- ̗̀ Capítulo 35ˎ'-

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       Após algum tempo o encarando eu finalmente digo:

       ― Eu não aceito e não permito que volte a me tratar do jeito que me tratou naquele dia. Viver sob sua desconfiança não é vida pra mim nem pra ninguém. Você foi extremamente injusto e cruel em suas suposições. ― Eu tento me manter impassível. ― E se aquela for mesmo a sua opinião sobre mim, se acha mesmo que eu conseguiria traí-lo... Então, não vejo motivos para...

       De algum jeito, a minha voz soou bem mais machucada e ressentida do que eu realmente estava. E eu devo ter feito uma expressão bem triste porque ele me olhou com compaixão.
Ele assentiu e explicou:

       ― Você tem razão, Tinkerbell, eu fui um imbecil. De verdade, não acho que você seja capaz disso. Mas você não pode querer que eu seja um cara gentil quando você sai e fica a mercê do Sr. Gentileza, que assumidamente, é o seu tipo. É ele que me gera desconfiança. ― Ele diz e sua boca se repuxa com nojo.

      Ai meu Deus... Ele não parava.

       Mas eu não ia dar o gostinho a ele de explicar que Daniel era só um amigo e que para começo de conversa, eu só tinha dito que Daniel era meu tipo para provocá-lo.

       ― Tudo que falei naquela noite, foi da boca pra fora porque estava nervoso, tinha acontecido muita coisa que você nem imagina. Quando eu voltei, você não estava, ninguém sabia seu paradeiro e quando Simon me contou que a viu atravessando os portões com o Daniel, eu surtei. Eu sinto muito, devia ter cuidado de você, te protegido... E tudo que eu fiz foi aquele papel ridículo.

       Eu repassei cada palavra dele em minha mente.

       Simon... Aquele desgraçado infeliz, bigodudo nojento, iria me pagar.

       ― Olha... Não quero que pense que eu tenho esse ciúme todo de você não... ― Ele prosseguiu, e abaixou a cabeça, um tanto envergonhado.

       HA!

       ― Ah, claro. Negan, o líder dos salvadores, com ciúmes de mim? Impossível. Nunca me passou pela cabeça. ― Digo em tom sarcástico.

       ― Mas o que acontece é que... Eu mataria qualquer um que encostasse em único fio de cabelo seu ― Ele finalizou, falando muito seriamente.

        Senti meu corpo inteiro enrijecer após aquela afirmação tão gratuita. Tentei não transparecer que por dentro eu ria de nervoso igual uma louca, porque eu sabia que ele estava sendo absolutamente sincero quanto aquilo.

       Nota mental:

       Nunca, em hipótese alguma, contar sobre o beijo de Daniel. (Para o bem da humanidade).

      ― Você não confia em mim porra nenhuma se ainda imagina esse tipo de coisa. ― Digo, fingindo-me de atacada com aquela afirmação.

      ― Eu sei... Eu sei... É por isso que eu tô tentando corrigir as coisas. Quero ser o que você merece, por isso quero uma chance. ― Ele disse enquanto esfregava sua mão na testa, exausto, enquanto sua voz saía enfraquecida. ― Eu confio em você. Confio tanto que estou quase te dando o meu c...

      ― Tá! Tá! ― Eu o interrompo nervosamente. ― Desnecessário.

      O fato dele estar falando de modo tão sério uma besteira daquelas acabou com toda a minha postura. Quando eu finalmente paro de rir, tento retomar a discussão, mas já era tarde.

      ― Somente ás vezes Negan, tenho vontade de... ― Digo sentindo o corpo dele se aproximar cada vez mais de mim.

      ― Tem vontade de quê? ― Perguntou ele, quase ronronando.

      Ele segurou minha cintura, puxando-me para mais perto de si e esfregando seu rosto no meu.

       ― Quer descobrir? ― Digo, maliciosa.

