- ̗̀Capítulo 71ˎ'-

182 23 1
                                    

Belle limpou suas lágrimas e finalmente olhou pra mim. Ela respirou fundo e eu ainda podia notar seus soluços, mas agora eles estavam mais suaves.

― Porque não me contou que estava ajudando tanto a minha família? — Perguntou ela. — Pelo menos isso, eu deveria saber.

― E para quê eu faria isso? Pra você se sentir obrigada a demonstrar gratidão? Não mesmo! ― Eu respiro fundo e me sentei no sofá atrás de mim. ― Queria que você quisesse estar comigo pelo que eu sou, não pelo que eu faço. Mas sei que não vai ser assim.

Ela me fitou ligeiramente boquiaberta.

— Você já me disse milhões de coisas estúpidas, mas dentre todas elas essa foi a mais ridícula e imperdoável. Acha mesmo que eu ficaria com você por gratidão?  — Seu tom era irritadiço e ofendido. — Acha que estou com você pelo que você pode fazer por mim?

— Eu não disse isso, eu só... — Eu tento me explicar.

Belle desfaz rapidamente o laço de seu robe, que se abriu em V, revelando a peça de roupa que ela usava por baixo, uma camiseta preta de algodão, ao mesmo tempo que grande, curta demais para ela.

Eu emudeci, indisfarçavelmente surpreso com a revelação. Ela se aproximou de mim e deixou o robe escorregar por seu corpo até cair aos seus pés.

— Belle... — Eu murmurei, incrédulo. — Essa camisa é minha. — Eu constato enquanto a puxo pela cintura, colocando-a entre minhas pernas.

Ela assente e toca meu rosto com as duas mãos e diz em um tom muito carente.

— Eu não me importo nem um pouco com o que você têm a me oferecer ou com o que pode fazer por mim. Não dou a mínima se você é o líder desse lugar ou só mais um operário. Porque no fim do dia eu tenho saudade de você, não dessas merdas. Acha mesmo que sofreu sozinho esse tempo todo?!

Aquilo foi um tapa. Um tapa delicioso diga-se de passagem.

Eu precisava abraçá-la, senti-la nos meus braços. Os cabelos dela fizeram cócegas no meu queixo quando a puxei para o colo e respirei fundo, fechando os olhos. A beijei e a abracei repetidamente, enquanto sussurrava pedidos de desculpas e senti que Belle foi se acalmando gradativamente, seus soluços eram quase imperceptíveis e sua respiração estava suave.
Seus lábios tinham um gosto levemente salgado por conta das lágrimas, mas agora ela parecia estar se recuperando bem e surpreendentemente rápido do choque de tudo que ela acabara de ouvir.

— Belle, isso foi golpe baixo. Então era dessa forma que suportava nossa distância? Roubando minhas camisas? — Eu digo e consigo arrancar um sorriso dela.

Ela assente suavemente com um sorriso lindo. Seu nariz e bochechas estavam corados e eu não me contive para beijá-la mais um pouco. Eu acariciava suavemente suas coxas enquanto a beijava e notei que a pele dela ficara levemente arrepiada sob meu toque.

― Nunca mais repita o que você fez todos esses dias, mocinha. — Tento dizer entre um beijo e outro. — Pode acabar me matando na tentativa. Falo sério.

― Verei o que eu posso fazer. — Ela disse em tom divertido. — Como pode ser tão manhoso? Sempre foi assim ou é consequência de algo? — Belle sorriu sentindo minhas mãos a explorarem por debaixo da camiseta.

— A culpa é sua! Ninguém nunca me tratou desse jeito.

— Fico feliz em saber disso. — Ela respondeu retribuindo meus beijos.

Ela afastou seu rosto do meu brevemente e fitou a lareira, que agora queimava as cinzas do romance mais célebre de Jane Austen.

— Aliás, antes que eu me esqueça... Você me deve um livro novo.

Eu daria a ela uma biblioteca inteira se isso a deixasse feliz.

— Verei o que posso fazer. — Digo, insolente enquanto beijava seu pescoço.

— Não me obrigue a usar o atiçador de novo. — Belle me advertiu.

Nós rimos, o bom humor dela aqueceu meu peito.

— Eu senti sua falta. — Eu assumo.

— Sentiu minha falta porque quis. Porque se recusou a ceder antes. Como conseguiu ser tão tolo? — Ela falou com um sorriso.

— É fácil quando se fica quase dois meses sem seu amor e seu carinho.

— Você mereceu cada dia. — Ela estreitou o olhar.

Eu assenti, incapaz de competir com seu argumento.

— De qualquer forma... — Digo passando uma mão por suas costas e outra sob seus joelhos, mantendo-a no colo enquanto levanto do sofá. — Eu vou precisar de bastante tempo para recuperar esse mês. — Eu finalizo, levando-a para o meu quarto.

𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora