- ̗̀ Capítulo 37ˎ'-

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Negan

       Os cabelos dela estavam espalhados pela cama. Ela estava com a cabeça deitada no meu ombro e observei as ondas escuras se derramarem pelo meu braço e travesseiros, como uma cascata densa e perfumada. O cheiro dela causava uma sensação de paz que me preenchia.

       Todos os meus sentidos haviam sido dominados por ela, sua respiração suave, seu cheiro, seu gosto, sua maciez. Como uma algema mental, tudo me envolvia, me mantinha cativo. Como uma droga alucinógena pesadíssima que me deixava exausto, mas eu nunca me sentia totalmente satisfeito. Não conseguia abandoná-la por mais que tentasse. Sabia que ela me teria nas mãos todas as vezes que me olhasse com seu jeitinho manhoso.

       ― Porque você me chama de Tinkerbell? ― Perguntou Belle, enquanto brincava com os meus dedos, encantada com os tendões e veias ressaltadas do meu braço. ― É só um trocadilho com meu nome ou é porque eu sou irritante igual a personagem?

       Depois de uma foda gostosa, a voz dela estava cansada e pouco rouca de tanto gritar. Sua pele ainda possuía uma camada fina de suor e a respiração ainda apresentava alguns suspiros e inspirações suaves.

       ― No começo era só um trocadilho com seu nome, sabia que a irritaria e achei engraçado. Mas depois do nosso primeiro beijo... Eu reparei que você precisava ficar nas pontas dos pés para alcançar minha boca, e enquanto fazia isso, empinava o bumbum. Por um momento, o apelido pareceu perfeitamente adequado. ― Ela olhou para mim com aqueles olhos enormes e brilhantes, com uma expressão tão terna que senti vontade de apertá-la. ― E também porque você é bem irritante quando quer.

       Ela encosta sua boca em meu ombro e dá risada. Uma risada que vibra por todo o meu corpo. Olho seu lindo sorriso e sinto que por um instante ele iluminou o quarto inteiro. O quarto no qual quero passar o resto de meus dias e que eu provavelmente jamais iria querer sair depois daquela noite.

       Após algum tempo, uma sombra de dúvida pairou em seu rosto delicado. Ela se desvencilha de mim com facilidade, senta em minha barriga, entrelaçou sua mão na minha e pareceu pensativa por alguns instantes.

       ― Daddy, ― deixou escapar um suspiro. ― Você já mentiu pra mim? ― Ela foi direta.

       ― Não entendi. ― Eu pigarreei.

       Ela passou alguns instantes em silêncio, esperando uma resposta convincente, como se estivesse me dando uma última oportunidade para confessar meus pecados ou algo assim. Eu fiquei estático com a pergunta tão inesperada, em um momento mais inesperado ainda.

       ― Porque... Eu já menti para você. ― Ela fala baixinho, depois de um longo silêncio.

       ― É porque você disse que meus bolinhos pareciam horríveis? ― Eu pergunto. ― Eu sei que era mentira.

       Ela revirou os olhos por causa do modo como eu soei convencido dos meus dotes culinários, mas assentiu e continuou:

       ― Bem, sim, seus bolinhos estavam lindos. Mas não é sobre isso não.

       O tom dela estava sério e profundo. Um arrepio leve me ocorreu.

       ― Belle... ― Um sentimento estranho começou a crescer no meu peito repentinamente.

       ― Eu vou te mostrar. ― Ela desce da cama e vai em direção ao armário.

        Meu corpo enrijeceu, tenso, vendo ela revirar suas roupas no armário em busca de algo. Não sabia o que ela pretendia dizer com aquilo tudo, mas meu sangue congelou nas veias só de imaginar. Até que ela finalmente voltou pra cama com uma caixinha de cor escura nas mãos. Eu me sento para estudar melhor o conteúdo da caixa, e em meio algumas fotos e papéis ela retira um documento, uma carteira de habilitação, mais especificamente.

       ― Pega. ― Diz ela me entregando o documento de identificação e eu aceito meio desconfiado. ― Quando você perguntou o meu nome no dia em que nos conhecemos, eu disse...

       ― Tem certeza de que você me entregou o negócio certo?! ― Digo, impaciente, após examinar brevemente o documento.

      ― Sim, isso aí é meu. ― Ela responde apreensiva.

       ― Não, seu nome é Isabelle Francis Bennet. Essa daqui é uma tal de Fran... ―, Eita-porra.

       ― Pai, Francis. Mãe, Isobelle. Francisbelle, tá feliz?! ― Ela explica.

       A tensão se dissipou completamente e eu explodi em uma gargalhada alta, enquanto ela me encara séria, esperando a minha crise de riso passar. Eu havia entendido o porquê dela não ter me dito antes, e no lugar dela, também mentiria meu nome.

       Francisbelle... Isso era maravilhoso para o meu eu da quinta série.

      ― Olha... ― Eu ri tanto que chorei. ― Veja pelo lado bom, é um lindo nome levando em consideração que podia ter sido "Isocis".

      Ela se segurou para não soltar uma risadinha.

       ― Sabia que você ia fazer isso, me dá isso aqui. ― Disse ela, meio arrependida, tentando tomar o documento de minhas mãos.

      ― Ah, não fica assim, é um lindo nome. ― Eu rio mais um pouco. ― A história é que é engraçada.

       Ela sorri, fracamente.

       ― Ah, cala a boca, vai. Nem sei porque te mostrei isso. ― Dizendo isso ela voltou a se deitar no meu peito.

       Eu deixei aquilo de lado e a abracei.

       ― Mas respondendo a sua pergunta... ― Quando digo isso, Belle se volta para mim, atenta. ― Não. Não menti pra você, o meu nome de verdade é Negan mesmo. ― E sem querer eu retomo minha risada.

       Ela sorri e revira os olhos.

       ― Olha, se de agora em diante você ousar me chamar de Francisbelle, eu juro que vou ter um ataque de nervos e nunca mais falo com você. ― Ela ameaça.

       ― Não ousarei. Prometo. ― Fiz uma cara solene e ri, estritamente por dentro dessa vez. Gostava da cerimônia e da magnificência de fazer promessas, sem me importar com a intenção de cumpri-las. ― Além do mais, seus nervos tem sido meus bons amigos todo esse tempo, adoro eles.

     Tão logo eu a tinha em meus braços novamente, e era melhor do que eu imaginava. Ela adormeceu com um sorriso no rosto, enquanto eu acariciava suas costas e me sentia com sorte, por ser o homem que dormiria aquela noite respirando a fragrância de lavanda que seus cabelos exalavam. Me senti tão estupidamente grato por ela se sentir confortável em me contar um segredo que eu já não sabia mais até onde iria por aquela mulher.

       Francisbelle... Puxa, quem diria?!

𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora