Ela cruzou os braços e se inclinou ligeiramente para frente, deixando seu decote canoa mais saliente, tornando aparente a parte de cima dos seios. Ela fazia parecer algo involuntário e muito casual, até mesmo inocente, mas eu sabia que ela fazia isso porque, secretamente, gostava de ser admirada. E eu nada pude fazer se não exatamente o que ela queria.
Ela ergueu sua destra em direção a mim e agarrou minha mandíbula com firmeza, puxando-me para perto de si e forçando-me a olhar para ela, bem no fundo de seus olhos escuros e sedutores.
— Posso ser duas coisas para você; Sua amante ou sua inimiga. Posso usar de toda minha determinação para te destruir ou para te satisfazer. Tudo isso na mesma intensidade. — Ela me advertiu, enquanto me provocava, seduzindo-me com a destreza de uma serpente que hipnotiza sua presa.
Aquela conversa tinha tomado um rumo inesperado e muito interessante. Permiti que ela continuasse com seu monólogo, pois, queria descobrir o que ela estava tramando.
— Ser sua amante é muito fácil, porém se essa for sua escolha, terá de entender que não sou nenhuma virgenzinha pura e obtusa que precisa de cuidados e proteção, e não poderá se meter nas minhas escolhas futuras. — Ela retira sua mão de meu queixo e afasta seu rosto do meu. — Bem, a segunda alternativa é um pouco mais difícil, porque você vai sofrer muito, e não é algo que eu desejo.
Eu fico um pouco pensativo, tomo minha caneta de cima da mesa e brinco com ela por entre os dedos, tentando mascarar o meu nervosismo. Apertei o botão da caneta por três vezes seguidas rapidamente. Click click click. Isso cortou a concentração de Belle pelos joelhos.
— Diga-me, e quem vai me fazer sofrer? — Pergunto em tom jocoso.
Ela me olhou: não-é-óbvio?
— Eu. — A resposta foi rápida e direta como um soco.
Eu ri com escárnio.
— Ria o quanto quiser, ou melhor, enquanto pode. — Ela falou com uma convicção inabalável.
ClickClickClick.
Agora eu a olhava com um interesse maior do que antes e Belle franziu suavemente os lábios.
— Está me ameaçando? — Eu pergunto.
— Acho que eu não preciso ser mais clara.
— Com quem você pensa que está falando? — Pergunto seriamente.
— Depende, quem você pensa que você é? — ela respondeu.
ClickClickClick.
A caneta serviu como um objeto anti-estresse quando encarei aquele sorrisinho convencido estampado em sua face. Contraí até os dedos dos pés de tanto ódio.
— Respondendo perguntas com mais perguntas?! — eu indago. — Com quem aprendeu esse hábito terrível?
Ela me olhou: "adivinhe" estampado em sua face.
— Você ainda não me respondeu. O que prefere que eu seja pra você? Espero uma resposta.
— Agora?
— Sim.
ClickClickClick.
Belle sorriu forçadamente, não tinha diversão em sua face. Ela estreitou o olhar, visivelmente aborrecida pelo barulho dos cliques e arrancou a caneta de minha mão, jogando-a sobre a mesa. A caneta quicou sobre a superfície plana sem maiores consequências.
— E então, o que vai ser? — Ela me deu um ultimato.
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𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚
ChickLitBelle descobriu que amar e odiar alguém são duas coisas perturbadoramente parecidas. Negan, por sua vez, descobriu na prática que o contrário de amor não é ódio e sim indiferença. Um cretino convicto e uma mulher geniosa (e um tanto dramática), vive...