Capítulo 56

103 3 0
                                    

— Eu não acredito — ela leva as mãos a boca maravilhada antes
mesmo de descer do carrinho, e eu me precipito em ajudá-la a
descer. — O mar! — exclama.

— Sim, mia bella, eu não poderia lhe trazer para Palermo sem deixála
ver o mar.

Eu havia pedido que montassem uma tenda de frente para o mar,
mas não esperava encontrar o que via no momento, o espaço estava
decorado com tecidos brancos amarrados nas estacas de madeira
que formavam a sua estrutura, algumas flores coloridas ornavam o
lugar e combinavam muito com ela, com toda a sua delicadeza.

— Obrigada, Bruno, eu não esperava por isso — fala e desce do carrinho, segurando na mão que lhe estendi para servir de apoio.Assim que pisamos na areia, Luiza se abaixou para retirar as botas dos pés.

— Me dê a cesta — ela pede, indicando o objeto que eu carregava e
que trazia em minhas mãos — Tire os seus sapatos.

— Melhor não, e a cesta está pesada — falo e continuo caminhando
em direção a tenda.

— Tire os sapatos, Bruno — diz quando me alcança e segura em
minha mão — Pise no chão, sinta os seus pés na areia, aproveite o
momento — fala como uma suplica e os seus olhos cravam nos meus.

— Tudo bem — concordo e assim que tiro os sapatos dos pés ela abaixa e os segura junto com a sua bota.

Pela primeira vez em muitos anos, sinto novamente a areia em meus
pés, desde que comecei a assumir o meu lugar e as minhas obrigações na máfia, eu não estive mais aqui, apenas Luiza me fez querer aproveitar tudo o que esse lugar pode nos oferecer.
Conversamos um pouco e comemos alguns quitutes deliciosos que
prepararam para a gente.

— Posso perguntar uma coisa? — ela fala e eu sorrio

— Outra coisa, não é Luiza? É só o que você faz, ragazza. —
Coloco uma uva em sua boca ela acena, concordando com a cabeça
e deixa um beijo em meus lábios. — Pergunte.

— Como será quando nós voltarmos?

— Como assim, Luiza? Seja mais clara — peço não entendendo onde ela quer chegar.

— Eu continuarei sendo sua prisioneira? — pergunta, enquanto
encara suas mãos unidas sobre o colo.

— Não, Luiza, você não será minha prisioneira, mas será minha
companhia, então ficará comigo — afirmo.

— Então não poderei sair?

— Para onde você quer ir, Luiza? — pergunto irritado — Eu já
deixei que veja o seu pai, o que mais você quer ragazza? Não comece a exagerar.

— Se acalme, Bruno, não quis te deixar assim, — fala — mas é
que eu posso querer ir ao mercado, fazer compras, passear, ver a
rua, pessoas, eu não sei exatamente, mas já que não serei mais sua prisioneira, quero saber se posso sair, só isso

— Não, Luiza, você não pode — falo já irritado. — Tudo o que
quiser ou precisar basta pedir e eu providenciarei, va bene?

Encerro o assunto, mas percebo que ela não fica satisfeita com o
rumo da conversa, me pergunto o que essa menina tem na cabeça?

Tenho lhe dado muito mais do que já fui capaz de dar a qualquer um,
então por que não se contenta.
Luiza gira de costas para mim, e abraça as pernas enquanto
observa o mar à sua frente.

— Senhor, eu posso me banhar? — pergunta após um tempo em
silêncio e sei que me chamar de senhor foi apenas para me irritar e se afastar de mim.

— Você está de roupa de banho? — Ergo a sobrancelha quando questiono.

— Não estou, é verdade, desculpe — fala, voltando a encarar o mar à
sua frente.

— Pode ir,piccola — falo depois de um tempo.

— Vestida?

— Sim, bella, como quiser, ninguém virá até nós — falo, ainda
deitado com um dos braços atrás da cabeça.

Grazie. — Ela olha para trás e de repente um pequeno sorriso
surge em seus lábios, ela se despe diante dos meus olhos e eu ergo
o tronco apoiando-me sobre o cotovelo para admirar a visão da
mulher tirando a roupa.

Luiza corre para o mar calmo a nossa frente, e grita quando a água fria toca suas pernas, mas ela não desiste e pouco a pouco vejo o seu corpo ser coberto pela água. Imagino que ela não saiba nadar, pois se mantém em um lugar onde a água alcança apenas sua cintura, os seus seios estão para fora da água, me proporcionando
uma visão e tanto enquanto ela gira sob o sol de braços abertos.

Como uma abelha atraída pelas flores, eu sou atraído para ela e não
consigo desviar os meus olhos

— Vem, Bruno — ela chama com um sorriso nos lábios quando percebe que eu a observo, e eu vou. Acabo de perceber que basta ela me chamar e eu irei para qualquer lugar que ela me leve. Tiro minha roupa seguindo o seu gesto e vou ao seu encontro.

Levei-a um pouco mais para o fundo do mar, onde o seus pés não
mais tocavam o chão, a água batendo próximo ao meu pescoço e
sendo ela muito menor que eu dependia de mim para sobreviver. Eu
gostava dessa sensação, de ter a vida das pessoas em minha mão,
era um poder que nem conseguiria descrever a intensidade do prazer
que me dava, mas com Luiza era diferente, eu tinha sua vida em
minhas mãos, mas queria que ela confiasse que eu zelaria por ela, e
jamais faria nada que a colocasse em risco.

Depois de um tempo ali, voltei um pouco para a parte rasa, eu queria
estabilidade para fazê-la minha, estar sem camisinha não era um
problema, antes de sairmos da cidade eu lhe daria uma pílula do dia seguinte.

Eu só não iria perder a oportunidade de tomá-la sob a água, e não iria
até o shorts para buscar o preservativo, então sem pensar, penetrei-a mais uma vez, e como o canto dos pássaros ao nosso redor,
Luiza cantava o seu orgasmo em meu ouvido me levando junto com ela.

Depois do nosso momento dentro da água, ainda ficamos um tempo
na tenda, nos secamos com as toalhas deixadas ali e nos deitamos
sob o sol para que ele terminasse o trabalho de aquecer os nossos
corpos.

Por volta de quatro horas da tarde, nós voltamos, precisávamos
arrumar as nossas coisas para partirmos.

Lucarelli providenciou a pílula que eu havia pedido e aproveitando
que já havíamos transado sem camisinha na praia, eu a tomei
novamente na banheira, pele contra pele, numa fusão absoluta e em
uma conexão que eu jamais estabeleci com ninguém mais.

— Eu queria poder ficar mais tempo — Luiza fala entristecida quando chegamos ao hangar.

— Eu também,piccola, mas prometo que lhe trarei de volta — falo,
tentando convencer tanto a ela quanto a mim, porque eu também
gostaria de poder nos trancar em uma bolha, onde ninguém se
aproximasse de nós, e nada nos atingisse.

Mas essa, infelizmente não era a realidade da máfia e as obrigações
da Dalla Costa, não iriam esperar para que eu vivesse tudo o que
desejava com Luiza.

Eu era o Dom, o Chefe, e deveria lembrar disso acima de qualquer
desejo pessoal.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora