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Ter dormido com o nome dele na cabeça provavelmente foi um erro, mas eu só fui descobrir o motivo quando me dei conta de que estava sonhando. De repente, me vi nua deitada de lado em uma cama enorme e quente, o corpo dele encaixado perfeitamente ao meu, sentia seu calor cobrir minhas costas de forma agradável. Sua expiração batendo levemente em meu pescoço, sua barba arrepiando meu corpo inteiro. Percebo que já não consigo respirar direito. Sua mão pesada e áspera inicia uma excursão pelos meus seios. Sinto-me extremamente sensível, com partes do corpo em chamas. Esfrego a ponta dos dedos nos lençóis até eles queimarem com a fricção.
O que mais me aterrorizou não foi o fato de eu estar tendo um sonho sensual com meu algoz, e sim, o fato de eu já estar molhada antes mesmo de sentir sua mão direita dedilhar meu corpo inteiro até alcançar minha intimidade.
Eu apertei minhas coxas o máximo que consegui para impedir a entrada daqueles dedos enormes em mim, foi quando ouvi:— Calma Belle, prometo ser gentil. Apenas relaxe.
Sua voz era um sussurro abafado em meu ouvido e me derreteu por completo. Toda a força que antes eu fazia para tirá-lo de mim, agora eu fazia para ele ir mais fundo. Seus dedos alcançaram lugares que eu mesma jamais havia chegado. Ele massageava lentamente o meu clitóris com o polegar em movimentos circulares, se divertindo com cada espasmo que eu tinha. Minha respiração ficou subitamente descompassada, eu comecei a gemer baixinho enquanto rebolava cada vez mais forte contra os dedos dele, enquanto sentia seu membro ficar cada vez mais rígido contra meu traseiro.
Nunca senti ninguém arder tanto assim por mim. Sinto-me vergonhosamente excitada e, muito embora esteja de costas, seus olhos confirmam que sou eu quem está vencendo este jogo. Eu o xingava de todos os nomes possíveis enquanto não conseguia parar de sorrir.
Passados alguns instantes eu percebo que eu não estava no controle nem de mim própria, pois estava tremendo, meu corpo arquejava e ele não dava nem sinal de querer acabar meu sofrimento. A essa altura eu já choramingava em seus braços pedindo para que ele me fizesse gozar, ele ria do meu desespero e continuava com seus movimentos vagarosos. E sem aviso uma onda de prazer inundou meu corpo, as batidas de meu coração acompanharam aquela sensação ondulante e gostosa. Não conseguia formular nenhum pensamento minimamente racional.
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Desperto de sobressalto após ouvir um barulho amadeirado, rítmico e insistente. Alguém estava batendo à porta do meu quarto. Eu ainda estava exausta, parecia que eu não havia descansado um único dia em toda minha vida, o peso do planeta terra estava todo sobre minha cabeça. Eu tento me recompor enquanto ouço:
— Belle, você está bem? Belle? — Era Negan, sua voz estava abafada graças a porta.
— Sim, — Eu digo em tom arrastado. — Não se preocupe.
Eu mal havia terminado de respondê-lo quando ouço o ranger da porta abrir. Ainda não havia nem levantado da cama e já tive a sorte de dar de cara com ele logo cedo.
— Eu estava passando e ouvi gemidos e um choramingo sem fim. Tem certeza que não está doente? — Disse ele em tom sério.
Fiquei em estado catatônico, àquele ponto, meu rosto já havia passado por todos os tons de vermelho até empalidecer e chegar no branco cadáver.
— Bem, eu... — Eu tentei buscar alguma explicação que não fosse tão degradante quanto a realidade.
Ele se aproximou de mim e pôs a mão em minha testa para conferir minha temperatura.
— Cecete Belle, dormiu no inferno? Você está queimando. — A voz dele tornou-se subitamente profunda.
Ah... se ele soubesse que sonhei com o próprio demônio...
— Você precisa ir para enfermaria agora mesmo.
— Não! Quero dizer, sim — digo, parecendo tão perturbada quanto eu realmente estava — eu só preciso comer algo, tenho certeza de que não é nada.
— Tudo bem, se você quiser eu... — Negan pigarreou.
— Não, não precisa. No momento eu só quero descansar um pouco e ficar sozinha.
Nos despedimos com a minha já clássica negação de fragilidade. E mesmo que soubesse que eu não tinha nada mais que um tesão reprimido, eu fui até a enfermaria, onde Heathcliff, o médico do Santuário me atendeu. Heath foi doce, gentil e atencioso, foi um choque descobrir que aquele tipo de pessoa ainda existia. Minhas suspeitas apenas se confirmaram, eu não estava doente coisa nenhuma. Meu autodiagnóstico era bem mais simples: eu estava ovulando, e a minha libido tinha picos que variavam entre altos e altíssimos. Eu não vi Negan pelo resto do dia, mas ele fez questão de fazer Lucy levar cada uma das minhas refeições para o meu quarto, com um acréscimo de alguns morangos (que eram um tanto raros àquela época do ano), um mimo daquele nível realmente merecia um reconhecimento.
A repentina bondade dele estava me dando nos nervos, ao ponto de que eu estava quase começando a me sentir mal pela forma como o tratei pela manhã. Atente-se ao "quase". Pois, eu sabia muito bem o que ele almejava com aquela bondade toda. O ditado de "cavalo dado não se olha os dentes" não se aplica a minha situação com Negan, pois eu não só encaro a bondade dele com desprezo, como também, desprezo ele próprio por saber que implicitamente, sua bondade só serviria para abrir caminho para que logo logo eu me tornasse a mulher que cavalgaria nele.
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𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚
ChickLitBelle descobriu que amar e odiar alguém são duas coisas perturbadoramente parecidas. Negan, por sua vez, descobriu na prática que o contrário de amor não é ódio e sim indiferença. Um cretino convicto e uma mulher geniosa (e um tanto dramática), vive...