SERÁ?

CAPITULO 37

Depois de 18 horas de voo eu cheguei no apartamento do meu pai, em Miami. Não vim sozinha. Stacy veio comigo. Ela ficaria comigo até o dia que eu fosse para a Espanha. Sim, todas as tentativas dela de me fazer desistir tinham sido frustradas. E agora, mais do que nunca, eu precisava sumir do mapa. Ninguém pode saber onde eu estou e muito menos que estou esperando um filho. Ainda mais depois do nosso último encontro... Ele foi bem claro, não quer filhos por agora. Como vou chegar nele e falar "Olha, eu estou grávida".

Não tem como, me desculpem!

...

Olhar para aquele lugar, impecavelmente limpo e organizado, me fazia sentir falta da bagunça que era meu apartamento. Eu sentia a presença do meu pai em cada canto ali. E eu tinha tomado a decisão de que nada sairia de lá. Nenhuma peça de roupa, nada! Eu manteria aquele lugar do mesmo jeito que meu pai deixou antes da gente ir viajar.

Assim que entrei no seu quarto, avistei o fraque que ele havia usado na festa da empresa. Estava embalado num saco com zíper. Provavelmente ele mandaria para a lavanderia. O abri, e pude sentir o cheiro do perfume Paco Rabanne que ele tanto gostava. Um jeito forte, másculo. Diferente do tradicional Giorgio Armani que a maioria de seus executivos usam.

Meu pai sempre foi um homem vaidoso, e muito bonito. Embora ele já estivesse no auge dos seus cinquenta e poucos anos, nunca deixou de se cuidar. Sempre andou com o cabelo impecável, barba feita, perfumado e roupas engomadas. Quem não conhecesse sua história, diria que ele nasceu em uma família nobre e que toda a sua etiqueta vem de berço. Mas não. Embora meus avós (no qual eu não tive o privilégio de conhecê-los) tivessem criado os 3 filhos de forma íntegra, passaram muita dificuldade. Mas meu avô sempre incentivou os três a estudar. Meu tio mais velho, Alberto, tio Beto como eu o chamo, trabalhou com meu pai durante muitos anos. Hoje ele tem uma loja de chocolates. Mora na Suíça e transporta para o mundo inteiro. Já se casou 3 vezes. E tem três filhas, uma de cada mãe. Bella mora na Alemanha com a mãe, é a mais velha. Tem 27 anos. Maya mora na Suíça é a do meio, com 25 anos. E a mais nova é Charlotte, tem 6 aninhos. Filha do seu atual casamento. Ela é linda! Eu a conheci no ano passado, quando tio Beto veio tratar alguns negócios com papai. Uma fofa. Pretendo visitá-los novamente um dia...

Tio Beto não foi ao Brasil para o velório do meu pai, pois ele não chegaria a tempo. E eu preferi assim! Não queria ter que explicar o que nem eu sabia ao certo. Nem a tia Alice. E por falar nela, Tia Alice é sem dúvidas a mulher mais incrível que eu conheço. Pena que ela resolveu se casar e ir morar do outro lado do mundo! Tia Alice conheceu Arthur em uma rede social de namoros já mais ou menos uns 15 anos atrás. Na época, ela tinha 27 anos. E eu não lembro muito bem, porque eu era criança. Mas eu lembro do meu pai chamando a atenção dela por ter se envolvido com um rapaz desconhecido e estrangeiro ainda! E convidado ele para jantar na nossa casa. - Mas no fim, deu tudo certo! Arthur é um rapaz bom, de família boa também. E eles passaram cinco anos namorando à distância. Tia Alice passou seis meses lá e ele seis meses aqui... Depois de cinco anos, meu pai - que agora fazia a vez do chefe de família já que meu avô tinha falecido e ele é o mais velho dos irmãos. - Começou a cobrar de Arthur um compromisso mais sério. Eles já viviam juntos há cinco anos. Precisavam oficializar. E assim fizeram! E com o casamento, a tia Alice resolveu se mudar de vez para a Nova Zelândia. E vive lá até hoje! Nós nos falamos algumas poucas vezes durante o ano por chamada de vídeo. Mas somente isso. Tia Alice passa a maior parte do tempo trabalhando, abriu uma escola de artes e dá aula de teatro, sua grande paixão. Ela tem dois filhos, Isaac e Benjamin. Isaac tem 18 anos e Benjamin 14. Mas eu tenho muito pouco contato com eles. Pouco mesmo, nem os sigo em redes sociais se querem saber.