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Eu estava especialmente inquieta naquela noite, a insônia estava ganhando uma guerra silenciosa dentro da minha cabeça. Percebi que encarar as paredes daquele quarto até meu cérebro desligar não era uma opção tão boa assim.
Sentia uma dor lancinante em minha mão direita e aquele incessante latejar estava me corroendo por dentro, agora sem toda aquela adrenalina correndo nas veias e mascarando as sensações de dor, estava quase começando a me arrepender de não ter simplesmente jogado uma cadeira em Simon.- ̗̀ 𖥸 ˎ'-
Era uma daquelas noites frias de outono, sob a luz de uma lua insignificante, onde os passatempos pareciam ter se esgotado e jogar cartas com Amber e Frankie não estava mais sendo o suficiente para manter minha sanidade.
Decido sair para tomar um ar. Passei pelos corredores nas pontas dos pés, desci alguns lances de escada de igual forma e reparei que jamais havia percebido o quão frio aquele assoalho metálico era. Talvez não ajudasse o fato de que tudo que eu tinha para me proteger daquela brisa gelada fosse um babydoll de cetim rose gold que se alongava até parte das minhas coxas.
Se eu tivesse sorte o bastante, nenhum dos homens de Negan me perceberia daquele lado do Santuário.
Após algum tempo andando eu encontrei uma espécie de galpão onde eram mantidos todos os itens recolhidos de outras comunidades, mas para azar de toda minha curiosidade, estava trancado. Mesmo assim, consegui dar a volta e achar um limite entre muros e grades se encontravam. Olhando ao redor, percebi o quão diferente era o lugar sem a multidão de pessoas que entravam e saiam de lá o dia todo.Encontrei uma cadeira, provavelmente deixada ali por algum salvador, encostei em uma das paredes externas metálicas do galpão e, finalmente, pude me sentar, cruzar as pernas, acender um cigarro, observar a madrugada e pensar: que merda.
Alguns flashes de raios iluminavam o horizonte, permitindo-me ver as silhuetas de árvores dançando ao longe com a força dos ventos uivantes, que anunciavam que a tempestade que ameaçava cair durante o dia inteiro não tardaria mais chegar.
Seria uma vista perfeita e quase reconfortante se não fosse por um pequeno detalhe: o odor de morte que pairava no ar e grunhidos agoniantes e incessantes, provocados por alguns zumbis presos nas grades. Sete, se não me falha a memória.
Eles farejaram meu cheiro e se retorceram por completo durante muito tempo, mesmo sendo uma visão grotesca, não os temi, não havia motivos para tal. Àquelas pobres almas esfomeadas estavam presas por correntes grossas que, dia após dia, cortavam-lhes lentamente suas carnes apodrecidas na altura do estômago.
De fato, estragando um pouco a experiência daquela paisagem, mas era só o que poderiam fazer.Tempos atrás, Negan havia me revelado que aquele não era um método repelente de zumbis, como muito eu havia pensado, era um aviso para algo pior e mais perigoso: seres humanos vivos. E pensar que eu estava tão presa aquele maldito lugar quanto qualquer morto vivo nas grades me fez tremer por dentro.
Se eu não estivesse tão absorta em meus pensamentos, teria notado uma sombra que se recaiu sobre a grama. Era alta, escura e muito familiar que se aproximava com certa graça. Só a percebi quando ouvi um assobio baixo, característico e um tanto intimidador que eu conhecia bem.
Eu rapidamente considerei se ainda estava em tempo de correr ou cavar um buraco no chão e me enterrar viva, mas é claro, já era tarde demais.Então, Satanás enviou seu único filho à terra e...
— Olá Tinkerbell — Disse ele, com seu costumeiro bom humor esquisito.
Trajava seu uniforme de guerra, sua jaqueta de couro, camisa branca e sua calça jeans escura, segurando seu já familiar taco de baseball, vulgo Lucille.
Eu demorei um segundo para perceber que "Tinkerbell" era uma tentativa de fazer um trocadilho com meu nome, uma péssima tentativa.
Ele sorriu de forma reconfortante, seus olhos possuíam um brilho inacreditável.
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𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚
ChickLitBelle descobriu que amar e odiar alguém são duas coisas perturbadoramente parecidas. Negan, por sua vez, descobriu na prática que o contrário de amor não é ódio e sim indiferença. Um cretino convicto e uma mulher geniosa (e um tanto dramática), vive...