"Eu mandei que ela se levantasse, me encarasse que me desafiasse, mas no fundo era eu que me desafiava."
Ouvi-la me chamar de monstro não foi o problema, sei que é o que todos pensam, e o que eu de fato eu sou, mas o que me admirou foi a coragem que teve de dizer em voz alta. Não precisei olhar nos olhos de Lucarelli para saber que ele também estava surpreso.
Mandei que ele saísse com o pai dela, eu queria poder lidar com ela sozinho, saber se ela era tão corajosa tendo que me encarar de
frente, olhando nos olhos, sem testemunhas, apenas ela e eu.Lucarelli pensou que eu a mataria, tenho certeza disso, foi o que o seu pai também pensou enquanto era arrastado e gritava em desespero, mas eles estavam enganados, eu não faria isso, estava claro em minha mente eu só não sabia o porquê.
Para ser sincero comigo mesmo, eu sequer sabia o que deveria fazer com ela, torturar? Dobrá-la sobre minhas pernas e lhe dar umas boas palmadas para lhe disciplinar? Eram muitas as possibilidades, mas em todas ela eu terminaria por machucá-la e eu não queria isso.
Eu mandei que ela se levantasse, me encarasse que me desafiasse,
mas no fundo era eu que me desafiava, era eu que me questionava por que merda eu não dava um fim nessa situação de uma vez, porque caralho eu não pegava minha pistola e atirava de uma vez por todas em sua testa, seu corpo estendido aos meus pés seria o fim,dela e de toda a minha agonia, mas eu não consegui achar nenhuma resposta. Confrontei a mim mesmo, e não consegui ser com ela que meu era com todas as outras pessoas que ousaram me questionar.Vi nos seus olhos o ódio e a raiva e não gostei disso,ela não
combinava com esses sentimentos, não quando eu já havia visto cheia de amor ao olhar para o seu pai.Descubro enquanto a encaro que ela foi feita para o amor e não para o ódio, e eu queria tirar isso de dentro dela. Ofereci a única forma que eu sabia extravasar, me ofereci para ser seu saco de pancadas, ao invés de torna-la o meu, para mim, descarregar em alguém as minhas frustrações sempre funcionou e eu esperava que com ela também
funcionasse.Eu não sabia o porquê, mas eu queria cuidar e protegê-la como jamais quis fazer com ninguém, e decidi que faria isso, iria protege-la inclusive de mim mesmo.
Ela me olhou, sem acreditar no que eu acabara de falar, mas ainda com lágrimas nos olhos ao encarar os meus ela decidiu por fazer o que eu ofereci. Era muito mais do que já dei a qualquer pessoa e esperava que ela entendesse isso.
- Sei un mostro, di spessore, stronzo, demone... - Luiza despejou em mim toda a sua mágoa enquanto socava o meu peito com raiva.
Ser chamado de monstro, grosso, imbecil e demônio não me
incomoda, o que estava me incomodando era o sofrimento que exalava dela, nas suas lágrimas, no seu choro que parecia rasgá-la de dentro para fora, eu queria que sua dor passasse, por isso deixei que extravasasse, que me socasse o quanto quisesse, afastei a sua mão apenas do meu rosto, ela tinha arranhado próximo ao meu olho esquerdo, sabia pelo leve ardor que senti, mas deixe que batesse no meu peito até que todas as suas forças se esvaíssem, e quando o seu choro foi diminuído, quando os seus gritos já não eram mais altos quando ela socava lentamente o meu peito, percebi que ela iria cair sem forças e a segurei em meus braços.Mantive Luiza agarrada a mim e lentamente me abaixei, tive vontade de fazer o mesmo que ela fazia com seu pai antes de chegarmos. Apoiar sua cabeça em meu colo e dizer que ficaria tudo bem, mas eu não podia.
Então a coloquei sobre o fino colchonete e fiquei ao seu lado por mais tempo do que eu esperava, eu precisava garantir que ela ficaria bem quando eu saísse e fiquei com ela até o seu pranto secar e ela adormecer, pelo menos foi o que eu pensei, mas a mulher sempre me surpreendia, quando me apoiei para levantar e deixa-la sozinha novamente para descansar, ela segurou em meu braço.
- Por que fez isso? - pergunto.
- Porque você precisava - eu respondo, pra ser sincero nem sabia o que deveria falar ao certo.
- E você se preocupa com todos os seus prisioneiros? - Fico assustado quando percebe que eu havia me preocupado com ela,ninguém jamais extraiu nada de mim, ninguém além dela agora.
- Não estou preocupado - afirmo, levantando rapidamente,eu preciso sair daqui.
- O que vai fazer com ele? - pergunta aflita quando eu já alcançava a porta.
- O que eu disse que faria - respondo apenas e saio do ambiente, eu não poderia ficar por mais tempo ali.
Antes de sair olhei para o sobretudo jogado no canto, tive vontade de vesti-la para que o frio que eu sabia que sentia passasse, mas não podia fazer isso, eu já havia ultrapassado muitos limites, mais esse seria demais, esperava que ela o fizesse.
- Alguma ordem chefe? - Lucarelli me acompanhou quando
cheguei à porta do elevador.- Siga os planos conforme combinado. - digo e noto que ele olhou o arranhão em meu rosto.
- Quanto a garota?
- Não a matei, - respondo - como eu disse, siga os planos conforme conversamos.
As portas do elevador se fecham atrás de mim e preso sozinho na
caixa metálica, eu olho o meu reflexo no espelho, um pequeno
arranhão adorna a minha face próximo ao olho esquerdo. Eu não
acredito que não matei quem fez isso, ao contrário permiti que
fizesse.Apoio as mãos no corrimão e encaro os meus olhos não me
reconhecendo, compaixão, piedade, benevolência, desde quando permito que esses sentimentos me dominem?Na minha sala, sigo direto para o bar, três doses de whisky seguidas
não me acalmam e enraivecido atiro o copo contra a parede de vidro que era blindada e não sofreu nenhum dano, já o copo se estilhaçou em mil pedaços, frágil assim como eu me sentia agora.Luiza me deixava fraco e eu não me sinto bem com isso, logo eu
que nunca temi a nada, estava temendo a uma mulher.
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AprisionadaPeloChefe
FanficADAPTAÇÃO DA FIC:Aprisionada Pelo Chefe. Nessa fanfic o Bruno (nosso capita),não é um jogador de vôlei, saindo totalmente da sua realidade (ou nem tanto) ele é nada mais nada menos do que o chefe da Máfia italiana Dalla Costa. Um ser frio e impenet...