- ̗̀ Capítulo 11 ˎ'-

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       —Eu quero um cargo! — respondo com segurança.

       Negan não entendeu.

       — Qualquer coisa serve, mas eu adoraria participar de grupos de coleta ou de rondas.

       Ele ainda não entendeu.

       — Por favor — eu murmuro, deixando minha garrafa d'água no balcão.

       — Sem chance, esqueça —  respondeu ele, desiludido, me olhando como se eu tivesse acabado de destruir seu castelinho de cartas que demorou horas para ser erguido.

       — E por que não? — questiono.

       — Porque eu disse não. Ponto final.

       Ele ainda estava com minhas pernas em volta de si, e para lembrá-lo que não era uma boa ideia me contrariar, eu as apertei um pouco mais forte e senti os músculos dele se retesarem. Ele soltou uma respiração pesada, que parecia um gemido.

       — Pensei que estivesse falando sério sobre me satisfazer. Eu só queria me sentir útil de novo, você mesmo disse que tenho potencial — digo, com a voz um pouco mais contida.

       Ele comprimiu os lábios com força e olhou para cima, buscando paciência ou ar, o que viesse primeiro.

       — Não é tão simples assim, não sei se posso confiar...

       — Ah, sim, óbvio... —  eu o interrompi, minha voz saiu inesperadamente áspera — Por causa da minha família?

       — Não tem nada a ver com o caralho da sua família, porra, o que me interessa é você, já cansei de te dizer isto — ele segurou minhas têmporas com as mãos gentilmente — A questão é que não posso confiar a sua vida na mão de nenhum outro homem. Belle, você não tem treinamento e nem porte físico para sair por aqueles muros e se defender sozinha, como se não fosse nada. Eu não permito.

       — Se esse é o seu único impedimento, então me treine! — seguro suas mãos e as afasto do meu rosto.

       — Não. Não vou fazer isso.

       Contrariada e aborrecida, eu afasto minhas pernas de seu corpo, libertando-o, ele parece sentir falta. Afasto-me dele, apoiando-me nos meus braços atrás de mim, minhas mãos espalmadas no mármore gélido também sentem falta do calor de sua pele.

       — Me peça outra coisa — ele diz em tom de súplica.

       Eu abaixo a cabeça.

Se eu não tiver o que quero, ele também não terá.

       — Você já sabe o que quero, faça o que quiser a respeito — respondo.

       Ele se empertigou todo, como se eu tivesse acabado de lhe dar uma ordem. Esfregou a mão no rosto mais uma vez e ficou pensativo, parecia puto e absolutamente perplexo, como quem tenta resolver um quebra-cabeças impossível.

       Negan se inclina para mim, ou assim eu penso, por um instante desconfiei que ele fosse me beijar, por instinto, fecho os olhos. Eu espero, e nada acontece. Só volto a abrir meus olhos quando escuto um barulho seco de "clack". Ele havia quebrado, com a mão livre (!), um pedaço do chocolate, uma lasca retangular perfeita.

       — Muito bem, você joga duro — diz ele, me entregando o pedaço de chocolate — Eu vou te dar o que quer. Começamos na próxima semana, às cinco da manhã.

       Eu sabia que conseguiria, mas não sabia que seria tão rápido e fácil.

       — Mas escute bem, vai ter que me obedecer, vai fazer tudo que eu mandar, você entendeu? — perguntou ele, com um olhar sério.

𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora