Capítulo 4

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Quando lhe fui dar o lenço, ele já estava com melhor cara. Apesar disso, notava-se perfeitamente que tinha estado a chorar. 

Diogo: Obrigado, princesa.

Eu: De nada. Já te sentes mais aliviado?

Diogo: Sim. Graças a ti - disse, dando-me um beijinho na testa.

Rafael: Desculpem interromper pombinhos, mas o Mestre disse para pararem de namorar e para irem ajudar no treino das crianças.

De repente, vejo o Rúben a puxar-lhe o braço.

Rafael: Então, estás a magoar-me!

Rúben: Eu não disse que os vinha chamar?! Vai lá, o Mestre também está à tua espera.

Rafael: Está bem. Até já pombinhos.

Ambos suspiramos. Esta tinha sido a nossa vida quando estavamos no Dojo. Todos faziam piadinhas deste género. Quer dizer, ultimamente, o Rúben deixou de as fazer. Ele tem andado um pouco estranho.

Eu: Nós já vamos, Rúben.

Rúben: ok, até já.

O Diogo deu-me mais um abraço e fomos ajudar no treino das crianças. 

O treino estava a correr bem, até que o Mestre mandou fazer exercícios a pares. Eu, como sempre, fui para a beira do Diogo. 

Diogo: Guida, acho melhor hoje não treinar contigo. Estou demasiado enervado, percebes? Desculpa.

Eu: Não faz mal, a sério. 

Não sabes mentir muito bem, Margarida...

Diogo: De certeza? Vou então treinar com o meu irmão.

Mestre: Pombinhos, deixem de namorar. Diogo, vais treinar com quem afinal?

Diogo: Com o Rúben.

Rafael: Pois, eu já tinha reparado que os pombinhos não têm andado muito bem...

Rúben: Que chato, deixa-os em paz.

Agradeci mentalmente ao Rúben. Não me importava de treinar sem o Diogo, mas estaria a mentir se dissese que o treino tinha sido como todos os outros. Sempre que estou com ele, tudo fica bem, esqueço completamente os meus problemas. 

No fim do treino, dei um abraço ao Diogo e ao Rúben, porque eles iam-se embora mais cedo do que o costume. 

Quando cheguei a casa, lembrei-me que não fazia ideia do hospital em que a Carla estava internada. Decidi ligar ao Diogo.

Diogo: Estou? Que surpresa agradável!

Eu: Ola, Diogo! Como é que estás?

Notava-se perfeitamente que tinha estado a chorar. Conhecia muito bem a voz dele.

Diogo: Eu estou bem, não te preocupes comigo.

Eu: Impossível.

Ele soltou uma pequena gargalhada. Que saudades de ouvir este som.

Diogo: E como é que tu estás?

Eu: Bem, obrigada. Olha, esqueci-me completamente de te perguntar em que hospital é que estava a tua irmã internada.

Diogo: Que parvo, esqueci-me completamente de te dizer. Está no S. João. Queres ir comigo amanhã de manhã? Eu posso levar-te.

Eu: Eu gostava muito, mas não posso. Vou ter aulas. Mas, logo que as aulas acabem, vou ter com vocês, está bem?

Diogo: Sim, não quero que faltes às aulas.

Eu: Sabes quem é que trabalho nesse hospital?

Diogo: Quem?

Eu: A minha mãe. Por isso, se vires que a tua irmã não está a receber o que merece, é só dizer. A minha mãe pode ajudar.

Diogo: Muito obrigado, mas não é preciso. Acho que ela está em boas mãos, pelo menos por agora.

Eu: Diogo, vais ver que vai correr tudo bem. Ela tem as melhores pessoas do lado dela e é uma mulher muito forte.

Diogo: Não, vai ter as melhores pessoas ao lado dela amanhã, quando tu chegares - soltou uma pequena gargalhada.

Eu: Oh, nada disso.

Ficamos, sem exagero, horas a fio a conversar. Quando dou por mim, já eram 3 da manhã. Bonito, amanhã vou ter aulas às 8:15h. 

Eu: Diogo, vou ter que me ir deitar. Amanhã tenho aulas de manhã.

Diogo: Hey, não tinha noção que era tão tarde. Desculpa, princesa. Já te prendi por muito tempo. Vai lá dormir. Boa noite, dorme bem.

Eu; Tu também, até amanhã.

Diogo: Até logo - soltou uma pequena gargalhada. 

Pronto, e é agora que vai começar aquela história do «desliga tu».

Diogo: Desliga, princesa.

Eu: Desliga tu.

Diogo: Hoje vou desligar eu, porque tens aulas amanhã, se não tu ias ver. Boa noite, princesa.

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