𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚

- ̗̀ Capítulo 10 ˎ'-

- ̗̀ 𖥸 ˎ'-

Desde que decidi parar com a insanidade de me torturar com cada cena de Negan dos últimos dias, comecei a consumir grandes quantidades de chocolate, porque ouvi dizer que isso libera endorfina, que causa a sensação de bem-estar no cérebro, da mesma forma que acontece quando se faz sexo.
E é mais provável que eu não caia na tentação de procurar outras maneiras de ativar essa mesma endorfina. Ou seja, fazendo sexo com um certo homem que me faz ter calafrios só de lembrar do seu toque firme e do seu olhar maldoso.
Torcendo para que os neuro-hormônios do prazer saciem a minha vida e me impeçam de cometer um crime de ódio, eu como quantidades absurdas de chocolate quase todas as noites, ao ponto de que Lucy, a cozinheira mal encarada do Santuário, passou a esconder os chocolates da cozinha e qualquer coisa que contenha açúcar.

As mulheres usam vários métodos para evitar fazer sexo. Certa vez eu conversei com uma garota que escrevia a palavra "vadia" na barriga, com uma caneta para retroprojetor, antes de sair com algum rapaz pela primeira vez. Ela fazia isso para se impedir de aceitar passar a noite com o moço. (Duro? Sim. Eficaz? Com certeza!). Eu como chocolate. É a minha solução para esse problema.

- ̗̀ 𖥸 ˎ'-

Disposta a manter o meu ritual chocolatra, sai do meu quarto após todos irem para a cama.
Eu estava vestindo uma camiseta larga de uma banda de rock underground e uma lingerie de renda escura por baixo.
Meus cabelos presos em um coque frouxo me davam um ar despreocupado, embora eu estivesse me controlando ao máximo nos últimos dias para não ter um ataque de nervos.
A porta da cozinha estava aberta, adentro o ambiente e observo o lugar que era parecido com uma cozinha de Frankfurt, só que com um conceito aberto. Sala de jantar e uma cozinha com estilo industrial rústico, o combo perfeito da eficiência e conforto.

Cruzando o cômodo se podia ver uma janela extensa que ficava em frente a pia, nela dava pra enxergar um pouco além dos muros do Santuário, graças a luz da lua, o horizonte era apenas uma linha fina em uma tonalidade mais escura, parece muito perto, quase ao alcance da mão. Gosto daquele arco limitador, da sensação que dá de estar cercada e protegida.
Abro a geladeira, pego uma garrafa d'água e observo os outros itens com certo desinteresse. E então sou arrancada de meus pensamentos por uma voz familiar.

— Você não soube por mim, mas Lucy esconde barras de chocolate atrás da caixa de leite.

Eu não consigo evitar de tomar um leve susto.

Me viro lentamente e vejo Negan apoiado no batente da porta, percebo que usava uma camiseta cinza lisa que acentuava o tom de sua barba e uma calça de flanela escura que cobria parte seus pés, mas eu pude ver que ele estava descalço.

— Olá, Tinkerbell. — Ele sorriu e eu esqueci como respirar por alguns instantes.

Ele apenas recebeu um revirar de olhos como resposta. Pego uma barra de chocolate 55% amargo, era pesada, uma daquelas específicas para confeitaria, por isso tinha a espessura de cerca de três dedos.

— Quais seus planos para hoje? — Disse ele, dando seu sorrisinho malicioso. — Vai passar a noite comendo chocolate, desesperadamente sozinha?

Eu estreito o olhar. Como será que ele adivinhou?

— Vou. E você, Senhor Negan? Vai passar a noite se masturbando e chorando no travesseiro? — Digo fechando a porta da geladeira atrás de mim com o pé.

Com a garrafa d'água em uma mão e o com a barra em outra, vou em direção ao balcão e deposito meus itens sobre ele, percebi que precisaria de uma faca se quisesse quebrar uma lasca do chocolate.

— Exatamente. E não me chame de senhor, faz eu me sentir um velho decrépito.

Ele me olha de cima a baixo, enquanto eu me movimento pelo ambiente, sentia seus olhos estacionados nas minhas coxas.