CAPITULO 30

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- Eu... Como... Como... - Respirei fundo tentando encontrar uma calma que não existia em mim. O que foi totalmente em vão. - COMO VOCÊ PODE FAZER UMA ATROCIDADE DESSAS COM A BIA? VOCÊ É UMA LOUCA! EU ODEIO VOCÊ MARTA! - Gritei irritada.

- Menininha insolente! Igual a sua mãe. Aquela empregadinha maldita. A culpa é toda sua! Se seu pai não insistisse nessa besteira de filhos, nem você nem essa outra estariam aqui. E nós dois seríamos felizes. - Virei um tapa na cara dela, e depois outro. Quando eu daria o terceiro, Luan segurou meu braço. - Me respeita que eu sou...

- É PORRA NENHUMA! VOCÊ NÃO É NADA! E AGORA QUE EU SEI DE TODA A VERDADE, DOU GRAÇAS A DEUS DE NÃO CARREGAR SEU SANGUE SUJO E PODRE, SUA MALDITA! EU SEMPRE TE ODIEI, MARTA. SEMPRE! NUNCA ENTENDI O PORQUÊ UMA FILHA ERA CAPAZ DE ODIAR A PRÓPRIA MÃE. ME SENTIA SUJA, NÃO DIGNA. MAS AGORA EU ENTENDO. AGORA EU SEI POR QUE EU TE ODEIO! EU TE ODEIO POR TUDO O QUE VOCÊ COMIGO ENQUANTO EU ERA SÓ UMA CRIANÇA E NINGUÉM NUNCA SOUBE, ATÉ HOJE. PORQUE, EU ME SENTIA ENVERGONHADA... VOCÊ ME HUMILHAVA, FAZIA DE MIM, SUA ESCRAVA. QUEIMAVA MINHAS MÃOS COM AS COLHERES, ME OBRIGAVA A LIMPAR SEUS SAPATOS E QUANDO EU NÃO FAZIA DO SEU JEITO, VOCÊ ME BATIA COM CADA UM DELES. VOCÊ ME FAZIA AJOELHAR NO MILHO E FICAR HORAS AJOELHADA NAQUELA MERDA OLHANDO PARA A PAREDE. E EU, ERA SÓ UMA CRIANÇA. CONFORME EU FUI CRESCENDO, VOCÊ FOI SE TORNANDO MAIS RUDE COMIGO. ME OBRIGANDO A FAZER MAIS E MAIS COISAS, QUANDO EU QUEIMEI A SUA BLUSA SEM QUERER, VOCÊ QUEIMOU A MINHA BUNDA COM O FERRO, EU SÓ TINHA DEZ ANOS... DEZ ANOS! - Eu chorava aos prantos. Luan tentou me segurar e me abraçar, ele via meu sofrimento. Mas eu não deixei. - LOGO DEPOIS VIERAM AS COMIDAS QUE VOCÊ ME OBRIGAVA A FAZER SEM NEM ME DAR UMA RECEITA E DEPOIS EU ERA OBRIGADA A COMER. VOCÊ ME FAZIA ENGOLIR O MEU PRÓPRIO VÔMITO! VOCÊ FOI PERVERSA! EU ENTREI EM UMA ANOREXIA POR SUA CULPA! EU NÃO QUERIA MAIS COMER, EU TINHA NOJO DE COMER, E QUANDO EU COMIA, EU VOMITAVA, PORQUE POR MAIS QUE A COMIDA FOSSE BOA E GOSTOSA, O MEU PSICOLÓGICO ENTENDIA QUE AQUILO ME FAZIA MAL. EU FUI INTERNADA EM UMA CLÍNICA AOS QUATORZE ANOS, POR SUA CULPA! - AOS DEZESSEIS, LOGO DEPOIS DE EU DEIXAR A CLÍNICA, VOCÊ ME LEVOU A UM PROSTÍBULO, E ME DROGOU, E ME DEIXOU SER ESTUPRADA POR VINTE E SETE HOMENS, VINTE E SETE. EU ESTAVA AMARRADA, E QUANDO EU GRITAVA PEDINDO PARA PARAR, VOCÊ BATIA NA MINHA CARA ME CHAMANDO DE PUTA, DE VAGABUNDA, DE PIRANHA. EU DESMAIEI POR DIVERSAS VEZES EU SÓ LEMBRO DE VOCÊ RINDO, TÃO SÓRDIDA PARA MIM... VOCÊ ACABOU COM A MINHA VIDA! ME TRANSFORMOU EM UM MONSTRO SEM SENTIMENTOS, SEM BRILHO, SEM AMOR-PRÓPRIO. ME FEZ SER ESSA PESSOA FECHADA, VAZIA E INSEGURA. UMA VICIADINHA DE MERDA! ALGUÉM QUE PREENCHE COM AS DROGAS E O ÁLCOOL OS BURACOS QUE VOCÊ ABRIU. VOCÊ É DOENTE! - MAS OBRIGADA! OBRIGADA POR PERMITIR QUE A BIA TIVESSE UM DESTINO DIFERENTE DO MEU, EU NÃO TE PERDOARIA SE TIVESSE FEITO COM ELA O QUE FEZ COMIGO. E EU ESPERO QUE UM DIA, VOCÊ SINTA CADA DOR QUE EU SENTI DURANTE TODOS ESSES ANOS. SEU MONSTRO! - Me virei e Luan me abraçou, tentando me acalmar. - Eu estou bem. Obrigada. - Disse me soltando dele. Eu não queria que ninguém me visse como uma pobre coitada. Porque eu não sou! - Peixoto, pode abrir o testamento.

- Esse testamento tem valor legal, reconhecido por lei e registrado em cartório, não podendo ser contestado em hipótese alguma e sem direito a recorrência em nenhuma instância. Visto que ele foi assinado e lavrado no Superior Tribunal Federal como popularmente conhecido por STF.

"Perante o amparo da lei, e tendo em vista o comprovado adultério por parte de Marta Rodrigues, esposa de Carlos Bittencourt, que comprova o adultério de sua esposa através da geração de uma criança durante o período de matrimônio no qual ele nega paternidade e comprova o mesmo com um teste de DNA onde a probabilidade de ele ser pai da menina Ana Beatriz Sampaio é nula. Tendo 99,99% de incompatibilidade. Perante a lei, a Sra. Marta não perde seus direitos de herança como esposa pelo ato de adultério. Mas tendo sido comprovado que a mesma partilha de uma vida extraconjugal e que vive de maneira estável com Juan Ramirez Ferrara, concedo ao requerente, Sr. Carlos de Vasconcelos Bittencourt. O direito de realizar a partilha de 100% (cem por cento) de seus bens da maneira que melhor lhe convir.

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