70. Monomania

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Lauren Jauregui |Point Of View


Estou na vigésima semana de gravidez. Estou enorme, meus pés incham muito, mas não quero me afastar do trabalho justo agora. Isso não oferece riscos ao bebê, mas por Camz eu nem saia de casa mais. Falando nela, ela chegou a minha sala agora.

— Minha soldadinho... Que bom te ver. – Ela trazia uma almofada grande.

— Eu fui conversar com o seu médico. Ele disse que você tem que ficar com os pés elevados para eles não incharem muito. Eu comprei essa almofada para você.

— Obrigada, amor. – Eu fiquei em pé e rodeei seu pescoço com meus braços. Ela largou a almofada no chão e me abraçou.

— Como está sua manhã?

— Boa... Já conseguimos todos os acionistas novamente. E a sua?

— Eu enviei os documentos da transferência daquela tenente que esteve comigo na guerra.

— Ela vem quando?

— Semana que vem.

— Como ela é? – ela pensou um pouco.

— Eu não lembro direito, mas ela é morena e alta. – Ela sorriu. — Uma vez ela foi capturada, é nós entramos em confronto direto com os terroristas, eram tiros e várias mortes. Quando os derrotamos, ela quebrou o silencio “estou morrendo de fome.” Ela era boa em tirar um pouco aquele clima tenso de lá. Eu pensei que ela tinha morrido, mas não quis confirmar com o marechal.

— Muito bom que ela está bem.

— Sim. – Ela se ajoelhou e levantou minha blusa. — Oi meu pequeno... como você está? – Ela encostou o ouvido na minha barriga. — Você pode me ouvir? – Ela acariciou as laterais da minha barriga. — É só pra dizer que eu te amo muito, pequeno. Não vejo a hora de mostrar o QG para você. – Eu ia reclamar, mas senti uma pontada estranha... Depois outra. — Lauren... Acho que ele chutou. – Ela disse com os olhos arregalados. — Você sentiu isso? Ele chutou, não é? – Ela já perguntou chorando e eu assenti.

— Parece que ele quer mesmo conhecer o QG. – Camila sorriu assentindo. — Prevejo que terei problemas.

— Deixe meu pequeno militar... – Novamente ele chutou, como se fosse um complô armado pelos dois. — Viu! Isso está
no sangue.

— Não brinca com isso, Cabello. É cedo para termos essa conversa.

— Concordo com você. – Ela beijou minha barriga. — Eu te amo tanto, Lauren. – Falou ficando em minha frente.

— Eu também te amo, Camz.

— Vamos tirar o dia de folga... Para comemorar o nosso primeiro chutinho? – Eu sorri com o tom infantil dela.

— Claro amor. Quero mesmo comer um sorvete.

— Ótima pedida.

— Só vou fazer umas ligações.

— Tudo bem. Vou avisar no QG também – Ela se afastou e pegou o celular. Avisei aos diretores que me afastaria e depois fomos à sorveteria da cidade.

Nós estávamos com aquelas taças enormes, assistindo aos clipes aleatórios da TV. Trocamos beijos gelados e eu ri dos pensamentos altos e brigas internas de Camz. Ela é rara nesse sentido, Tay diz que é loucura, mas eu acho fofo demais. Quando começou a tocar Amy Winehouse, Back To Black, para ser mais especifica, Camila começou a cantar, divinamente bem, eu nunca tinha a ouvido cantar... A voz dela é a mais linda que eu escutei na vida. E não era exagero, pois toda a sorveteria parou para ouvi-la. A moça do caixa, até diminuiu o volume da TV e Camila cantava encantada de olhos fechados. Quando a música parou, todos aplaudiram eufóricos, inclusive eu e Camila se assustou.

— Me diz que eu não cantei alto.

— Cantou e divinamente bem.

— Que vergonha. – Ela disse ficando extremamente vermelha.

— Você nunca tinha cantado em minha frente, Camz.

— Eu nunca cantei na frente de ninguém.

— Deveria. Quero que você cante para mim sempre.

— Para amor. Não sou tão boa assim.

— Você é sim. Você é incrível cantando também. Você gosta da Amy?

— Claro. Ela foi um surto rápido de qualidade musical. Ela cantava o que sentia e não se entregou para o mundo de gravadoras e empresários sangues sugas. Ela escreveu e cantou o que era verdadeiro para ela e isso faz falta hoje em dia. Pena que ela se foi cedo demais.

— Ela se afundou demais.

— Amy cometeu o erro básico de todo o ser humano... Amou mais do que foi amada e pagou com a vida por isso. A dor nos rendeu musicas fantástica, mas o que era magnífico para fãs e críticos, era o precipício dela.

— E eu que me considerava fã dela... Você é bem mais.

— Engraçado que nunca tenhamos falado sobre ela.

— Pois é, mas como só escutamos músicas antigas, algumas coisas nem cito, pois penso que você não goste.

— Posso te surpreender com meu gosto musical.

— Será? Por enquanto está aceitável, música antiga e o Jazz de Amy. Quase padrão.

— Ah é? – Eu assenti. — Vamos a um lugar.

Ela dirigiu ate uma loja de instrumentos musicais. Entrou, acenou para o rapaz do caixa. Pegou um violão e o engatou no amplificador. Colocou um banco atrás de mim e eu me sentei.

Ela sentou com o violão no colo e começou a dedilhá-lo perfeitamente bem. A música não me era estranha, mas não me lembrei de imediato.

Aquela voz e a música extremamente fofa me deixaram, se possível, ainda mais a cada palavra.

Se juntar cada verso meu
E comparar
Vai dar pra ver
Tem mais você que nota dó
Eu vou ter que me controlar
Se um dia eu quero enriquecer
Quem vai comprar esse CD
Sobre uma pessoa só?
Hoje eu falei
Pra mim
Jurei até
Que essa não seria pra você
E agora é

Quando ela terminou, pulei nos braços dela.

— Camz... Isso foi tão fofo. Você tem a voz tão linda.

— Obrigada, anjo. Vem cá. – Ela pegou minha mão e caminhamos até o senhor do balcão.

— Pequena Cabello... Fazia tempo que você não vinha aqui. Hoje vai levar seu Epiphone Jumbo hoje?

— Não Sr. Raymond. Vim lhe apresentar minha esposa. Lauren esse é o Sr. Jordan Raymond, um velho amigo. E essa é minha linda esposa, Lauren, Sr. Raymond.

— Parece que foi ontem que você encontrou esse lugar e agora já está com uma família constituída. É um prazer, Lauren.

— O prazer é meu. – Eu disse retribuindo o abraço.

— Eu já gosto muito de você, Lauren. – Vi Camila sacudir a cabeça freneticamente. Como se pedisse para ele não contar o porquê disso.

— Por quê?

— É a primeira vez que Camila entra nesta loja e ela não está chorando. Ela costuma vir aqui quando está muito triste. É a primeira vez que a vejo sorrindo deste jeito. É bom saber que a pequena Cabello está bem.

— Estou ótima Sr. Raymond. – Ela beijou meu lóbulo frontal esquerdo e abraçou meu corpo. — Graças a esse anjo aqui.

— Ela é linda mesmo.

— Se ela fosse só linda... Mas ela é perfeita, Sr. Raymond.

— Camz! – Falei escondendo meu rosto na curva do pescoço dela.

— Eu sei que você é especial, Lauren. Camila é um ser humano raro, se você a conquistou deste jeito... No mínimo espero a perfeição de você. – Ele sorriu e Camila o acompanhou.

— Obrigado, Sr. Raymond. Mas não é para tanto.

— Sempre se menosprezando, pequena Cabello. – Ela negou.

— Vamos amor? Ela não pode ficar muito em pé.

— Oh sim. Não querem sentar? Fiquem mais um pouco. Quero conhecer a história de vocês.

Camila me olhou e eu assenti. Ficamos até o almoço, contando todos os detalhes da nossa história desencontrada. Ele sorriu muito, ficou irritado e depois chorou. Camila também chorou quando eu contei como me senti com ela na guerra.

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