- ̗̀ Capítulo 53ˎ'-

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Eu pego uma toalha para ela no armário e antes de entrar no banheiro, bato na porta, apesar de me sentir extremamente ridículo ao fazê-lo, uma vez que o quarto é meu. Um "pode entrar" melódico ressoa e eu o sigo. Deixo a toalha sobre a pia, quando Belle se vira para ver o que eu estava fazendo ali, ela escorrega, se desequilibra e bate a mão no box.

Eu vou até ela rapidamente, na tentativa de ajudá-la. Ela se apoia nos meus braços e o fato de estar ali com ela, naquele box, me fez lembrar de algumas coisas.

De muitas coisas, na verdade.

Coisas nas quais eu prefiro ignorar para não parecer um pervertido fodido.

― Você tá bem? ― Pergunto.

― Sim... Eu acho. ― Ela disse, sorridente.

Seus cabelos molhados, colados nas costas e sua pele lisinha, que estava levemente corada graças a água quente, escorrendo por todo seu corpo. Aquela, definitivamente, era uma visão fascinante.

― Por que diabos você está rindo, Belle? Você podia ter se machucado pra cacete. ― Retomo minha postura.

Ela riu mais forte e eu continuei esperando uma resposta.

― Não é nada, só que... Não queria que me visse assim. Eu devo estar parecendo o Alice Cooper agora. ― Ela aponta para os olhos. A maquiagem escura tinha derretido um pouco, escorrendo nos cantos, deixando algumas manchas de rastros acinzentados em seu lindo rosto.

A água do chuveiro continuava a cair e as minhas roupas ficavam cada vez mais encharcadas. Eu segurei seu rosto com as duas mãos, passei gentilmente os polegares sobre suas bochechas limpando a maquiagem que saiu com certa facilidade. Seus olhos escuros pareciam mais brilhantes agora, tão linda que eu senti um aperto na garganta.

― Você não pareceria Alice Cooper nem se quisesse. Até onde eu sei... Ele não é uma gostosa. ― Digo e ela ri mais ainda.

Ela fica na ponta dos pés para me beijar mas eu recuo. Belle ficou confusa, aquela tinha sido a primeira vez que eu recusava um beijo seu.

― Acho melhor você se secar, e vestir uma roupa, Tinkerbell.

Ela tomou minha mão direita e colocou meu dedo indicador dentro de sua boca. Por um breve momento ela chupou, sugou e o lambeu. O calor de sua boca me fez estremecer, por isso a mandei parar. E o fiz no tom mais duro que consegui.

― Desculpe, daddy, não quis te irritar. Eu só estou com muito tesão. Acho que tinha algo a mais na bebida que Daniel me deu. Heath falou para eu não aceitar, mas foda-se, só se vive uma vez. Desculpa daddy, vou ficar quietinha, prometo. ― Ela se explicou em um tom arrastado e completamente fora de si.

Isso explicava muita coisa.

Após um breve minuto sem conseguir formular qualquer pensamento lógico, eu finalmente a retiro do box e a cubro com a toalha. Seco seus cabelos, ombros, braços, costas e seios. Me apoio em um dos meus joelhos para secar sua barriga, coxas, pernas e pés. Ela olha pra baixo, pra mim, enquanto enterra seus dedos em meu cabelo, em uma carícia que arrepia cada centímetro do meu corpo. Eu me pego hipnotizado por seus olhos por um breve momento. Ela sorri e se afasta, desfilando calmamente, se movimentando como uma rainha bêbada, em direção ao meu guarda-roupas. Escolhe e veste uma de minhas camisetas.

Admira sua imagem no espelho, como se estivesse flertando consigo mesma.

A camiseta branca lisa era, ao mesmo tempo que pequena, grande demais para ela.

Ela deitou na cama e rolou um pouco, enquanto me observou trocar de roupa com uma curiosidade indevida. Eu sorri a perceber a cena, mas eu não pretendia fazer nada com ela aquela noite. Agora com roupas secas e mais confortáveis, vou até ela, a cubro com um cobertor macio e beijo sua testa.

― Não precisa cuidar de mim como se eu fosse uma bonequinha. ― O tom dela ainda era arrastado e manhoso.

― Mas você é a minha bonequinha. ― Digo, próximo a sua orelha e a vejo se arrepiar. ― Boa noite, Belle.

Antes que eu consiga me afastar, ela segura meu braço.

― Ei ―, volta aqui. Deita comigo.

― Não, não vou dormir com você, Belle. Hoje eu vou para outro quarto.

A diversão se dissipou de seu rosto.

― Vai dormir no quarto da Kara?

Eu suspiro.

― Talvez. Por que não?! ― blefo.

― Não daddy, por favor, não. Eu não quero ficar sozinha hoje. Daddy, por favor.

Ela usou o tom perfeito para me pedir aquilo. Belle sabia exatamente o que fazer para conseguir o que queria de mim.

― Tudo bem, só... pare de choramingar.

Eu me deitei na cama, mas de costas para ela. Contudo, Belle me cutucou até que eu me virasse.

A Belle bêbada é um porre.

Naquele ponto eu me arrependi amargamente do que desejei sobre o efeito do álcool nunca passar. No momento, tudo que eu queria era a minha Belle encrenqueira, porém sóbria, de volta.

𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora