110. Garotinho

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Lauren Jauregui|Point Of View



— Você pode respirar, Jane. – Ela colocou a mão no peito.

— Desculpe... Só estou nervosa com essa situação.

— Não fique. – Estacionei o carro no acostamento.

— Aí meu Deus... – Ela disse se segurando no banco.

— Não tenha medo, Jane. Eu quero conversar com você, mas não é nada grave.

— A senhora me deixa nervosa, Sra. Cabello.

— Pode me chamar de Lauren. Jane... Ontem eu estava conversando com Camila no telefone e sabe que nos tratamos como namoradas?

— Sei, Senhora Cabello. Ela até carrega a senhora no colo quando estou lá. Acho muito linda essa relação de vocês.

— Obrigada. – Soltei o cinto. – E ontem quando brincamos... Senti aquele frio no estômago e me senti culpada. Acho que estou privando Sebastian dessas coisas... Dessas sensações e não posso ser egoísta. Já fiquei sem falar com meu pai quando era mais nova por coisas bem menores e Sebastian não me diz um “a” sobre isso.

— Um cavalheiro não responde a damas. – Sorri. — Ele sempre me diz isso... E olha que eu já testei a paciência dele.

— Ele é igualzinho a Camila.

— Sim.

— Por ele ser tão parecido com a Camila, sei que ele é muito sensível. Camila é aquela muralha toda, mas sei todas as cicatrizes que aquela farda esconde.... E com farda eu me refiro a pele. – Jane tinha os olhos vidrados nos meus. — E eu não quero meu filho com essas cicatrizes, sei que é impossível, mas Camila e eu vamos tentar protegê-lo ao máximo. Não posso privar ele e não posso deixar ele sofrer. Você entende minha situação?

— Sim, Sra. Jauregui. Antes eu achava exagerado, agora entendo seu lado.

— Não magoe meu garotinho, Jane. Ele é meu maior tesouro e não posso ver ele quebrado. Espero que goste mesmo dele... Da pessoa dele e não o veja como um garoto lindo e popular que vai fazer inveja para suas amigas.

— Não tenha uma impressão dessas sobre mim, senhora Cabello.

— Eu sei o que as garotas da sua idade pensam, eu já estive deste lado do banco.

— Claro que ele é lindo. Tem um corpo dos deuses e aquele sorriso de lado...

— Nem me fale. A Camila nos seus dias.

— Então... Mas eu sei que ele não é só isso. Sei que ele é um cara super inteligente, focado, tem um propósito... Sabe como é difícil conversar com garotos da minha idade sobre alguns assuntos? E ele tira de letra, sempre tem opiniões formadas e nunca discute... Sempre mostra o lado dele e aceita se a outra pessoa não o apoiar. Confesso que gosto dele, muito mais do que deveria, gosto de ser tratada como uma dama... No começo, não fazia idéia do interesse dele, mas foi rápido para eu me encantar... E é a primeira vez que estou ficando com alguém que não vai quebrar meu coração. E eu gosto dessa segurança. Poderia ficar até a noite falando sobre o ser humano fofo que é seu garotinho, mas não quero tomar seu tempo. – Eu a puxei para um abraço, depois do susto ela retribuiu.

— Vou confiar em você.

— Obrigada, Sra. Cabello.

— Me chame de Lauren. – Arrumei meu cinto. — Vou te levar antes que os seus pais achem que te sequestraram.

— Eles nem lembram que tem filha, Sra. Cabello.

— Eles trabalham demais, não é?

— Sim. Fui criada pela governanta... Vou para casa de táxi, pois meu pai nem tempo que assinar um cheque para me dar um carro ele tem. – Ela negou. — Mas isso não importa mais. Pelo menos agora sei que a Senhora não me odeia.

— Nunca odiei... Só odiei o fato deles crescerem tão rápido.

Ela assentiu e logo a deixei na casa dela... Na mansão, na verdade.

Camila Cabello|Point Of View



Cheguei na nossa casa e fui tomar um banho. Depois procurei os meninos... Os dois estavam no quarto de Sebastian assistindo algum desenho.

— Oi, amores. – Ganhei um abraço apertado dos dois e eles voltaram a posição em que estavam. – E a mãe de vocês?

— Foi levar a Jane em casa. – Ísis disse e eu pulei da cama.

— Ela vai matar a garota... Como você deixou?

— Não, papa. Ela me prometeu que só quer conversar com ela.

— Mas o que?

— Não sei.

Fiquei imaginando os jeitos que a Lauren deve estar estrangulando a menina, mas Sebastian parecia muito calmo... Resolvi ficar também. Acompanhei eles com os biscoitos e Ísis deitou no meu peito quando me escorei.

Lauren entrou no quarto e selou nossos lábios quando se aproximou.

— Tudo certo, Mama?

— Sim, filhote. – Ela disse e bagunçou os cabelos dele. — Podemos conversar, meu amor? – Ela me encarou e eu assenti. Fomos para o nosso quarto.

— O que você fez com o corpo?

— Não seja palhaça, Camila.

— Eu posso enterrar, mas não vou encostar nela.

— Não matei a garota... Só achei que devia conhecer ela melhor. – Arqueei uma sobrancelha.

— O que você está aprontando?

— Nada. Só vi o quanto estava sendo egoísta. Lembra de como éramos no começo... Aqueles grudes... Os jantares... É tão empolgante e eu estava privando ele de tudo isso... Vou ficar com ciúmes, mas não posso deixar ele trancado do mundo.

— Isso foi lindo, Lauren. Você está absolutamente certa, vamos ajudar ele a ser feliz. – A abracei. — Sabia que você entenderia.

— Ela gosta dele, Camz. Eu vi nos olhos dela uma admiração enorme.

— Não tem como não se apaixonar por ele. – Disse e selei nossos lábios. Ísis entrou no quarto.

— Papa... O Seb está te chamando. Ele falou para eu olhar o desenho com a mama um pouco, pois é coisa de vocês.

— Coisa nossa? – Ela assentiu.

— Sobre sexo? – Lauren falou no meu ouvido.

— Já desistiu de ser a compreensiva? – Ela revirou os olhos e me empurrou do quarto. Virei antes de sair por completo e me aproximei dela, a segurando.

— Você não vem me ajudar?

— Acho que não estou pronta. – Assenti e fui até o quarto dele. Me deitei na cama ao lado dele.

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