      Ele sorriu e sempre que me olhava nos olhos, parecia sentir-se reassegurado, então me abraça e me levanta do chão. Sua boca toca a minha de modo desesperado e cheio de saudade. Nós dois deixamos suspiros de alívio escapar. Começamos apenas respirando o ar um do outro, mas logo a pressão em nossos lábios e o desejo ganham força e nossas bocas se abrem.   
        Os músculos em meus braços começam a tremer pateticamente contra o pescoço de Negan, e ele me abraça mais apertado, até eu sentir que tomou conta de mim por completo. Meus dedos se curvam em seus cabelos e eu puxo uma mecha de fios grossos e macios. Negan geme. Nossos lábios se entregam à luxúria do beijo. Deslizam, empurram, escorregam. A energia que costumava nos açoitar inutilmente agora escapa, livre.

       Quase como uma corrente elétrica, que circulava dentro de mim e passou a invadi-lo e a guiá-lo. O desejo foi se tornando mais forte a cada movimento. Quando finalmente consigo respirar, nosso beijo lento e sensual se transforma em uma série de beijos mais rápidos, com mordiscadas leves. Ele estava me testando, e percebi que ele ainda guardava certa timidez. Como se ele estivesse me contando um segredo com aquele beijo. Ele demonstrou uma fragilidade que eu jamais esperaria. Negan queria fazer daquele momento algo para não se esquecer. Aproveitou cada centímetro dos meus lábios, daquela sensação. Ter ficado longe de mim aquela semana claramente tinha o dado uma outra perspectiva. Ele continua me apertando em um abraço caloroso. Cruzo os tornozelos e observo seu rosto como se jamais tivesse o visto antes. O impacto de sua beleza era quase assustador ali, tão próximo, com um olhar iluminado. Nossos narizes se esfregam.

      Ele se sentou na minha cama, eu continuo em seu colo, e enquanto eu beijo suavemente seu rosto, Negan dá uma pausa em seus movimentos enquanto me admira por alguns instantes.

       ― Eu estive pensando no que você disse outro dia... Sabe?! A parada do amor recíproco e infeliz. O que você quis dizer com isso? ― Ele me olhou com um olhar tão apaixonado que eu senti meu coração esquentar.

       ― Você não entendeu? ― Pergunto e ele faz uma negação com a cabeça enquanto acaricio seu rosto. ― Quer dizer que meu único infortúnio seria seu desamor. Eu sou feliz só por você gostar de mim.

       ― Hmm... ― Ele pareceu satisfeito com a resposta. ― Mas é muito fácil gostar de você, não tenho mérito algum nisso. ― Ele encosta seus dedos no meu queixo, erguendo meu rosto para que eu o olhasse nos olhos.

       Eu sorri e depositei um beijo em seus lábios, mas ele me afasta gentilmente de seu rosto mais uma vez e diz:

       ― Espere, você acabou de admitir que o que a gente tem é recíproco? ― Ele perguntou docemente.

       Eu travei por alguns instantes.

       ― Ahm... N-não. ― Digo de modo arrastado. ― Se bem me lembro, apenas disse que gosto que goste de mim. ― Tento reverter meu ato falho.

       ― Isso não faz o menor sentido, estávamos falando sobre amor recíproco. ― Ele franziu a testa.

       Negan me pegou no pulo.

       ― Eu só usei um péssimo exemplo, só isso. ― Digo e sinto meu rosto esquentar.

       ― Ah, é? ― Ele ergueu uma sobrancelha. ― Por que eu não acredito?

       ― Porque no fundo você sabe que eu sou meio desonesta. Se você quiser mesmo saber a verdade, terá que repetir a pergunta algum dia quando eu estiver bem bêbada. ― Eu sussurro, provocando-o.

       Ele sorriu, malicioso.

       Negan puxou levemente os cabelos da minha nuca, forçando minha cabeça para trás um pouquinho, eu gemi. Ele encarou minha boca por algum tempo. A força dele me intimidava, mas ao mesmo tempo me enchia de tesão.

        ― Você tem um desvio de caráter muito sério, mocinha. ― Ele murmurou, me olhando como se não soubesse o que fazer comigo.

       Eu ri e assenti levemente.

       O que eu podia fazer?

       Graças as minhas provocações o sexo carinhoso de reconciliação que os beijos anteriores dele me prometeram tinha ido para a casa do caralho. Ele arrancou o meu quimono e jogou longe, seus movimentos continham uma certa violência que me fizeram perceber que eu já estava fodida antes mesmo dele começar.

𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora