18. Multiplique a dor

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Camila Cabello|Point Of View


Fui até o mercado, comprar umas coisas para o jantar. Quando estava na prateleira das massas, avistei Camila e fiquei imóvel. Fiquei sem saber como agir.

— Que droga! Você está me seguindo? Está em todo lugar que vou... – Ela falou. Fiquei olhando ela por um tempo.

— Olha... Estava te seguindo mesmo, mas agora só vim fazer compras. – Falei colocando um espaguete e colocando na cesta. – Mas é sempre bom te ver. – Falei dando os ombros e me aproximei dela, encostei meu corpo no dela e mirei sua boca. – Preciso deste molho... – Falei pegando o molho e me afastando dela, ela ficou com a boca aberta e me olhando. – Não. Esquece essa cena, não quero te conquistar desta forma. Quero você comigo por vontade... Se isso demorar, ou não acontecer... Prefiro um jogo limpo... Já que comecei com um sujo e baixo. Eu sei... Você está ficando com Tay. – Ela arregalou os olhos.

— Ficar não é a palavra.

— Não precisa se explicar...

— Não sou abusadora ou algo do tipo, a gente só dá uns beijinhos às vezes. Nossa amizade é maior que tudo, e isso é bem claro. – Meu peito apertou.

— Isso dói.

— É bom. Multiplique essa dor por cem, essa é minha dor. – Ela colocou um molho na cesta e saiu dali, me deixando sozinha.

Fui para casa, mas só conseguia imaginar minha irmã beijando a minha tenente. Caminhei até a casa de meus pais, quando cheguei ao quarto de Tay, ela está assistindo "2 Broke Girls" e gargalhando a cada tirada cômica e brilhante desta série genial.

— Oi Laur.

— Oi Tay. – Sentei ao lado dela.

— Já estava indo lá.

— Agora vamos assistir. – Depois de dois episódios. – A Camila a não falou nada sobre mim?

— Ela está magoada... De um tempo a ela.

— Tempo para vocês se beijarem mais.

— Que loucura é essa?

— Ela me contou hoje.

— Argh... Como ela é certinha. Desculpe Laur...

— Está tudo bem. Devo te ver como adversária?

— Não Laur. Ela tem um beijinho gostoso, mas é tão minha amiga que não consigo ver mais que uns beijinhos. Nós nos amamos, mas é de forma diferente.

— Nem fale no beijo dela... – Me deitei na cama. – Morro de saudade dele... Dela. – Ela acariciou minha cabeça. – Desculpe Tay. Você é amiga dela...

— Sou sua irmã Laur, estou adorando ver que você tem um coração. – Sorri.

— Infelizmente... Tenho.

— Vamos lá. – Ela estendeu a mão e me alcançou uma chave. – Pegue. Vá até o apartamento dela e tente conversar.

— O porteiro não me deixa passar.

— Vou com você e fico na casa da Sinu.

— Tenho medo.

— Tente. Tente com medo, com raiva, com qualquer coisa, mas tente.

— Vamos logo.

— Tomei um banho e me arrumei, peguei as chaves do carro e fomos pra lá. Quando chegamos, não me impediram de passar e Tay entrou no apartamento de Sinu, sem bater. Fiquei parada na porta e depois entrei. Ela estava na cozinha, vestindo um top, uma bermuda, que deixava a barra da cueca aparecendo. O cabelo preso em um coque frouxo.

— Camz... – Ela virou no susto.

— Porra! Droga! Invasão a domicílio é demais.

— Precisava te ver. – Ela desligou o fogão, cruzou os braços e se escorou na pia, de frente pra mim.

— Bom... Depois de tanto tentar, estou escutando.

— Na verdade, não tem muito que dizer, fui filha da puta mesmo e quero que me desculpe.

— Isso foi...

— Idiota e decepcionante?

— Eu ia dizer sincero, mas já que colocou desta forma. Você está certa... Não tem muito que dizer.

— Me arrependo, Camila. Arrependi na hora, mas fui burra e não voltei atrás.

— Juro que a única coisa que consigo registrar foi o ocorrido, não seu arrependimento. Você não agiu como alguém arrependido. Eu vi você tomando café com ele.

— Eu só me encontrei uma vez com ele, depois daquilo e foi para dizer isso. Que estava arrependido e tinha cometido um erro.

— Não estou pronta pra perdoar... Não consigo esquecer.

— Não vou te pedir isso, pra esquecer. Sei que não tem como, mas me dê uma chance... Conviva comigo.

— Tipo... Amigas?

— Conseguiremos?

— Podemos tentar.

— Queria te pedir uma coisa.

— O quê?

— Queria te dar meu abraço... Guardo-o desde o dia que você voltou da guerra. – Ela abriu os braços e corri para eles. Apertei-a tanto, que ela soltou uma risadinha com meu desespero.

— Você está diferente. – Levantei os olhos e ficamos nos encarando.

— Diferente ruim?

— Diferente... Diferente. – Ela beijou minha testa. – Como somos amigas, você pode provar esse meu manjar dos deuses aqui. – Sorri.

— Eu adoraria. – Depois do jantar, conversamos um pouco e uma chuva forte começou a cair. – Acho melhor ir pra casa.

— Está chovendo muito. Dorme aqui.

— Tudo bem pra você?

— Sim.

— Vou aceitar.

Ela arrumou a cama e eu pedi uma roupa emprestada. Ela me alcançou uma camiseta larga e me deitei. Ela tomou um banho e depois deitou ao meu lado.

— Boa noite, Lauren.

— Boa noite, Camila. – Ficamos nos encarando por um tempo e acabei pegando no sono.

Acordei no meio da madrugada, Camila estava abraçada a mim e dormindo tranquila. Estranhei, pois Tay havia comentado sobre ela não conseguir dormir.

Quando acordei, pela manhã, Camila continuava dormindo. Fiquei admirando ela, quando ela acordou, percebeu que estava me abraçando e se afastou bruscamente.

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