Capítulo 75

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"Ela não estava apenas indo embora, ela estava levando um pedaço de mim, o melhor, e eu sabia que sem ela jamais o teria de volta

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"Ela não estava apenas indo embora, ela estava levando um pedaço de mim, o melhor, e eu sabia que sem ela jamais o teria de volta. Mas amar no final é isso, não é sempre insistir e persistir é também saber quando é preciso deixar ir."

Todo o trajeto foi feito no mais absoluto silêncio, Luiza não me dirigiu sequer um olhar. Ainda no galpão quando todos se dispersaram, eu fui até
ela, mas o desprezo em seu olhar foi a única coisa que tive.

Eu havia perguntado se ela estava bem, mas um leve aceno com a cabeça foi tudo o que ela me deu.

Assim que entramos pela porta da mansão, Ângela a agarrou com as
lágrimas escorrendo por sua face, todo aquele desespero e silêncio estavam me tirando o foco, por isso segui direto para o meu quarto.

Eu esperei que ela viesse até mim, mas ela não o fez, sabia que não havia saído, pois Lucarelli tinha ordens expressas de me avisar caso ela tentasse,andei por todo o ambiente sem parar, pela primeira vez eu não sabia como
lidar com a situação, mas quando percebi que iria furar o chão se continuasse com os movimentos decidi ir até o seu quarto.

— Luiza? — chamo sua atenção após abrir a porta, meus olhos ficam presos na mala aberta sobre a cama. Ela estava guardando ali suas roupas,
ela iria me deixar, iria sair da minha vida. — Precisamos conversar — falo após não obter nenhuma resposta sua.

— Não há necessidade, Bruno.— Sua voz é firme e determinada.
— Não temos nada para dizer.

— Ela me dopou, Luiza, você estava lá, viu o vídeo — Justifico.

— Eu ouvi, Bruno, mas fiz questão de não ver, porque ontem já foi o
suficiente para mim.

— E o que quer que eu diga? O que quer que eu faça?
— pergunto, indo até ela e tirando a peça que dobrava de suas mãos, ela sequer me olhava nos olhos.

— Me deixe ir Bruno, é a única coisa que lhe peço.

— Luiza...

— Eu nunca quis essa vida para mim, Bruno, eu não sei viver essa vida,me manter ao seu lado, me acostumar com as mortes, sequestros, abusos,tudo isso está muito longe de tudo o que eu quis para mim, tudo o que eu sonhei.

— Mas você disse que me amava.

— E eu amo, Salvatore, mas não é o suficiente. Eu preciso de paz, de
segurança e de distância de tudo isso. Eu quero voltar a ser o que eu era antes de você. — As lágrimas caem dos seus olhos.

— Isso é impossível, Luiza, depois de tudo o que nós vivemos.

— Eu levarei os bons momentos e tudo o que você me proporcionou, mas não quero mais estar ao seu lado.

Eu queria implorar para que ela  ficasse, abrir para ela todos os meus sentimentos, dizer que ela tinha despertado em mim algo que ninguém foi capaz, com Luiza eu era... bom.

Enquanto ela continuava a tarefa de dobrar e guardar suas roupas, eu pensei em tudo o que eu poderia falar para convencê-la a ficar, mas eu não consegui, e nem podia, um chefe jamais se humilhava, jamais implorava e eu
era o chefe. Por outro lado, quando estava diante de Luiza eu era apenas
Bruno, o seu Bruno.

— Eu não posso deixa-la ir.

— Vai me manter presa novamente? — Os seus olhos me cortaram com raiva.

— Não, Luiza, não é essa a questão. Você esteve ao meu lado todo esse tempo, se afastar assim pode colocá-la em risco. Não arrisque sua vida por
não querer estar perto de mim.

— Mas estar perto de você é arriscar a minha sanidade, não se preocupe, eu sei me cuidar.

— Como soube hoje quando foi levada? — questiono irritado.

— Eu fui levada pela família de uma louca apaixonada por você, será que você não vê que o que me traz perigo é você Bruno?
— Suas palavras
duras me fazem engolir seco
— Veja tudo o que eu passei desde que estou ao seu lado? Todos os riscos, atentados, sequestros, estar com você é a única coisa que pode me destruir.

— Você está certa, me desculpe — falo, dando dois passos para trás — Se é
a liberdade que quer, você a terá.

Por um instante vejo uma pequena centelha de incerteza passar por seus olhos, mas ela rapidamente se recupera, sustentando o meu olhar.

— É o que eu quero, Bruno, é o que eu quis desde a primeira vez que o olhei nos olhos, a minha liberdade — ela fala quando eu coloco a mão na porta para sair do seu quarto, mas eu paraliso.

— Você nunca esteve presa, Luiza, desde que eu a tirei do cassino, eu lhe dei sua liberdade — falo, saindo e batendo a porta atrás de mim.

                            ***

— Ligue para Douglas, preciso que venham até aqui agora — digo para Lucas.

Enquanto aguardo os meus irmãos viro a garrafa de whisky diretamente em minha boca, pensei em colocar no copo, mas não tinha paciência, eu queria
que o ardor do líquido fizesse descer o bolo que travava minha garganta e que desde criança eu não sentia.

— O que aconteceu? — Lucas pergunta após entrar no meu quarto sem bater na porta e se deparar com a garrafa em meus lábios.

— Preciso que me façam um favor — aviso. — Luiza está indo embora,se certifiquem que ela esteja segura, ajudem-na no que for possível, e jamais tratem com ela sobre mim e vice-versa, eu nunca mais quero ouvir o seu
nome, apenas quero que ela esteja segura.

— Bruno, Tem certeza? — Douglas pergunta.

— Nunca estive tão certo em minha vida.

— Ela não te perdoou? Irmão, eu sei quão fodido deve ser para ela o que viu,mas ela ama você, com o tempo ela vai ver que você não teve culpa. —Lucas interfere.

— Você está errado, Lucas. Eu nunca poderia fazê-la feliz, desde que eu entrei em sua vida só lhe fiz mal.

— Não vá por esse caminho, Bruno. A menina estava na merda e você a puxou, lhe deu uma nova motivação, segurança, profissão cuidado....

— Não sou eu que está dizendo, Lucas, foi Luiza que deixou claro
quão mal eu lhe fiz, e eu tenho que concordar com ela.

— Por favor, Bruno, não seja tolo — Douglas fala. — O idiota dos três sou eu, aja racionalmente como sempre fez, a mulher só está magoada, espere o tempo passar e tudo ficará bem.

— Eu estou sendo racional, irmão, é por isso que estou deixando que ela vá.
Vejam o que ela precisa e ajudem em tudo, é só isso. — Encerro nossa conversa e eles entendendo o recado se retiram.

Algum tempo depois, vejo da janela do quarto, Luiza passar a porta de entrada, alguns soldados carregam suas diversas malas, ela hesita um instante olhando para trás. Eu queria que desistisse, que voltasse e conversasse comigo, mas ela não o faz. Após se despedir de Ângela com um
abraço, ela entra no carro e se vai.

Ela não estava apenas indo embora, ela estava levando um pedaço de mim, o melhor que eu tinha a oferecer a alguém, e eu sabia que sem Luiza, jamais teria essa parte de volta.

Mas amar no final é isso, não é sempre insistir e persistir, é também saber quando é preciso deixar ir.

E eu amava Luiza a ponto de abrir mão da minha própria felicidade para que ela tivesse a dela.

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