SERÁ?

CAPITULO 86

- Pai...
- E aí campeão! - Respondi meu filho que estava sentado ao meu lado em uma cadeira na lanchonete do hospital.
- A mamãe vai ficar bem né? Ela não pode deixar a gente... Com duas crianças famintas e choronas ainda por cima.
- Sua mãe é uma mulher forte! Ela vai conseguir passar por mais essa. Você vai ver! E não fala assim dos seus irmãos.
- Cara, a mamãe estava grávida de gêmeos e ninguém sabia! Ela pegou todo mundo de surpresa! Inacreditável!
- Eu sabia! Era nosso segredo! A gente ia revelar depois do casamento... - Disse com lágrimas nos olhos.
- Não chora! Eles vão ficar bem. Você acabou de dizer que a mamãe é forte! E se ela é forte, aqueles dois também são. Nasceram dela!
- Você tem razão! Agora quem precisa ser forte, somos nós!
- Fortes e Corajosos!
- Isso mesmo!

- Sr Luan?
- Sim... - Respondi.
- Camila acordou. Um pouco agitada, o médico solicita sua presença no quarto.
- Claro! Vamos? - Disse me levantando. - Ben, você fica na recepção junto cima sua avó e suas tias. Assim que eu tiver mais notícias eu venho falar com vocês.
- Tá bom, pai.

Segui a enfermeira até o quarto de UTI onde Camila estava e ao entrar me deparei com ela mais uma vez em uma situação que eu não gosto de vê-la. Cercada de aparelhos, e com um olhar de medo... Me aproximei dela com calma e segurei em sua mão- Ela a apertou com força.

- Está tudo bem! Vocês estão bem! - Disse tentando acalma-la e vi uma pequena poça de água cair de seus olhos. Ela suavizou o aperto em minha mão. - Os bebês estão bem! E você precisa ficar também! - Camila tentou tirar a máscara de oxigênio que cobria o seu nariz e boca e eu segurei em sua outra mão. - Não! Não faz isso, não se esforce para falar. Você está fraca, precisa se recuperar com calma. Vai ficar tudo bem! Eu estou aqui com vocês! - Ela sorriu fraco, e abaixou sua mão. Beijei sua testa e a soltei, seguindo em direção ao médico.

- E então doutor?
- A pressão ainda se encontra um pouco alta, precisa diminuir mas os batimentos estão menos acelerados, a saturação está boa, e não há sinais de hemorragia. Aplicamos uma dose de tramal para que ela não sinta dor por conta da cirurgia e não venha a elevar sua pressão, e ficaremos observando ela por mais 12horas. Se dentro dessas 12horas o quadro dela continuar estável ela sai da UTI e vai para o quarto.
- Certo, Doutor. E quanto aos gêmeos?
- Estão bem! Respondendo a todos os sinais... São prematuros. Nasceram com pouco mais de seis meses. Algo normal em porto de gêmeos, é muito difícil manter uma gravidez de gêmeos até o final dos nove meses, muito são partos prematuros, mas em sua maioria depois do sétimo mês e meio de gestação.
- Sim... Mas, eles correm algum risco?
- Aparentemente não. Mas assim como sua esposa, vamos continuar observando-os. Eu só preciso de uma informação.
- Qual?
- Vocês já haviam decidido os nomes?
- Estávamos indecisos ainda. Posso esperar a Camila estar bem para decidirmos isso juntos?
- Poder, não pode. Mas devido às circunstâncias, irei aguardar para dar continuidade ao prontuário deles.
- Obrigado, Doutor.
- Disponha!

...

- Entra sem fazer barulho para não despertar a sua mãe e seu irmãos. - Falei para Benjamin enquanto seguíamos a caminho do carro onde Camila passaria os próximos dias com os gêmeos.
- Já entendi. Vou entrar e ficar quietinho! - Ele respondeu e revirou os olhos.
- Filhos! Quanto mais crescem mais mal criadinho ficam.

Entramos no quarto sem fazer nenhum barulho, tudo em silêncio... Mas bastou eu me sentar na poltrona para um choro estridente ecoar pelo quarto, e logo em seguida outro choro! Eram os gêmeos. Eles acordaram!

- O que foi Liz? Porque chora hein meu amor? E você Matteo? Acordou com o choro da sua irmãzinha? - Disse enquanto tentava acalma-los. Em vão!
- Me da eles aqui amor! Eles devem estar com fome... - Camila despertou com a choradeira incessante.
- Você no pode ficar com os dois no colo meu bem. Está se recuperando de uma cirurgia.
- Eu sei meu amor. Mas eles estão com fome...
- Vamos alimentar um de cada vez!
- Alguém faz esses dois berradeiros parar! - Benjamin gritou com os dedos tapando os ouvidos. Não briguei com ele, apenas o olhei com repreensão, sabia que um pouco da sua birra, era ciúmes.