"Sinto como se antes de Bruno, eu estivesse presa em um limbo, o meu pai se colocou nessa posição e me manteve presa junto com ele, toda minha vida estava estagnada, não havia mais motivação alguma, era apenas sobrevivência."
— Acabamos por hoje — Bruno fala, ao olhar ó horário no seu relógio de pulso e eu me levanto, tentando organizar o lugar onde trabalhei durante a tarde.
Ainda pela manhã quando acordei, um misto de sensações me
tomou, ele havia me levado para a sua cama, mas o gesto de atenção
não me fez esquecer as suas palavras duras na noite anterior.Durante a manhã, continuei a excursão pela propriedade, e por mais bonita que fosse, eu já estava entediada. Após almoçar, decidi tentar ler um pouco, mas não conseguia me concentrar em nada, as
palavras de Bruno me remoeram por dentro e me fizeram ferver de raiva.Lembrei do meu pai, e resolvi tentar a sorte e convencer Matteu a me
levar para vê-lo. Mesmo eu tendo garantido que Bruno me permitiu visitá-lo, o homem não cedeu,acredito que ele achou que eu iria fugir, mas eu não faria isso, primeiro porque eu decidi ficar mesmo quando Bruno me deixou ir, e segundo porque sabia que qualquer passo impensado meu poderia atingir a pessoa que eu mais amava
no mundo.O meu sangue italiano ferveu em minhas veias e por pouco eu não
voei na garganta de Matteu. Quem ele pensava ser para tentar me impedir de visitar meu pai? Ângela tentou amenizar a situação, mas eu não queria paz, chega de calmaria, se Bruno não tinha paciência comigo, eu também não precisava me preocupar em darlhe descanso.Por isso infernizei a cabeça dos dois até que ligassem para ele, fiquei
surpresa e temerosa também quando ele avisou que mandaria que me levassem até ele. Lidar com Bruno era como andar na corda bamba, em um instante você tinha total equilíbrio e controle da situação, e no instante seguinte, estava jogada ao chão.Ao encerrar a ligação, acompanhei Matteu até o carro, e após ele
bater à porta para seguirmos, olhei as minhas mãos cruzadas sobre o
colo e por um instante examinei as minhas roupas: calça jeans, uma
blusinha simples e botas rasteiras. Considerei que o ambiente de
trabalho dele era requintado demais para a minha simplicidade e já
que ele tinha gastado uma quantia que eu sequer fazia ideia em
roupas, sapatos, bolsas e até maquiagem resolvi usá-los, e pedi que
Matteu me esperasse um instante.Lembrei das palavras de Bruno na noite anterior, mesmo que não tenha sido a sua intensão, ele me ofendeu, senti como se eu não pudesse ser adequada aquele ambiente, então resolvi lhe provar que mesmo não tendo concluindo os estudos e não tendo uma condição financeira como a dele, eu aprendi com as pessoas que convivi na universidade. Escolhi uma roupa perfeita, sapatos de salto e penteei os meus cachos para trás, quando olhei no espelho quase não me reconheci.
Peguei uma bolsa, mas como não tinha nenhum item pessoal para preenchê-la, coloquei o livro que lia, assim, se alguém por algum motivo a segurasse, não perceberia que estava vazia.
Quando cheguei ao topo da escada, Ângela e Matteu me aguardavam lá em baixo, e os seus olhares em minha direção, me fizeram sentir como naquelas cenas de filmes em que a mocinha humilhada reaparece em câmera lenta tempos depois, deixando todos boquiabertos. Fiquei satisfeita, mas estaria ainda mais se fosse Bruno ali em baixo a me guardar surpreso, mas ele não perdia por esperar.
Não perdi o sorriso de Ângela e o aceno de cabeça, confirmando
silenciosamente que eu estava certa no que fiz, e sua aprovação me
encheu ainda mais de confiança.Ao chegar na sede da empresa, por onde quer que eu passasse, todos os olhares se voltaram para mim, e quando as portas do elevador se abriram no andar onde eu imaginava ser o escritório de Bruno, não perdi o espanto de Lucarelli. Ele também não estava acreditando no que via, mas se recuperou do susto me levou até o seu chefe.
Vi vários sentimentos distintos passarem pelos olhos de Bruno quando entrei em sua sala: surpresa, possessividade, espanto, tensão, desagrado, adoração, ciúme e por fim desejo. Ele não conseguiu mascarar, estava ali claro como a água, não só para mim, mas para quem quer que o olhasse, por um instante ele se deixou ser visto, e eu dei pulinhos de alegria por dentro, afinal era uma resposta,
eu também o afetava.Nossa conversa foi surpreendentemente tranquila, eu vim armada para a guerra, mas encontrei o terreno pacificado, esperava que continuasse assim.
Não consegui me conter quando ouvi que ele não havia almoçado ainda, o que esse homem pensava? Que o trabalho iria alimentá-lo? E quando ele tratou com descaso a observação de Lucarelli, eu não resisti e resolvi tomar a frente, já que eu iria esperá-lo, pelo menos iria resolver isso.
Quando atendi a primeira chamada, não foi intencional, vi que ele estava precisando se concentrar nos papéis que analisava, e não pedi permissão ao atender, mas quando encerrei a ligação, percebi que eu teria a chance de mostrar que eu era competente, e fazê-lo engolir suas palavras do dia anterior. Eu lhe daria uma boa lição com as minhas ações, no final, ele teria certeza que eu estava certa. Eu
poderia ajudá-lo.— Sim, vamos! — Pego a minha bolsa, deixando sobre a sua mesa,duas folhas inteiras de observações e recados que ele teria que ver no dia seguinte, para mim foi uma excelente distração, confesso, mas para ele tenho certeza de que lhe tirei um fardo pesado das costas.Ele não conseguiria ter trabalhado com o telefone tocando sem parar, esperava que encontrasse logo uma substituta para a sua secretária.
Ele sai do escritório e eu o sigo, o homem caminha como se fosse a
própria força da natureza, tudo se curva diante dele, todos se dobram
quando ele passa, mas eu não faço o mesmo, eu apenas o acompanho.— Você me levará para ver mi papá agora? — pergunto quando
Lucarelli fecha a porta do carro após nos sentarmos no banco traseiro.— Sim, Luiza, vou levá-la — ele fala e eu salto sobre o seu colo, agarrando em seu pescoço a agradecendo.
— Obrigada, Bruno — falo, encarando os seus olhos castanhos.
— Não me agradeça agora, bella, mais tarde você poderá fazer isso de uma forma mais prazerosa para nós dois, sim? — Meu rosto esquenta com as suas palavras e com as promessas guardadas ali.
Ele fala com Lucarelli que vamos até a casa onde eu morava com meus pais e o seu segurança coloca o carro em movimento.
— Luiza? — ele chama a minha atenção.
— Sim.
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AprisionadaPeloChefe
FanficADAPTAÇÃO DA FIC:Aprisionada Pelo Chefe. Nessa fanfic o Bruno (nosso capita),não é um jogador de vôlei, saindo totalmente da sua realidade (ou nem tanto) ele é nada mais nada menos do que o chefe da Máfia italiana Dalla Costa. Um ser frio e impenet...