117. Solitária

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Camila Cabello |Point Of View


— Meu Deus, Heitor... Você está bem? – Ele assentiu e coloco a mão no queixo. — Você enlouqueceu, Kaki?

— Olha... Eu vim em missão de paz, mas não esperava encontrar esse cara aqui.

— Eu estou bem, Sofi. – Ela o ajudou a levantar. — Não posso me atrasar.

— Você está tonto.

— Estou bem. Vou de táxi mesmo.

Ele saiu cambaleando e se escorando na parede. Entrei no apartamento dela.

— Você perdeu completamente o senso.

— Estou te protegendo.

— Você está me sufocando.

— Eu vim em missão de paz.

— Socando meu namorado?

— Namorado? – Respirei fundo. — Porque não foi a festa de Sebastian? Seu sobrinho não é mais importante para você?

— Não. Eu amo Sebastian e vamos sair para comer hoje. Já pedi desculpas, expliquei que a culpa é da papa neurótica dele.

— Estou cuidando de você.

— Não é cuidar, Camila. Eu já cresci. Algumas coisas eu posso fazer sozinha. – Ela me abraçou. — Claro que preciso de você, mas algumas coisas eu consigo decidir. Heitor é um homem muito especial e estamos mesmo nos gostando.

— Ele não podia...

— Não foi escolha nossa. Estávamos na sua festa de aniversário e ficamos na sala... Começou a passar Scandal e procuramos o controle como loucos. Foi só a primeira coisa em comum.

— Essa série é horrível.

— Nós não achamos. Qual é, Kaki? Não acha que pode confiar em mim?

— Isso não tem a ver com confiança. É zelo.

— Bom... Acha que eu não tenho sentimentos?

— O que? Não, Sofi.

— Minhas amigas namorando, passam as noites de sábado com alguém.... Assistindo um filme. Você fica assim com a Lauren e você alguma vez se perguntou o que eu estava fazendo nas minhas noites terrivelmente solitárias aqui? Você e seus filhos... Você e sua família... Taylor com a família dela... Dinah com a família dela... Até o Chris tem filho e eu, Camila? Já se perguntou se eu não sinto falta de viver um pouco? – Fiquei a encarando perplexa.

— Eu não...

— Eu também não. Eu não tenho muita coisa, Camila. A mama está vivendo com o Henk e por mais que eu adore todos vocês, não suporto me sentir sobrando.

— Não pensei por esse lado, Sofia.

— Porque você estava sendo egoísta. No começo, eu achava bonitinho, mas esse seu descontrole está me deixando nauseada. Achei que escolhendo o Heitor você me aliviaria dessa pressão, pois ele era quase um filho para você e ele realmente falava de você como se fosse a pessoa mais importante da vida dele. Agora... Quase chora me contando o quão indiferente você está... Sinceramente, quase não acredito nessas atitudes vindas de alguém tão especial como você.

— Estou me sentindo um lixo agora.

— Eu sei que você me ama... Ama muito e lógico que eu amo você mais que tudo, mas eu preciso viver um pouquinho. Curtir isso que tenho com o Heitor, mas você não pode sumir da vida dele, pois tenho certeza que entre você e eu... Ele escolheria você.

— Sinto muito... Desde que o Alejandro morreu me sinto tão... Responsável por tudo. Por você... Não quero que você sofra mais.

— Não sinta responsável pelo que aconteceu... Só mude um pouco. Não muito, pois sou sua bonequinha ainda, mas não me sufoque. – Sorri para ela e a peguei no colo.

— Você se tornou uma mulher muito linda, Sofia. Por fora e por dentro... Se qualquer pessoa magoar você, não vou responder por mim.

— Heitor não vai me magoar. De um votinho de confiança para ele.

— Tudo bem, Sofi. Vou me desculpar pelo soco... E por tudo. É que ele estava se vestindo... Sei lá, acho que estou guardando esse soco desde aquele dia.

— Lauren vai saber disso. E sei que você vai amar o Heitor como cunhado... Ele é todo cheio de regras. Ele é bem parecido com você.

Ficamos ali um pouco, tomamos café e depois saímos para o trabalho.

×××


Cheguei ao QG e fui ao campo procurar Heitor, ele estava com Dinah e quando me viu se escondeu atrás dela.

— Camila... Relaxa. – DJ falou e eu assenti.

— Quero me desculpar pelo soco. – Ele me olhou e meio receoso saiu de trás dela.

— Foi um belo soco. Não sei como não perdi a consciência.

— Queria me desculpar sobre tudo... Fui egoísta com Sofia e se ela quiser namorar um feioso como você não posso fazer nada.

— Obrigado, Camila. Não vou decepcionar vocês. Eu sabia que você entenderia a qualquer minuto. E juro que isso não é só uma brincadeira.

— Assim espero. Você é a única figura masculina que vai ser presente na vida dela, não estrague tudo.

— Eu não vou.

Ele me ergueu no colo e acabei o abraçando.

×××



Lauren falava sobre o emprego dela e todos os colegas de Ísis estavam vidrados nela. Eu nunca me interessei por investimentos e essas coisas, mas Lauren falava de um jeito que tornava aquilo a coisa mais fascinante do mundo. Eu estava na fileira junto aos outros pais. Foi um dia bem diferente, pois nunca tinha conversado sobre minha carreira com adolescentes...

— Agora vou deixar a Marechal falar um pouco ou ficarei o dia todo aqui. – Lauren disse e eu fiquei na frente da turma. Todos ergueram as mãos.

— Nossa! – Eu disse arrumando minha boina.

— Você foi para guerra?

— Fui.

— Meu pai disse que na guerra só tem morte. – Olhei para o pai dela e ele me deu um sorrisinho amarelo. — Porque você foi a um lugar que só tem morte?

— Acho que essa pergunta não é apropriada. – Fiz um sinal para o professor.

— Eu fui para guerra porque foi o único jeito que achei de realmente fazer diferença para meu país. Não vou dizer que foi fácil, na verdade, foi muito difícil, mas ajudei no momento difícil. Salvei vidas, me mantive a salvo e agora ensino pessoas a servirem o país com orgulho, pois meu trabalho não combina com morte e sim com lealdade e ir até às últimas consequências atrás dos meus ideais.

Eles bateram palmas e depois veio a parte mais técnica... Inscrições e como os candidatos era avaliados. O pai em questão me pediu desculpas e eu disse que não precisava. Cada um é livre para pensar como quiser.

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