capítulo 2

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Nesse momento, o homem, que agora percebo ser um senhor com certa idade, olha assustado em minha direção.

— Meu senhor, perdão — pede, se dando conta da merda que fez ao ter a minha arma apontada para a sua testa.

— Quem é você? Quem mandou me atacar? — pergunto e o medo em seu semblante me faz imaginar que ele está vendo a face do próprio diabo em sua frente.

É exatamente isso que disseram algumas das pessoas que eu torturei durante esses anos, que eu era o próprio demone incarnato, não posso dizer que não,afinal, concordo com elas.

É exatamente assim que me sinto, superior e inatingível, dono das almas e corpos que tenho sob as
minhas mãos.

Com uma habilidade que adquiri ao longo dos anos, consigo perceber que esse homem jogado ao chão a minha frente não me oferece qualquer risco,porém ele cometeu um imenso erro e pagará por isso.

— Ninguém senhor, tenha piedade do meu erro, sou só um pai desesperado para alimentar sua filha. — Atropela as palavras, e percebo que ele me reconheceu.

Muita gente sabe quem eu sou, para ser sincero, acredito que todas as pessoas da Itália saibam que eu sou o chefe da Dalla Costa e não apenas um empresário, mas ninguém sequer ousa falar sobre isso, inclusive a polícia, os
que tentaram não estão vivos para contar o restante da história.

— E é roubando que pretende fazer? — Tudo bem, não sou bem a pessoa mais indicada para dar lição de moral em ninguém, mas a minha posição exige ações, eu não tive escolha, ele tem.

— Não consigo trabalho — explica. — Ninguém quer empregar um velho inválido. — Ele só possui um dos braços, isso talvez justifique a sua falta de emprego, mas as suas ações e escolhas não têm justificativa.

Pego o celular e peço que Ricardo me encontre imediatamente. Esse homem cometeu um erro crucial, mas a verdade de suas palavras me fizeram não o matar imediatamente com a arma que tenho ainda apontada para a sua testa ou até mesmo com a minha faca, talvez no fundo ainda me reste qualquer resquício de senso de justiça, o que eu farei com ele ainda não sei, mas estou certo de que a partir de hoje, ele jamais verá novamente a filha que supostamente queria alimentar, ele será meu prisioneiro.

Ninguém rouba os Dalla Costa e fica impune.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora