? Eu percebo o teu fascínio e adoro que te estejas a sair bem, que toques bem. Mas não podes viver disso.
Sim. Agora focava toda a minha atenção no violino. É óbvio que não tinha deixado de treinar, não iria conseguir viver sem isso. Mas o karate lembrava-me dele. E não podia correr o risco de canalizar toda a minha energia para algo que me trouxesse tantas recordações.
Por isso, entrei numa academia e continuei os meus estudos em música. Neste momento, estava à espera de ser aceite na faculdade para a qual eu tanto me esforcei para entrar, por isso, tinha muito tempo livre.Eu: Eu sei, mãe. Mas tocar violino não me faz mal nenhum.
Mãe: Tens a certeza? E essa tendinite que formaste num mês?! Um mês, Guida. De certeza que é muito difícil evoluir tanto e tão depressa.
Eu: Não é para quem trabalha...
Mãe: Para quem vive para isso, queres tu dizer. Filha, tu tens que acordar. Estás a fugir ao problema que tens em mãos.
Eu: Queres que faça o quê? Que vá a casa dele?!
A minha mãe ficou bastante espantada com o meu tom de voz.
Eu: Eu vou à consulta, se quiseres. Mas vou continuar a fazer aquilo que gosto. Pelo menos até as aulas começarem - disse, olhando para as minhas mãos.
Quando acordava assim, não conseguia olhar para a minha mãe. Ela estava tão triste por minha causa. Mas eu não conseguia reagir de outra forma. Eu tinha que arranjar uma distração e algo que me realizasse. Que me desse um décimo da felicidade que ele me dava.
Mãe: Eu vou-me deitar. Está tudo bem?
Eu: Sim, obrigada - disse, forçando um sorriso.
Mãe: De certeza? Posso ficar aqui...
Eu: Sim, mãe. Podes ir.
Mãe: Dorme bem - disse, dando-me um beijo na testa.
Respirei fundo e voltei a deitar-me na cama. Será que algum dia isto ia deixar de piorar? Nunca me tinha sentido tão mal.Os meus amigos? Eles ajudam-me bastante e fizeram-me perceber que a vida não pode acabar aqui, que ainda tenho muitas pessoas para conhecer. Mas eu não consigo pensar como eles...
Eu sempre critiquei aquelas raparigas que eram demasiado dependentes dos seus namorados. Sempre pensei que uma separação doesse, mas que, depois, a vida iria continuar normalmente. Mas não estou a conseguir reagir dessa forma. Estava demasiado ligada ao meu ex-namorado.
Tento esquecer-me de tudo. Tento fazer o que ele me disse. Mas ele está demasiado presente.Não sei nada sobre o Diogo. O Rúben nem fala comigo. A Carla apoia-me, mas, por respeito ao irmão, não me conta nada do que se passa. Talvez seja melhor assim... Quando vejo os raios de sol a aparecerem no horizonte, tenho alguma paz e consigo fechar os olhos. Esta vista tem sido uma das minhas grandes ajudas. E sei que, com tantas ajudas, um dia vou conseguir voltar ao que era.
Adormeço com um pequeno sorriso nos lábios, mas com uma sensação enorme de vazio no peito.
Olá, Olá :D
Caso não tenham, percebido, fiz um avanço temporal na história de um mês. O Diogo vai aparecer nos próximos capítulos... Será isso bom ou mau sinal? O que é que acham que vai acontecer?
Espero que estejam a gostar. Sei que a história anda um pouco trágica, mas, não se esqueçam, o verdadeiro amor supera tudo, certo? Ou não? ;)
Votem e comentem ;)
bjs

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Who am I?
RomanceMargarida é uma rapariga de 18 anos. A sua vida muda completamente com um rapaz, Diogo. Conheciam-se desde pequeninos, no entanto, nenhum dos dois tinha coragem de dar o primeiro passo. Ambos se amam muito, mas, será que são inseparáveis? Será que...