37. Você tem essa disponibilidade?

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Lauren Jauregui|Point Of View

Não falei nada, apenas arranquei o cigarro da boca dela.

— Que susto, mô.

— Susto? Desde quando anda fumando esse lixo?

— É só às vezes.

— Por quê?

— Isso me relaxa. Eu acabei gostando da calma que ele me trás.

— Sinto muito. Você vai ficar um mês sem sexo.

— O quê? Mas por quê?

— Eu gosto de relaxar fazendo amor com você, mas como você encontrou meio mais eficaz.

— Não. Não foi isso que eu quis dizer.

Só sei que enquanto esse cheiro horrível ficar impregnado em você, comigo você não vai ter sexo... Não vou beijar você. Você mentiu para mim aquele dia que senti esse cheiro horrível. Não sei se me decepcionei mais com a ação ou com a mentira. Se quiser dormir comigo tome um banho.

— Não vou tomar banho coisa nenhuma. Vou pra minha casa. – Fiquei olhando incrédula pra ela. Ela vestiu as roupas e pegou as chaves do carro.

No fundo, por mais que seja danoso a saúde, um cigarro de vez em quando não é motivo de briga, mas na minha cabeça, se ela está fumando pra relaxar, quer dizer que não sou o suficiente pra ela. Vamos bater o recorde, uma briga a cada cinco horas. Ela saiu e bateu a porta do meu apartamento.


Camila Cabello|Point Of View



Meu coração fica apertado a cada briga que tenho com Lauren.

Quando cheguei ao meu prédio, o porteiro disse que tinha correspondência. Abri o envelope e como num filme, ele tinha letras recortadas de uma revista.

“Não Tenente Cabello, você não vai brincar de casinha com a mimadinha dos olhos verdes. Você tem muitas pendências e se não resolvê-las, será um prazer acabar com esse seu conto de fadas."

— Quem entregou isso?

— Foi um desses entregadores comuns. Que utilizam bicicleta.

— Da próxima vez que entregarem ao assim pra você, o faça assinar o nome completo em uma folha.

— Sim, mas algum problema?

Neguei e fui até a casa do meu pai. Entreguei a carta pra ele e depois que ele leu.

— Tem alguém em mente?

— Não.

— Algum ex que não aceitou bem?

— Não. Sou amiga deles. – Meu celular vibrou.

“Acho que tem uma princesinha sozinha e chorando no castelo. Vou oferecer meu ombro amigo pra ela."

— Que merda é essa? – Levantei correndo.

— O que houve?

— Seja quem for... Esta perto de Lauren agora. – A anotei o número em um papel. – Amanhã rastreie esse número pra mim.

— Sim. Me ligue quando chegar e se cuide.

Assenti e corri pra casa de Lauren. Depois de um pequeno questionário com o porteiro dela, que não viu nenhuma movimentação suspeita, corri para Lauren. Ela estava dormindo, o travesseiro molhado indicava que ela estava chorando mesmo, mas só consegui sentir alívio por ver que ela estava bem. Quando fui abraça-la, lembrei do meu cheiro e entrei no banheiro dela. Tomei um banho rápido e quando sai do chuveiro, meu celular indicava uma mensagem nova.

“Rápida Cabello. Chegou no momento certo, não se deve deixar uma dama sozinha nas noites frias.”

Mas o que é isso? Porque eu? Nunca fiz mal a ninguém.

Escovei meus dentes e peguei meu perfume e desodorante na bolsa. Passei um monte, pra não fica nenhum cheiro de cigarro. Comi umas seis balas mentoladas e finalmente deitei ao lado dela. A abracei forte e fiquei sentindo o cheirinho de seu pescoço. Ela acordou e virou para mim, me abraçando forte.

— Desculpe Camz. Fiquei frustrada por não ser o suficiente para te acalmar.

— Não é isso amor. Você é mais que suficiente, mas o cigarro... Não sei explicar.

— Faz mal. – Eu sorri com o tom infantil dela.

— Vou parar ok? Vou parar porque não suporto a idéia de você não se achar suficiente pra mim. Você é mais que suficiente.

— Nós estamos brigando muito ultimamente. Não gosto disso.

— Estamos nos readaptando mô. Vai passar. – Ela assentiu.

— Vamos ficar um mês sem...

— Sim. Vamos. Você mentiu pra mim, Camz. Isso não pode se repetir.

— Ok mô. Você está certa. Vamos dormir?

— Vamos. – Ela se aninhou no meu corpo como de costume e adormeceu. Fiquei observando seu sono tranquilo e imaginado quem queria acabar com minha felicidade.

×××

Um mês se passou e com isso meu estresse aumentou em cem por cento. Sem sexo e sem cigarro. Perdi as contas de quantos banhos gelados eu tomei.

O celular que me mandava mensagens foi encontrado jogado em um lixão. Era desses descartáveis, mas depois daqueles dias, não recebi mais nenhum daqueles textos macabros.

Hoje os Hamilton's chegam de viagem. Meu pai conseguiu um cargo de assistente do gabinete para o senhor Hamilton. Com o salário ele conseguirá se virar bem. Comprei uma casa, eles ficarão lá provisoriamente, até conseguirem algo próprio. Exigência dele.

Agora estou com meus pais e Lauren no aeroporto, torcendo pra Mani vir de burca e escondendo o corpo bonito dela. Lauren vai pirar. Quando os avistei, acenei para chamar a atenção deles e Mani estava com uma roupa super justa, realçando cada curva do corpo dela.

— Só pode ser brincadeira. – Lauren sussurrou e eu gelei.

— Olá Mila. – Andrea me cumprimentou.

Depois das devidas apresentações, um abraço emocionado dos meus pais neles, muitos agradecimentos, fomos para o carro. Lauren se esforçou para parecer simpática, mas eu notava o desconforto em seus movimentos. Mostrei a casa, ela estava devidamente abastecida, voltamos para casa e Lauren não conversava comigo.

Entrei no meu apartamento e sentei no sofá.

— Mô...

— Não me vem com Mô. Normal? Normani é normal? Ela pare é que teve o corpo esculpido. E aquele sorriso? Ela é linda, Cabello.

— Eu não reparei... – Ela correu para o meu lado e me deu um tapa.

— Não se faça de cínica.

— Sério Mô. Eu não olhei pra ela com esses olhos. Juro que só sinto gratidão por todos eles, não brigue comigo. Além do mais, você sabe que só tem uma mulher na face da terra que me desperta sentimentos... – Depois que falei isso o corpo dela relaxou.

— Talvez eu esteja exagerando um pouco. Só faço isso porque eu te amo.

— Eu também te amo. Eu entendo perfeitamente seus ciúmes, afinal... Sou uma paranóica em recuperação.

— Pensei que já estivesse curada.

— Com uma mulher linda como você, isso é uma missão impossível.


×××


No outro dia, estávamos tomando café e meu telefone tocou.

— Karla Camila Cabello?

— Sim. Quem fala?

— Aqui é o embaixador de Bagdá.

— Nossa! – Quase engasgo com o café. – Que honra.

— Estamos selecionando um pequeno grupo, para liderar a equipe 2893. Eles perderam os superiores e agora estão
perdidos. Você já demonstrou seu potencial como tenente e se você vier para cá amanhã, fora as honras recebidas, será condecorada Marechal.

— Não sei se quero...

— Desta vez você terá horários, ficará em um hotel. Falará todos os dias com sua família. Ficará seis meses. Você tem essa disponibilidade?

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