Capítulo 14

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Com carinho e cuidado lhe dou banho, quando termino, deixo-o sem roupa sobre o colchonete, não há condição nenhuma de vesti-lo com a mesma roupa imunda que estava.

Tiro o meu sobretudo e jogo sobre o seu corpo frágil, ele está
tremendo de frio, fico receosa dele contrair uma virose. De qualquer forma, eu não vou precisar de muito depois desse período em que estarei cativa, a minha morte é certa, porém para o meu pai, há esperança eu preciso protege-lo.

Meu carrasco chega com os itens que avisou que traria, ele se detém ao me olhar por um período maior do que julgo necessário, mas tento
não me incomodar com a situação, de repente ele apenas está cumprindo as ordens do chefe e enquanto meu pai for mantido vivo eu não quero contraria-lo.

Limpo toda a cela em que ele era mantido, a deixo mais limpa e bem cuidada do que julgo que estava quando o meu pai foi trazido.

Faço exatamente aquilo que me foi permitido e após finalizar, sento me no chão ao lado de onde meu pai repousa cansado.

Algum tempo depois, o carrasco me traz quatro pães, um recipiente com café, e outro com água, agradeço por isso e tento acordar meu pai para que se alimente. Preferi comer apena um pão e dei os três restantes a ele, eu o queria forte para que pudesse pelo menos tentar
sobreviver sem mim.

Comi apenas um, ainda assim porque o meu corpo exigiu, exausto de todo o trabalho empenhado na limpeza da cela e também porque há dias eu não tinha me alimentado como deveria, nós estávamos
sobrevivendo basicamente de café: amargo e puro.

Depois de alimentá-lo com carinho e comer a parte que me coube, deitei ao seu lado, e agradeci por pelo menos as luzes serem mantidas acesas, já bastava a escuridão da minha alma, eu não precisava de nada mais assim ao meu redor.

Mesmo tremendo de frio, adormeci.

Antes pensei que tudo isso poderia ser um pesadelo, que a qualquer instante eu poderia acordar e ver que tudo isso não era real, quem sabe até minha mãe ainda estaria viva e o meu pai não estaria mutilado pelo acidente.

Porém, os dois últimos anos me serviram para entender que a vida não é fácil e que por mais difícil que seja um dia, sempre é possível que o próximo dia seja pior.

Eu não podia esperar nada de bom da vida e foi com esse
pensamento que adormeci.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora