SERÁ?

CAPITULO 17

- Meu Deus! A gente perdeu a noção da hora. Meu pai pode chegar a qualquer momento! - Disse assim que despertei e observei que já estava escuro.

- Relaxa, agora que são seis horas. Eu já me certifiquei em saber que eles ainda estão em "reunião".

- Como assim? Você armou isso, Luan?

- Claro que não. Não preciso armar para ficar com nenhuma mulher! - Ele me respondeu ofendido.

- Me desculpa, não quis dizer isso.

- Se quer saber, eu não mandei meu pai convidar seu pai para beber, ele foi porque quis. E o seu pai, está em um restaurante com meu pai e um monte de homens que trabalham comigo! Eu apenas mandei mensagem para o Rober perguntando se a "reunião" tinha terminado. Só isso! - Se explicou, seco.

- Já entendi. E já me desculpei.

Agora, se puder me dar licença, gostaria muito de tomar um banho, me vestir e organizar as minhas coisas. - Respondi seca também. Já me levantando coberta pelo lençol da cama.

- Vou te esperar lá embaixo.

- Não precisa! Eu tenho o endereço da chácara. Chamo um táxi.

- Eu dei a minha palavra ao seu pai que te levaria para a chácara comigo. E vou cumprir. Te espero lá embaixo! Tchau! - Saiu bufando e batendo a porta.

Revirei os olhos e entrei no banho. Quer saber? Darei um chá de cadeira nele! Tomei um banho bem longo... Lavei meus cabelos, depois passei um hidratante e deixei agir por 20 minutos, voltando a enxaguá-los em seguida. Passei um sabonete esfoliante com muita calma e delicadeza para não machucar a minha pele, enfim... Passei cerca de uns 35/40 minutos no chuveiro. Ao sair, me enrolei na toalha e fui em direção a pia, peguei o secador que estava no gabinete e comecei a secar meus cabelos o que levou mais uns 20 minutos. Saí do banheiro e fui em direção ao armário do hotel onde eu havia deixado as minhas roupas, peguei algumas peças e coloquei em uma pequena mala, separei alguns outros itens de higiene pessoal e então fui escolher a roupa que usaria. Optei por uma calça jeans, uma camiseta e uma jaquetinha de couro. Nos pés um tênis. Básico e simples. Famoso look coringa. Olhei no relógio, e haviam se passado uma hora e quarenta desde o momento que o Luan havia descido. Ri, imaginando a cara de bunda em que ele estaria no saguão do hotel. Decidi parar de pirraça, peguei minha bolsa, meu celular que estava ao lado da mesa de cabeceira e a pequena mala e fui em direção à porta. Assim que eu abri, dei de cara com o Luan, com uma cara de bem poucos amigos.

- Achei que tinha descido pelo ralo do banheiro.

- Haha, você é sempre assim?

- Como? Engraçado?

- Não. Inconveniente.

- E você também é sempre assim? Grossa e mal-educada?

- Grossa é o seu...

- É, não posso negar! É grosso mesmo!

- SEU CU! Seu cretino! - Bufei. Minha raiva estava estampada por toda a minha face. E ele rindo desgovernado da minha cara. Queria socá-lo.

- Deixa que eu levo para você. - Disse tentando pegar a minha mala da minha mão.

- Não precisa! Eu posso muito bem levá-la. - Respondi saindo de perto dele.

- Só queria ser gentil... - Disse calmo.

- Você não precisa ser gentil comigo. Guarde sua gentileza para os seus fãs, sua namorada, seus amigos... Enfim, com as pessoas que se importam contigo.

- Sabe Camila... Eu achei que você tinha mudado. Mas pelo visto me enganei! Você continua a mesma menina fútil, egocêntrica e arrogante que eu conheci há um ano. Não sei como eu pude...

- Não sabe como pode o que? TERMINA! - Estávamos discutindo dentro do elevador, que acabara de apitar e abrir as portas na garagem do hotel. - Vamos Luan, termina!

- Para que? Você já disse que não se importa! - Abaixou seu olhar e saiu do elevador.

Eu sabia o que ele diria. Eu sentia! Mas eu queria ouvir. Eu queria ouvir da boca dele que ele gostava de mim... Não que isso mudaria as coisas entre nós, não vai mudar. Mas saber que ele gosta de mim e vê-lo correndo atrás de mim, faz meu ego inflar.

BIBIBIBIBI IIIIII

- Vamos logo! Não tenho o tempo todo a sua disposição! - Disse rude me apressando. Sai de meus devaneios e andei em direção ao carro. Abri a porta de trás e coloquei minha bolsa e minha pequena mala ali e fechei a porta indo para o banco do passageiro na frente.

- Desculpa, eu não tive a intenção.

- Deixo adivinhar... - Ele me cortou. - Você não quis me ofender, né? Acho que já ouvi essa desculpa hoje mais cedo. - Ele bufou. - Sabe o que acontece? É que a boca só fala, aquilo que o nosso coração está cheio. E infelizmente Camila, o seu está cheio de desconfiança, está duro. Você não deixa ninguém entrar... - Ele suspirou. - Sabe, quando eu te conheci, vi algo bom em você, quando ouvi a sua história de vida, pensei que você era apenas uma menina que mesmo vivendo cercada de tudo, não tinha nada... Pensei que eu poderia te mostrar uma outra face do mundo... - Ele olhou nos meus olhos enquanto parou em um semáforo. - Quando eu conheci a Jade, e isso faz tempo. Pensei que ela seria a garota certa pra mim. Uma moça doce, meiga, carinhosa... A gente se conheceu ela ainda era uma menina. Tudo foi no tempo dela. Um passo de cada vez. Eu respeitei o espaço e o tempo, o nosso tempo. Não quis acelerar as coisas, sabe. - Ele voltou a falar e prestar atenção no trânsito. - Ela é o oposto de você! Carinhosa, atenciosa, tem uma fala meiga, um cheiro adocicado. Quando a gente se reencontrou há alguns meses, decidi pedir ela novamente em namoro, na ideia absurda de tirar você da minha cabeça! E por um tempo, eu consegui. Até ver aquela mensagem sua no grupo dizendo que tinha ido para a cama com o seu colega de trabalho. Voltou tudo, com uma intensidade absurda! - Ele me olhou novamente. Seus olhos eram intimidantes para mim. - E então, você chegou. A gente se reencontrou, e aconteceu tudo que aconteceu. Eu estava disposto a colocar um fim no meu namoro com ela, e ficar com você. Mas, não vale a pena! Você não me aceita! Você não me deixa entrar na sua vida. E por mais que eu queira, eu não posso entrar nessa luta sozinho. É uma batalha perdida. - Seu olhar agora era triste.

- Desculpa... Não queria que você se sentisse assim. Só queria que entendesse que, eu não estou acostumada a tudo isso. Eu, eu... Enfim, você tem razão. Nós dois nunca vai dar certo! Somos opostos. Seria uma destruição para ambos... - Desviei meu olhar e passei a mão no meu rosto, limpando uma lágrima teimosa que insistiu em cair.

...