96. Decepcionada

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Camila Cabello |Point Of View



São quatro horas da madrugada... E eu não consegui dormir. Fiquei pensando nessa volta dele... E se ele machucar minha família?

Olhei para Lauren... Ela dormia tranquilamente, se algo a machucar eu nem sei o que sou capaz de fazer.

Aproximei-me dela e selei nossos lábios, várias vezes, até ela acordar e levar a mão até minha nuca, aprofundando o beijo. Fiquei aproveitando aquele beijo até Lauren me afastar e traçar o contorno do meu rosto, sorriu quando eu beijei a ponta do seu dedo que corria por meu lábio.

— Eu te amo tanto, Camz.

— Eu também te amo, Lauren. Cada dia mais...

— Queria limpar essa cabecinha de todos os problemas. – Ela selou nossos lábios.

— Estou bem, amor. – Ela me encarou com sobrancelha arqueada. — Sério... Antigamente doía muito, mas me acostumei a não ter um pai. Ele não foi meu pai quando precisei, agora eu não preciso mais e estou assim porque estou com medo. Ele ameaçou minha vida uma vez não sei até que ponto vai a loucura dele. Eu falei tudo que guardei por esses anos, mas me arrependi. Posso ter deixado ele com raiva... Eu não preciso dele, Lauren.

— Não precisa mesmo. Você tem uma família que ama você muito e está aqui para você sempre. Não se martirize, você precisava falar aquilo, era seu direito. – Assenti e novamente selei nossos lábios. — Os meninos notaram que você estava pensativa hoje, ficaram preocupados.

— Eu tentei disfarçar, mas eu não consigo entender esse retorno repentino dele.

— Eles perguntaram quem é Alejandro, nos ouviram no almoço, mas não quiseram interromper na hora.

— Morri de medo quando Ísis se aproximou de Alejandro, se ele falasse algo...

— É só negar, Camz. Diz que ele é um louco.

— Espero que a Sofia não fale nada.

— Ela não vai se meter nisso, fique tranquila.

Repousei minha cabeça no peito dela, Lauren ficou acariciando meus cabelos e consegui dormir um pouco.

×××

Estávamos à mesa tomando café, no sábado os meninos ficavam “sozinhos” pela manhã. Com a empregada, mas eles usavam para estudar um pouco, foi um jeito de demonstrar o quanto confiamos neles, mas sempre que chegávamos ao meio dia eles estavam dormindo.

Após muita insistência, Lauren aceitou que eu a levasse no trabalho, pois hoje nossos horários batem e não trabalhamos à tarde.

— Sebastian disse que você conheceu todos os amigos dele.

— Conheci toda aquela escola. – Ela gargalhou. — Sério. Até para as colegas da irmã ele me apresentou.

— Ele estava tão feliz por sua visita.

— Eu vou ir mais lá. Ele logo está na faculdade e vai odiar minhas visitas.

— Vai morrer de vergonha dos nossos apelidos. – Eu neguei e sorri. — Ele não fala de namoro com você?

— Não. Ele disse que estava escolhendo entre umas meninas aí. – Ela revirou os olhos. — Amor... Ele faz um sucesso enorme. As meninas ficam só em volta dele.

— Eu vou ficar velha cedo. – Segurei a mão dela e a beijei.

— Eles estão crescendo rápido demais.

— Concordo. Fizemos um bom trabalho, não? Eles são ótimos.

—  Claro que sim, amor.

Ela repousou a cabeça no meu ombro e eu sorri. Eu só queria ficar assim com ela o dia todo. Estacionei na frente do prédio dela e selamos nossos lábios. Esperei ela entrar na grande porta de vidro e segui meu rumo.

×××

Liberei todos dez minutos mais cedo, era sábado, a semana foi estressante e como Dinah pega pesado com eles, achei que não haveria problema. Lauren teve a mesma idéia, só estava me esperando.

— O que vamos fazer hoje? – Ela perguntou, sempre fazemos alguma atividade nos sábados.

— Tem alguma sugestão? Estou sem idéias.

— Quero ir à praia.

— Praia?

— Sim. Compramos aquela cabana e nunca vamos para lá.

— Verdade. Nem naquela casa de campo. Acho que vou vender ela.

— Não. Dê ela a Sebastian, deixe que ele decida depois.

— Boa idéia. Na volta da praia mostramos o lugar para ele. A carteira dele chega na terça, vou levar ele para escolher um carro. – Balancei minha cabeça. — Nem acredito que ontem ele me chamou de Tatá e agora nem na escola mais preciso levar ele.

— Engraçado foi ele não querer a do ano passado.

— Achei estranho também.

Chegamos à nossa casa e o carro de Sofi estava lá.

— Sofia veio almoçar conosco. – Eu disse sorrindo e Lauren assentiu.

— Ela está se sentindo culpada por se relacionar bem com Alejandro.

— Mas eu disse que está tudo bem. – Entrelacei meus dedos aos de Lauren e entramos na casa.

Sofia tinha mesmo a expressão de culpada e a abracei.

— Hey pequena.

— Desculpe, Kaki.

— Não se desculpe.

— Papinha! Mama! – Ísis correu até nós. — Que bom que vocês chegaram. Venham ver o Vô Alê. – Encarei Sofia e ouvi Lauren exclamar um “eu não acredito”.

— Você está de brincadeira, Sofia? – Foi o que eu disse antes de seguir Ísis. Alejandro conversava com Sebastian.

— Oi, papa. Você disse que não tinha pai.

— E eu não tenho.

— Filha...

— Cale a boca e saia da minha casa antes que eu chame a polícia.

— Ele não é nosso avô? – Ísis perguntou e Lauren apertou meu braço. Me pediu calma.

— Não, minha filha. Ele é pai da Sofia. É uma longa história, mas o final dela é que esse homem queria muito mais ser pai de vocês do que da Sofia.

— Kaki...

— Não me chame assim, Sofia. Você me decepcionou muito. Estou extremamente magoada com você. Vai embora e leve esse lixo com você. – Ele foi se aproximar dos meus filhos. — E nem pense em tocar neles, ou eu mesmo te expulso daqui. E já pede para ele te contar o que realmente aconteceu, Sofia. Do porque não considero esse homem como pai. Você não contou a ela? Eu te poupei, Sofia. Achei que não te afetaria, mas se ele te convenceu a vir até aqui, ele te deve isso agora.

Eles saíram, Sofia estava chorando. Lauren me abraçou e os meninos ficaram se olhando.

— O que houve com ela, amor? Como ela o coloca dentro da nossa casa?

— Calma, amor. Não seja dura com ela, Sofia não sabe de tudo e você mesmo disse que para ela Alejandro foi um bom pai.

— Mas não aceito isso. É o nosso lar, nossa paz tem que fluir aqui. Que ódio desse imundo, eu disse para ele não se aproximar. – Lauren acariciou minhas costas e eu a apertei mais contra mim. — Desculpem por isso, crianças. Hoje nós vamos à praia.

— Praia? – Ísis perguntou.

— Sim. – Eles bateram as mãos e eu beijei a testa de Lauren. — Preciso ficar um pouco sozinha. Vou ficar no escritório enquanto você prepara as coisas.

— Não tem que ficar sozinha.

— É só um pouco, amor.

Ela me soltou, muito contrariada e eu fui até o escritório, tranquei a porta e sentei na poltrona em frente ao meu computador. Droga! Porque esse homem não evapora?

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