𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚

- ̗̀ Capítulo 13 ˎ'-

- ̗̀ 𖥸 ˎ'-

       Enfim, o dia do treinamento de Belle havia chegado e por algum motivo, eu gostava da ideia de ensinar autodefesa a ela. Não pretendia deixá-la passar por nenhuma situação de perigo, mas ainda assim queria que ela soubesse se defender, caso surgisse a necessidade.

        A ironia do que eu fazia não passou despercebida por mim. A maioria das pessoas diria que era de homens como eu que ela precisava se proteger e provavelmente teriam razão. Mas eu não me importava. Faria o que fosse preciso para mantê-la segura... mesmo se isso envolvesse ensiná-la a matar alguém como eu.

       Belle estava acordada desde às três da manhã e provavelmente mais enérgica do que eu estaria em qualquer outra hora do dia. Gostava do entusiasmo dela, e gostava mais ainda das roupas que ela havia escolhido para o treinamento. Ela estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo, usava um top esportivo por baixo da regata branca lisa e um short que não limitava seus movimentos. Seu rosto estava iluminado enquanto ela me seguia até a área de treinamento dos salvadores no lado extremo do composto. A área de treinamento tinha uma academia de luta interna, um campo de tiro externo e um curso de obstáculos em um campo gramado grande.

       — O que vai me ensinar hoje, professor Negan? — perguntou ela, mas não estava sendo maldosa, não exatamente.

       — O que quer aprender primeiro? — Minhas palavras saíram em tom baixo e rouco quando uma onda familiar de excitação me invadiu.

       Eu adorava vê-la daquele jeito, parecia estar bem mais à vontade na minha presença, mesmo que eu, secretamente, quisesse jogá-la sobre os tapetes emborrachados mais próximos para uma trepada rápida.

       — Eu estava pensando em começar por tiro — Ela respondeu, abrindo um sorriso radiante.

       Ela parecia tão empolgada que decidi desistir da trepada no tapete por enquanto. Uma gratificação atrasada podia ser uma coisa boa e eu queria usar aquele tempo especificamente para o treinamento dela.

       — Muito bem — digo, pegando a mão dela.

       Conduzi-a para o campo onde eu normalmente fazia exercícios com meus homens. Naquela hora do dia, era cedo demais para exercícios pesados e a área estava em sua maioria vazia. Ainda assim, ao passarmos, vi alguns dos guardas olhando discretamente para Belle. Tive vontade de arrancar os olhos deles. Eles deviam ter percebido, pois afastaram o olhar assim que viram minha expressão. Eu sabia que era irracional ser tão possessivo em relação a ela, mas não me importava. Ela pertencia a mim e todos precisavam saber disso.

      — Tem experiência com isso, não é!? — pergunto a ela ao nos aproximarmos de um galpão no canto do campo de treinamento. Olhei para ela de lado - Quero ver se é boa com uma arma.

       Ela sorriu, com os olhos brilhando de ansiedade.

       — Não sou ruim — disse ela, a confiança em sua voz me fez sorrir.

       Eu mal podia esperar para vê-la demonstrar suas habilidades. Dentro do galpão, havia algumas armas e equipamento para treino. Entrando, selecionei algumas das armas mais comumente usadas, variando de uma pistola de 9 mm a um fuzil M16. Peguei até mesmo uma AK-47, apesar de, talvez, Belle ser pequena demais para usá-la com facilidade.

       Depois, saímos para o campo de tiro. Havia vários alvos instalados em intervalos diferentes. Fiz com que ela começasse com o alvo mais próximo, uma dúzia de latas de cerveja vazias colocadas sobre uma mesa de madeira a cerca de quinze metros de distância. Entreguei a pistola 9 mm a ela, instruí como usá-la e fiz com que mirasse nas latas. Para meu choque, ela acertou dez das doze latas na primeira tentativa.

       — Merda — resmungou ela, abaixando a arma. — Não acredito que errei aquelas duas.

       Surpreso e impressionado, fiz com que ela tentasse as outras armas. Ela ficou confortável com a maioria dos tipos de pistolas e fuzis de caça, acertando a maior parte dos alvos novamente, mas seus braços tremeram quando tentou mirar a AK-47.

       — Você teria que ser mais forte para usar essa aí — digo, tirando a arma da mão dela.

       Ela assentiu.

       — Preciso ficar mais forte. Quero poder usar todas essas armas, como você. —  Seu tom de voz soou extremamente sério.

       Não consegui evitar uma risada ao ouvir aquilo. Era inegável que Belle tinha uma veia fortemente competitiva. À medida que o treinamento progrediu, vi que ela era melhor com armas do que com facas, apesar de ser surpreendentemente decente com ambas.  Ela tinha uma facilidade tremenda em certos movimentos de luta, o corpo pequeno lentamente se mostrou em pouco tempo uma arma letal. Mas eu, miseravelmente, tive que comprovar aquilo na prática, decidi que iria testá-la em uma luta corpo-a-corpo. Assim que deixamos as armas no galpão, segurei seu cotovelo delicadamente e a guiei até a área de luta no centro do galpão.