CAPITULOS 72

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A festa do Ben estava linda! E meu filho era pura alegria. Vê-lo sorrindo e com os olhinhos brilhando de pura felicidade, deixou meu coração aquecido. Desde que saí do hospital, eu pouco tenho saído e hoje, foi o dia em que eu vi mais gente nos últimos meses. Ben me apresentou a todos os seus amigos e amigas da escola. E eu também finalmente conheci os pais de alguns deles.

Luan também me apresentou para a sua família, que veio em peso para o aniversário do Ben. Conheci suas primas, adorei todas elas, principalmente a minha xará, a Camila.

Bruna chegou bem depois, acompanhada do namorado que eu ainda não conhecia. Ele me cumprimentou, Bruna apenas acenou de longe para mim.

Eu sabia que eu não podia beber por causa dos remédios, mas estava completamente nervosa. Vê-la ali, tão perto e me tratando com tanto desprezo me fez mal.

Acabei pegando um drink que o garçom trazia na bandeja e tomando-o em poucos goles. Dei uma disfarçada quando o Luan se aproximou de mim, fingi estar bebendo um suco para que ele não me beijasse e sentisse o gosto do álcool.

Depois do parabéns enquanto Luan se despedia dos convidados que estavam de partida, eu aproveitei a distração do pessoal e fui até a cozinha e tomei mais alguns drinks e para disfarçar, comi alguns doces.

Voltei para a varanda e fiquei ali, cumprimentado aqueles que passavam por mim. Logo Marizete, Bia e Stacy chegaram na companhia de Charlotte e Ben e se juntaram a mim. Eu gelei. Fiquei com medo de que elas percebessem alguma coisa de diferente.

- Está tudo bem com você?
- Sim, só estou cansada! - Respondi para Bia.
- Você tá comendo um monte de doces... Nunca fez isso.
- É que faz muito tempo que eu não comia doces assim, eu comi um e meu Deus não quis parar mais! - Menti.
- Seus olhos estão vermelhos. Parece que você bebeu!
- Claro que não. Eu só estou cansada. Normalmente essa hora eu já tomei meus remédios e estou indo dormir.
- E por que não faz isso querida? -Marizete perguntou.
- Quero esperar pra ver o Ben abrir os presentes.
- Luan falou que ele só vai abrir amanhã, quando chegarem na casa de vocês.
- Que horas ele falou isso?
- Não sei. Mas eu ouvi!
- Ben, vem aqui! - O chamei. Ele estava sentado perto da gente, brincando com a Charlotte.
- Oi mamãe!
- Por um acaso, você veio me pedir pra abrir os presentes depois que pediu para o seu pai e ele não deixou? - Perguntei o encarando.
- É... - Ele ficou me olhando. - Que eu tô muito ansioso!
- Mas se seu pai já tinha dito que não meu amor...
- Mas você deixou!
- Eu não sabia que você já tinha pedido para ele.
- Desculpa! - Está desculpado!

...

- Graças a Deus! - Luan apareceu se jogando em uma poltrona próximo a mim.
- O que foi? - Perguntei.
- O último convidado acabou de ir embora! Agora é colocar esse menino no banho e dormir! Estou só o pó hoje!
- Eu também vou subir. Você me ajuda? - Perguntei.
- Claro, meu amor!
- Boa noite gente! - Me despedi de todas.

Luan, eu e Ben subimos para o andar de cima e eu me despedi do meu filho com um beijo enquanto caminhava até... O meu quarto com o Luan? Estranho falar isso. Mas acho que é certo né. Chamar de nosso quarto!

Enquanto eu tirava meus acessórios e o sapato, Luan apareceu no quarto. Perguntou se estava tudo bem e eu concordei com a cabeça.

- Você me ajuda aqui com o vestido? Vou tomar um banho... Estou muito cansado.
- Claro! Mas me espera! Eu já volto pra gente dormir. Só vou dar um banho no Ben.
- Está bem!
- Não esqueça de tomar os remédios. Estão em cima da cabeceira.
- Assim que sair do chuveiro eu tomo. - Menti.

Tomei um banho sossegado, sabia que Luan demoraria um pouco para voltar, Ben é um enrolão quando o assunto é banho. Então, tomei o meu com calma e sem preocupação. As vezes era bom ter o controle das minhas pernas de volta. Ainda não estou nos meus cem por cento, mas ficar em pé sem a ajuda de outra pessoa, eu consigo. E andar um pouco sem a ajuda das moletas também.

Saí do chuveiro e me enrolei na toalha, peguei minha escova de dente e escovei meus dentes, fazendo um bochecho com enxaguante bucal para que não ficasse nenhum resíduo de álcool na minha boca.

Enquanto eu me vestia, Luan entrou no quarto. Trocamos algumas palavras e ele me perguntou sobre os remédios. Menti novamente, dizendo que havia tomado. Eu não queria fazer isso. Mas sentia medo de tomá-los e ter algum tipo de reação. E se eu dissesse que não os tomaria, teria que revelar o motivo para ele.

Estava com a consciência pesada, então "rapidamente" me deitei, na esperança de pegar meu sono antes do Luan voltar. Não deu muito certo. Mas, para o meu alívio, ele não notou nada de diferente. Conversamos um pouco e ele me contou sobre uma menina que o Ben disse que está gostando o que me deixou um pouco emotiva. Mais algumas breves palavras e eu acabei pegando no sono.

...

"Uma sensação estranha, eu queria abrir meus olhos, mas não conseguia. Queria falar, mas sentia dificuldade. Queria me mexer, mas parecia que meu corpo era um chumbo. Sentia um líquido escorrendo pelo meu corpo, mas não sabia o que era, e não conseguia fazer nada para que ele parasse, um sono excessivo me dominava. Me entreguei a ele e voltei a dormir, mas não por muito tempo. Senti Luan me chamando e por mais que eu me esforce, as palavras não saem com facilidade da minha boca. Minha cabeça pesa e a única coisa que meu cérebro manda eu fazer é dormir."

...

Acordei muito tempo depois, em um lugar diferente, aquele não era o quarto do Luan. Era... um hospital?

Não!

Não pode ser!

Abri meus olhos e vi uma moça de costas, e com um pouco de dificuldade a chamei.

- A senhora acordou. Eu vou avisar ao médico.
- O que aconteceu?
- Só um momento Srta. Camila, o Doutor vai vir conversar com você.

Alguns minutos depois, bateram na porta e um médico de meia idade entrou no quarto.

- Srta. Camila Bittencourt.
- Isso.
- Quer me contar o que aconteceu ontem?
- Não sei. Não consigo me lembrar de nada!
- Bom, pelo resultado dos seus exames, podemos dizer que a Senhorita andou misturando medicamentos com bebidas. Estou certo?
- Não. Claro que não!
- Não é o que seus exames diz.
- Eu bebi doutor. Mas não tomei meus remédios, porque fiquei com medo de dar alguma reação.
- Bom, vamos lá! Em hipótese alguma, você pode ingerir qualquer quantidade de álcool durante o seu tratamento. Você está tomando doze comprimidos ao dia, de acordo com o seu prontuário enviado pelo Doutor Cézar Ribeiro. Essas substâncias, elas não saem da sua corrente sanguínea de uma hora para outra, e elas servem para te manter estável. Se você deixa de tomá-las ou, se faz uso de algum outro tipo de substância que choque com elas, acontece isso que aconteceu com você. Que bom que seu namorado trouxe você para cá, ou seria tarde demais. Você teve uma overdose Camila. Quase fatal.
- Meu Deus! - Eu disse apavorada.
- Misturar medicamentos com bebida é algo grave, menina. Você é uma moça jovem, tem uma vida pela frente!
- Doutor, eu não sabia que...
- Eu entendo, mas por favor. Não faça mais isso! Hoje, você fica aqui em observação e se tudo se manter tudo estável, amanhã te dou alta e poderá ir para casa.
- E o Luan, já sabe?
- Sim. Assim que saiu os resultados eu o informei.
- Eu posso vê-lo?
- Claro. Vou pedir que liberem a entrada dele.
- Obrigada.

...

Eu estava morrendo de vergonha! Quase morri por algo tão besta. Quando eu vou parar de ser uma garota imatura e irresponsável? Quando eu vou parar de agir por impulso e lembrar que eu tenho um filho, que depende de mim. Quando?

Luan entrou no quarto depois de bater na porta e pedir licença e vi pelo seu semblante, que ele estava confuso e decepcionado comigo.

- Me perdoa! Por favor! - Foi só isso que eu consegui falar.
- Por que fez isso?
- Eu não sei... Fiquei nervosa quando a Bruna chegou ontem. Eu nem sei o que tinha naquele copo, eu só peguei da bandeja do garçom e virei.
- Por que não me falou que tinha bebido?
- Tive medo.
- E foi só isso?
- Não... Quando eu senti o gosto daquela bebida, eu lembrei da sensação de que ela me traz, então no final da festa, eu fui até a mesa de bar e bebi mais algumas doses de algumas coisas que eu nem lembro. Vodka, Gin, Whisky... Depois eu comi um monte de doces para disfarçar. Não tomei o remédio ontem, com medo de me fazer mal. Eu não sabia que... Eu não queria! Eu juro! Me perdoa!
- Isso vai ficar entre a gente. - Luan disse me olhando sério. - Mas você tem que me prometer que vai procurar ajuda quando tudo isso passar. E não é por mim que estou te pedindo isso. É pelo nosso filho.
- Eu prometo!

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